quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CONTINUAÇÃO DO LIVRO THE HOUSE OF NIGHT MARKED ATÈ O FINAL




DEZ
“Eu continuo achando que a aquela confiança em excesso eventualmente vai
derrubar Afrodite.” Damien disse.
“Excesso de confiança,” Stevie Rae explicou, “ter a arrogância de uma deusa.”
“Eu na verdade entendi essa,” eu disse, ainda encarando Afrodite e seu bando.
“Acabamos de ler Medea* (*peça trágica grega onde sua heroína a bruxa Medea mata o
seus dois filhos para vingar a traição do marido) na aula de Inglês. Foi o que derrubou
Jason.”
“Eu adoraria arrancar a arrogância da cabeça dela,” Erin disse.
“Eu seguro ela pra você, Gêmea,” Shaunee disse.
“Não! Vocês sabem que já conversamos sobre isso antes. A penalidade por brigar é
ruim. Muito ruim. Não vale a pena.”
Eu observei Erin e Shaunee empalidecerem ao mesmo tempo e queria perguntar o
que poderia ser tão ruim, mas Stevie Rae continuou falando, dessa vez comigo.
“Apenas tenha cuidado, Zoey. As Filhas Negras, e Afrodite especialmente, podem
parecer ok na maior parte do tempo, e é por isso que elas são perigosas.”
Eu balancei a cabeça. “Oh, nu uh. Eu não vou para o negocio da lua cheia delas.”
“Eu acho que você precisa,” Damien disse suavemente.
“Neferet concordou com isso.” Stevie Rae disse enquanto Erin e Shaunee acenavam
em concordância.” Isso significa que ela espera que você vá. Você não pode dizer a seu
mentor não.”
“Especialmente se seu mentor é Neferet, Alta Sacerdotisa de Nyx,” Damien disse.
“Eu não posso só dizer que eu não estou pronta para... pra... o que quer que seja
que eles querem que eu faça, e perguntar a Neferet se eu posso ser – eu não sei, o que
você chamaria – dispensada do negocio da lua cheia delas dessa vez?”
“Bem, você poderia, mas daí Neferet contaria para as Filhas Negras e elas Irão achar
que você tem medo delas.”
Eu pensei sobre a enorme merda que já tinha acontecido entre Afrodite e eu em tão
pouco tempo. “Uh, Stevie Rae, eu posso já ter medo delas.”
“Nem deixe elas saberem.” Stevie Rae olhou para seu prato, tentando esconder o
embaraçamento. “Isso é pior do que enfrentar elas.”
“Querida,” Damien disse, dando um tapinha na mão de Stevie Rae, “pare de se
culpar por isso.”
Stevie Rae deu a Damien um doce, e agradecido sorriso.
Então ela disse para mim, “Apenas vá. Seja forte e vá. Eles não farão nada muito
horrível no ritual. É aqui no campus; elas não se atreveriam.”
“Yeah, elas fazem todas as merdas longe daqui, quando é mais difícil para os
vampiros pegarem elas,” Shaunee disse. “Por aqui elas fingem ser enjoadamente doces
para ninguém saber como elas realmente são.”
“Ninguém a não ser nós,” Erin disse, fazendo um gesto com a mão para que incluísse
não apenas nosso pequeno grupo, mas todos no salão também.
“Eu não sei, gente, talvez Zoey realmente se dê bem com um deles,” Stevie Rae
disse com nenhum toque de sarcasmo ou inveja.
Eu balancei a cabeça. “Nope. Eu não vou me dar com nenhum deles. Eu não gosto
do tipo deles – o tipo de pessoa que tenta controlar outros e fazer eles serem humilhados
só para se sentir melhor sobre si mesmo. E eu não quero ir para o Ritual da Lua Cheia!”
eu disse firmemente, pensando no meu padrasto e seus colegas, e o quão irônico e o
quão irônico era que eles parecessem ter tanta coisa em comum com esse grupo de
adolescentes que se auto proclamavam filhas de uma deusa.
“Eu iria com você se pudesse – qualquer um de nós iria – mas a não ser que você
seja uma das Filhas Negras, você só pode entrar se for convidada,” Stevie Rae disse
tristemente.
“Está tudo bem. Vou lidar com isso.” De repente eu não estava mais com fome. Eu
estava muito, muito cansada, e eu realmente queria mudar de assunto. “Então me
explique os diferentes símbolos que usamos aqui. Você me falou sobre o nosso – A espiral
de Nyx. Damien tem uma espiral também, então isso deve significar que ele é...” eu
pausei para lembrar do que Stevie Rae tinha chamado os calouros, “um terceiranista. Mas
Erin e Shaunee tem asas, e Afrodite tem outra coisa.”
“Você quer dizer além daquela atitude nojenta?” Erin murmurou.
“Ela quer dizer os três destinos,” Damien intercedeu, interrompendo o que quer que
fosse que Shaunee ia acrescentar. “Os três Destinos são crianças de Nyx. Os sestanistas
todos usam o emblema dos Destinos, com Atropos segurando a tesoura para simbolizar o
fim da escola.”
“E para algum de nós, o fim da vida,” Erin acrescentou tristemente.
Isso fez todos se calarem. Quando eu não agüentava mais o silencio desconfortável
eu limpei minha garganta e disse, “E o que são asas de Erin e Shaunee?”
“As asas de Eros, que o filho de Nyx a semente -”
“Do amor a deusa,” Shaunee disse, apertando os lábios.
Damien franziu as sobrancelhas para elas e continuou falando. “As asas douras de
Eros são o símbolo dos quartanistas.”
“Porque somos a classe do amor,” Erin cantarolou, levantando os braços por cima da
cabeça e remexendo os lábios.
“Na verdade, é porque devemos nos lembrar da capacidade de Nyx amar, e as asas
simbolizam que continuamos seguindo em frente.”
“Qual é o símbolo dos quintanistas?” eu perguntei.
“A carruagem dourada de Nyx puxando um rastro de estrelas,” Damien disse.
“Eu acho que o símbolo mais bonito,” Stevie Rae disse. “Aquelas estrelas brilham
feito louco.”
“A carruagem mostra que continuamos na jornada de Nyx. As estrelas representam a
mágica dos dois anos pelos quais já passamos.”
“Damien, você é um bom estudante,” Erin disse.
“Eu disse que você deveria ter feito ele nos ajudar para o teste de mitologia
humana,” Shaunee disse.
“Eu pensei ter dito a você que nós precisávamos da ajuda dele, e –“
“De qualquer forma,” Damien gritou por cima da discussão delas, “esses são os
símbolos das classes. Facinho, facinho, na verdade,” ele apontou para as Gêmeas que
agora estavam quietas. “Isso é, se você presta atenção na aula ao invés de escrever
bilhetes e encarar os caras que você acha gostosos.”
“Você é realmente um puritano, Damien,” Shaunee disse.
“Especialmente para um garoto gay.” Erin acrescentou.
“Erin, seu cabelo está meio que com frizz hoje. Sem querer ser mal nem nada disso,
mas talvez você devesse considerar mudar de produto. Você não pode ser cuidadosa
demais com esse tipo de coisa. Quando você ver, você vai ficar com pontas duplas.”
Os olhos azuis de Erin ficaram enormes e as mãos foram automaticamente para seu
cabelo.
“Oh, não não não. Eu não acredito que você acabou de dizer isso, Damien. Você
sabe o quão louca ela é pelo cabelo.” Shaunee começou a inchar como um blowfish* (é
um peixe com um aspecto inflado).
Damien, enquanto isso, apenas sorriu e voltou a comer sua massa – a perfeita
imagem de inocência.
“Uh, gente,” Stevie Rae disse rapidamente, levantando e me puxando pelo cotovelo.
“Zoey parece cansada. Todos lembramos como é quando recém chegamos aqui. Vamos
voltar para o nosso quarto. Eu tenho que estudar para o teste de sociologia vampirica,
então provavelmente vou ver vocês só amanhã.”
“Ok, nos vemos,” Damien disse. “Zoey, foi um prazer conhecer você.”
“É, bem vinda ao Colégio Inferno.” Erin e Shaunee falaram juntas antes que Stevie
Rae me levasse para o quarto.
“Obrigado. Eu realmente estou cansada,” eu disse a Stevie Rae em quando
andávamos pelo corredor que eu estava feliz por reconhecer como aquele que levaria para
a entrada principal do prédio central da escola. Paramos, quando um gato cinza passou
perseguindo um gato menos, na nossa frente.
“Bellzebub! Deixe o Cammy em paz! Damien vai arrancar seu pelo!”
Stevie Rae fez menção de pegar o gato cinza, mas não conseguiu, mas ele parou de
perseguir o menor e ao invés disso saiu pelo corredor de onde ele tinha acabado de
aparecer. Stevie Rae estava com a testa franzida por causa dele.
“Shaunee e Erin precisam ensinar a esse gato alguns modos, ele sempre está
aprontando algo.” Ela falou para mim enquanto saiamos do prédio e andávamos na suave
escuridão do pré-amanhecer. “Aquele gatinho pequeno é Cameron e é o gato de Damien.
Bellzbub pertence a Erin e Shaunee; ele escolheu as duas – juntas. Sim. Por mais estranho
que pareça, mas com o devido tempo você será como nós e começar a pensar que elas
realmente devem ser gêmeas.”
“Elas parecem legais.”
“Oh, elas são ótimas. Eles são brigam bastante, mas são totalmente leais e nunca
vão deixar ninguém falar de você.” Ela riu. “Ok, eles podem falar de você, mas isso é
diferente, e não será pelas suas costas.”
“E eu realmente gostei de Damien.”
“Damien é doce, e realmente esperto. Eu apenas sinto pena dele às vezes.”
“Porque?”
“Bem, ele tinha um colega de quarto quando chegou aqui seis meses atrás, mas
quando o cara descobriu que Damien era gay – olá, não é como se ele tivesse tentando
esconder – ele reclamou para Neferet e disse que não teria um colega de quarto bicha.”
Eu encarei. Eu não consigo suportar pessoas homofônicas. “E Neferet realmente
agüentou essa atitude?”
“Não, ela deixou claro que aquele garoto – oh, ele mudou o seu nome para Thor
quando chegou aqui” – ela balançou a cabeça e virou os olhos – “vai entender. De
qualquer forma, Neferet disse para aquele Thor que ele estava passando dos limites, e ela
deu a Damien a opção de se mudar para outro quarto ou continuar com Thor. Damien
escolheu se mudar. Eu quero dizer, você não teria escolhido?”
Eu acenei. “Sim. De jeito nenhum ficaria com Thor o homofônico.”
“Isso é o que todos pensamos também. Então Damien tem estado num quarto
sozinho desde então.”
“Não tem outros garotos gays por aqui?”
Stevie Rae deu nos ombros. “Tem algumas garotas que são lesbicas assumidas, mas
embora alguns deles sejam legais e fique com o resto de nós elas basicamente ficam
juntas. Elas são muito aprofundadas a religião e adoração da deusa e passam muito
tempo no templo de Nyx. E, é claro, tem garotas malucas que acham que é legal ficar
uma com as outras, mas normalmente só quando algum cara gostoso está assistindo.”
Eu balancei a cabeça. “Sabe, eu nunca entendi porque as garotas acham que ficar
com outras garotas é um jeito bom te ter um namorado. É de se pensar que seria contra
produtivo.”
“Como se eu quisesse um namorado que só me acha quente quando estou beijando
uma garota? Eca.”
“E quanto a caras gays?”
Stevie suspirou. “Tem alguns além de Damien, mas eles são na maioria muito
femininos e estranhos para ele. Eu me sinto mal por ele. Eu acho que ele fica bem
solitário. Os pais dele nem escrevem nem nada.”
“A coisa toda dos vampiros os assustou?”
“Não, eles não se importaram. Na verdade, não diga nada para Damien porque fere
os sentimentos dele, mas acho que eles ficaram aliviados por ele ter sido Marcado. Eles
não sabiam o que fazer com um filho gay.”
“Porque eles tinham que fazer algo? Ele ainda é filho deles. Ele só gosta de caras.”
“Bem, eles vivem em Dallas, e o pai dele é muito fã das Pessoas de Fé. Eu acho que
ele é algum tipo de pastou ou algo assim -”
Eu levantei a mão. “Pare. Você não tem que dizer mais uma palavra. Eu totalmente
entendo.” E eu entendia. Eu era muito familiarizada com as mentes pequenas, “nosso jeito
é o único certo” das idéias das Pessoas de Fé. Só em pensar nisso me fazia ficar exausta e
depressiva.
Stevie Rae abriu a porta do dormitório. A sala estava vazia com exceção de algumas
garotas que estavam assistindo a reprise de The 70´s Show. Stevie Rae acenou para elas.
“Hey, você quer uma bebida ou algo assim para levar com a gente?”
Eu acenei e a segui passando pela sala até um aposento menor que tinha
refrigeradores, uma grande pia, dois microondas, vários armários, e uma mesa de madeira
muito branca no meio – como uma cozinha, a não ser o fato dessa ser estranhamente
refrigerada e amigável. Tudo era legal e claro. Stevie Rae abriu um dos refrigeradores. Eu
espiei por cima dos ombros dela para ver que estava cheio de vários tipos de bebidas – de
refrigerante a vários sucos e a uma água que tinha um gosto horrível.
“O que você quer?”
“Qualquer refri está bom.” Eu disse.
“Isso é pra todos nós,” ela disse enquanto me entregava duas cocas diets e pegava
dois sucos para ela.
“Tem frutas e vegetais e coisas assim naqueles outros dois refrigeradores, e carne
para sanduíches no outro. Eles mantém cheio o tempo todo, mas os vampiros são bem
obsessivos por comer direito, então você não vai encontrar saco de batatinhas ou bolinhos
ou coisas assim.
“Nada de chocolates?”
“Sim, tem alguns chocolates bem caros nos armários. Os vampiros dizem que
chocolate em moderação é bom para nós.”
Ok, então quem diabos quer comer chocolate em moderação? Em mantive o
pensamento para mim mesma enquanto voltávamos para sala e subíamos para nosso
quarto.
“Então, os, uh, vampiros” – eu meio que me atrapalhei com a palavra – “são fãs de
comer saudavelmente?”
“Bem, sim, mas eu acho que apenas os calouros comem bem. Eu quero dizer, você
não vê vampiros gordos, mas você também não vê eles mastigando uma cebolinha ou
comendo apenas salada. A maior parte deles comem juntos no seu próprio refeitório, e
dizem os rumores que eles comem bem.” Ela olhou para mim e baixou a voz. “Eu ouvi
dizer que eles comem muita carne vermelha. Muita carne vermelha crua.”
“Eca,” eu disse, sem querer pensar no bizarro visual que passou pela minha mente
de Neferet comendo carne crua.
Stevie Rae tremeu, e continuou: “Às vezes o mentor de alguém senta com calouro no
jantar, mas eles normalmente apenas tomam uma taça ou duas de vinho tinto e não
comem conosco.”
Stevie Rae abriu a porta do quarto e com um suspiro eu sentei na minha cama e tirei
os sapatos. Deus, eu estava cansada. Esfregando meus pés eu me perguntei do porque os
vampiros adultos não comerem conosco, e então decidi que eu realmente não estava mais
afim de pensar nisso. Eu quero dizer, trazia a minha mente muitas perguntas como, o que
eles realmente estavam comendo? E o que teríamos que comer quando/se nos
tornássemos vampiros adultos? Ugh.
E, parte do meu cérebro sussurrou algo que me fez lembrar da minha reação ao
sangue de Heath ontem. Isso tinha sido apenas ontem? E também a mais recente reação
ao sangue do cara no corredor. Não. Eu definitivamente não queria pensar neles também
– nadinha. Então eu rapidamente me re-foquei na conversa sobre a dieta saudável.
“Ok, eles não se importam particularmente em comer de forma saudável, enquanto
qual é o da grande obsessão?” Eu perguntei a Stevie Rae.
Ela me olhou nos olhos, parecendo preocupada e um pouco assustada.
“Eles querem que a gente coma saudável pela mesma razão que eles nos fazem a
gente se exercitar todo dia – para que nossos corpos fiquem o mais forte possível, porque
se você começa a ficar fraca ou gorda ou doente, esse é o primeiro sinal que o seu corpo
está rejeitando a Mudança.”
“E então você morre,” eu disse baixo.
“E então você morre,” ela concordou.
ONZE
Eu não achei que fosse dormir. Achei que apenas ia ficar deitada ali sentindo
saudades de casa e pensando sobre a virada bizarra que a minha vida tinha tomado.
Flashes perturbadores dos olhos do cara no corredor passaram pela minha mente, mas eu
estava tão cansada que eu não conseguia me focar. Até a personalidade odiosa de
Afrodite era outra coisa que parecia estar me mantendo acordada. Na verdade, minhas
ultimas preocupações antes de não conseguir lembrar de mais nada tinha sido minha
testa. Estava dolorida de novo por causa da Marca e do corte na minha têmpora – ou era
porque eu estava ficando com uma enorme espinha? E meu cabelo iria estar bom para o
meu primeiro dia na escola de vampiros amanha? Mas quando me enrolei
confortavelmente e inalei o cheiro familiar do cobertor e de casa, eu me senti
inesperadamente calma e segura... e eu apaguei.
Eu também não tive um pesadelo. Ao invés disso eu sonhei sobre gatos. Vai
entender. Caras gostosos? Não. Novos poderes legais de vampiros? É claro que não.
Apenas gatos. Tinha um em particular – um pequeno e laranja que tinha pequenas patas
e uma barriga gorda com um olhar que parecia meio marsupial. Ela ficava gritando para
mim com a voz de uma moça e me perguntando por que eu tinha levado tanto tempo
para chegar ali. Então a voz de gato dela mudou para um irritante zunido e eu...
“Zoey, anda! Desliga essa porcaria de alarme!”
“O que-, huh?” Oh, diabos. Eu odeio manhãs. Minha mão falhou em tentar encontrar
o botão para desligar meu irritante despertador.
Eu mencionei que eu sou totalmente, e completamente cega sem minhas lentes? Eu
peguei meus olhos nerds e olhei para o relógio. 18:30, e eu recém estava acordando. Em
falar em bizarro.
“Você quer tomar banho primeiro, ou você quer que eu tome?” Stevie Rae perguntou
sonolenta.
“Eu vou, se você não se importa.”
“Eu não...” ela bocejou.
“Ok.”
“Mas devemos nos atrasar, porque eu não sei sobre você, mas tenho que comer café
da manhã ou vou sentir que vou morrer de fome antes do almoço.”
“Cereal?” eu de repente me animei. Eu seriamente amo cereal, e eu tenho uma
camiseta Eu [coração] CEREAL, para provar. Eu especialmente amo Count Chocula – outra
ironia vampiresca.
“Sim, tem várias daquelas pequenas caixas de cereal e bagels e frutas e ovos cozidos
e tudo mais.”
“Vou me apressar.” De repente eu estava faminta. “Hey, Stevie Rae, importa o que
eu usar?”
“Não,” ela bocejou de novo. “Só pegue um dos suéteres ou jaquetas que eu mostre
seu símbolo de terceiranista e você ficará bem.”
Eu não me apressei, embora eu estivesse realmente nervosa sobre parecer descente
e desejei ter horas para fazer e refazer meu cabelo e maquiagem. Eu usei o espelho de
maquiagem de Stevie Rae enquanto ela estava no banho, e decidi que de menos era
melhor que demais. Era estranho como a minha Marca parecia mudar toda atenção do
meu rosto. Eu sempre tive olhos bonitos – grandes e redondos e escuros, com muito
cílios. Tanto que Kayla costumava reclamar sobre o quão injusto era eu ter cílios o
suficiente para três garotas e ela tinha apenas alguns. (Em falar nisso... eu não senti falta
de Kayla, especialmente essa manhã quando estava me arrumando para ir a uma nova
escola sem ela. Talvez eu ligue para ela mais tarde. Ou mande um email. Ou... eu lembrei
do comentário que Heath tinha feito sobre a festa, e decidi que talvez não ligasse.) De
qualquer forma, a Marca de algum jeito fazia meus olhos parecerem ainda maiores e
escuros. Eu os alinhei com uma sombra suavemente preta que tinha pequenos brilhos
prateados. Não muito como aquelas garotas que acham que emplastar de delineador
preto as faz parecer legal. É, certo. Elas parecem guaxinins assustadores. Eu acrescentei
base, um pouco de pó no rosto, e pus um gloss (para esconder o fato que eu estava
nervosamente mordendo os lábios).
Então eu me olhei.
Graças a Deus meu cabelo estava bom, e até mesmo o pico de viúva* (*aquela
ponta do cabelo que fica na testa) não estava toda bagunçada como fica às vezes. Eu
ainda parecia... umm... diferente, mas a mesma.
O efeito que a minha Marca tinha no meu rosto diminuiu. Fez tudo que era étnico
sobre as minhas feições se destacar: a escuridão dos meus olhos, as bochechas altas dos
Cherokke, meu orgulhoso, nariz reto, e até mesmo a cor oliva da minha pele que era
como a da minha avó. A Marca safira da deusa pareceu ter ligado um holofote nessas
feições; tinha exposto a garota Cherokee dentro de mim e permitido que ela brilhasse.
“Seu cabelo está ótimo,” Stevie Rae disse quando entrava no quarto secando o
cabelo curto com a toalha. “Eu queria que o meu ficasse direito quando está tão
cumprido. Mas não fica. Ele fica todo frizzado e parece um rabo de cavalo.”
“Eu gosto do seu cabelo curto,” eu disse, saindo do caminho dela pegando meus
sapatos de rasteirinha estilo sapatilha de balé.
“Yeah, bem, me faz ser uma aberração aqui. Todos tem cabelo cumprido.”
“Eu notei, mas não entendi.”
“É uma das coisas que acontece enquanto você está Mudando. O cabelo dos
vampiros cresce muito rapidamente, assim como as unhas.”
Eu tentei não suspirar e lembrar das unhas de Afrodite passando cortando jeans e
pele.
Graças a Deus, Stevie Rae estava inconsciente a meu pensamento, e continuou
falando.
“Você vai ver. Depois de um tempo você não vai precisar olhar para o símbolo deles
para saber de que ano são. De qualquer forma, você vai aprender tudo sobre isso na aula
de Sociologia Vampira. Oh! Isso me lembrou.” Ela catou em alguns papeis na mesa dela
até que encontrou o que estava procurando e me entregou. “Aqui está seu horário. Temos
a terceira e a quinta aula juntas. E cheque a lista de matérias eletivas que você tem para
a segunda aula. Você pode escolher qualquer um deles.”
Meu nome estava no topo do horário, impresso com letras grandes, Zoey Redbrid,
entrando como terceiranista, assim como a data, que era de cinco (?!) dias antes do
Rastreador me Marcar.
1º período – Sociologia Vampira 101. Sala. 215. Prof. Neferet.
2º período – Drama 101. No centro de artes. Prof. Nolan
Ou
Desenho 101. Sala. 312. Prof. Doner
Ou
Introdução a musica. Sala 314. Prof. Vento
3º período – Literatura 101. Sala. 214. Prof. Penthesilea
4º período – Esgrima. Ginasio. Prof. D. Lankford
Pausa para o almoço.
5º período – Espanhol 101. Sala. 216. Prof. Germy
6º período – Introdução ao estudo de Equitação Casa de Campo. 215. Prof. Lenobia
“Nada de geometria?” eu percebi, totalmente pasma pelo horário, tentando manter
uma atitude positiva.
“Não, graças a Deus. No próximo semestre vamos ter economia. Mas isso não pode
ser tão ruim.”
“Esgrima? Introdução ao estudo de equitação?”
“Eu te disse que eles gostam de nós manter em forma. Esgrima ok, mesmo que seja
difícil. Eu não sou muito boa, mas você faz par com o pessoal mais velho – como se eles
fosse instrutores, e eu só estou dizendo, alguns daqueles garotos são simplesmente
lindos! Eu não estou tendo a aula de equitação esse semestre – eles me colocaram em
Tae Kwan Do. E eu tenho que te dizer, eu adoro!”
“Verdade?” eu disse duvidosamente. Me pergunto como será a aula de equitação?
“Sim. Que eletiva você vai escolher?”
Eu olhei para a lista. “Qual você está tomando?”
“Introdução a Música. O professor Vento é bem legal, e eu, uh...” Stevie Rae
suspirou e corou. “Eu quero ser uma estrela da musica country. Eu quero dizer, Kenny
Chesney, Faith Hill e Shania Twain são vampiras – e isso é apenas três delas. Diabos, Grth
Brooks cresceu aqui em Oklahoma e você sabe que ele é o maior vampiro de todos eles.
Então eu não vejo porque eu também não posso ser.”
“Faz perfeito sentido para mim,” eu disse. Porque não?
“Você quer ter musica comigo?”
“Isso seria divertido se eu pudesse cantar ou tocar qualquer coisa parecido com um
instrumento. Eu não posso.”
“Oh, talvez não então.”
“Na verdade, eu estava pensando em ter a aula de teatro. Eu tinha teatro em SIHS, e
era legal. Você sabe alguma coisa sobre a Prof. Nolan?”
“Sim, ela é do Texas e tem um enorme sotaque, mas ela estudou drama em Nova
Iorque e todo mundo gosta dela.”
Eu quase ri alto quando Stevie Rae mencionou o sotaque da Prof. Nolan. A garota
era tão fanhosa que parecia um parque de trailers, mas de jeito nenhum eu ia ferir os
sentimentos dela falando isso.
“Bem, então vai ser teatro.”
“Ok, pegue seu horário e vamos. Hey,” ela disse enquanto nos apressávamos para
sair do quarto e descíamos as escadas, “Talvez você seja a próxima Nicole Kidman!”
Bem, eu acho que ser a próxima Nicole Kidman não seria ruim (não que eu esteja
planejando me casar e então me divorciar de um cara maníaco e baixinho). Agora que
Stevie Rae mencionou, eu dificilmente pensava sobre o meu futuro desde que o
Rastreador tinha jogado a minha vida no caos completo, mas agora que eu estava
pensando eu realmente queria ser uma veterinária.
Um gato obeso preto e branco passou pelas escadas na nossa frente perseguindo o
que parecia o clone dele. Com todos esses gatos você ia pensar que haveria a
necessidade de vampiros veterinários. (hee hee... vampiros veterinários... eu poderia
chamar minha clinica de Vamp Vet, e os anúncios estariam escritos: “Tiramos seu sangue
de graça!”)
A cozinha e a sala estavam cheia de garotas comendo e falando e correndo. Eu tentei
responder alguns dos olás que eu estava recebendo quando Stevie Rae me apresentava
para o que parecia uma impossível confusão de garotas e manter minha concentração que
eu mantive para procurar uma caixa de Count Chocula. Quando eu estava começando a
me preocupar, eu encontrei, escondida atrás de várias caixas de Frosted Flakes (que não
seria uma escolha ruim, mas, bem, eles não são de chocolate e eles não tem nenhum
marshmallow gostoso). Stevie Rae serviu uma tigela de Lucky Charms, e sentamos na
mesa da cozinha, comendo rápido.
“E aí, Zoey!”
Aquela voz. Eu sabia quem era antes de ver Stevie Rae baixar a cabeça e encarar a
tigela de cereal.
“Olá, Afrodite,” eu disse, tentando soar neutra.
“Caso eu não te veja mais tarde eu queria me certificar que você saiba onde ir hoje a
noite. O Ritual da Lua Cheia das Filhas Negras, vai começar as 4 da manhã, logo depois
do ritual da escola. Você vai perder o jantar, mas não se preocupe com isso. Vamos
alimentar você. Oh, é na sala perto do corredor leste. Eu te encontro perto do Templo de
Nyx antes do ritual da escola para que a gente possa entrar lá dentro, e então posso te
mostrar o caminho para a sala depois.”
“Na verdade, eu já prometi a Stevie Rae que eu vou encontrar ela e nós vamos para
o ritual da escola juntas.” Eu realmente odeio pessoas insistentes. “Yeah, desculpe por
isso.” Eu fiquei feliz por ver que Stevie Rae levantou a cabeça e disse isso.
“Hey, você sabe onde é essa sala, não sabe?” eu perguntei a Stevie Rae na minha
voz mais alegre e sem noção.
“Sim, eu sei.”
“Então você pode me mostrar como chegar lá, certo? E isso significa que Afrodite não
tem que se preocupar comigo me perdendo.”
“Qualquer coisa que eu puder fazer para ajudar,” Stevie Rae disse, soando como
sempre.
“Problema resolvido,” eu disse com um grande sorriso para Afrodite.
“Ok. Ótimo. Te vejo as 4 da manhã. Não se atrase.” Ela se virou.
“Se ela balançasse mais a bunda do que já está balançando ela vai quebrar alguma
coisa,” eu disse.
Stevie Rae roncou e quase derramou leite pelo nariz. Tossindo, ela disse, “Não faça
isso enquanto estou comendo!” Então ela engoliu e sorriu para mim. “Você não deixou ela
mandar em você.
“Nem você.” Eu disse dando a ultima colherada do cereal. “Pronta?”
“Pronta. Ok, isso vai ser fácil. Seu primeiro período é do lado do meu primeiro
período. Todas as aulas dos terceiranistas são no mesmo corredor. Anda – eu te mostro a
direção certa e você ficara colocada.”
Nós pegamos nossos pratos e os colocamos numa das cinco lava louças, então nos
apressamos para sair na linda escuridão da noite. Droga, era estranho ir para a aula a
noite, mesmo que meu corpo estivesse me dizendo que tudo estava normal. Nós seguimos
a onda de estudantes passando por uma das grandes portas de madeira.
“O corredor dos terceiranistas é por aqui,” Stevie Rae disse, me guiando para um
canto e por uma escada.
“Isso é um banheiro?” eu perguntei quando passamos por uma fonte de água situada
entre duas portas.
“Sim,” ela disse. “Aqui é a minha aula, e a sua é ao lado. Vejo você depois da aula!”
“Ok, obrigado,” eu respondi.
Pelo menos o banheiro era perto. Se eu tivesse um serio caso de diarréia eu não
precisava ir longe.
DOZE
“Zoey! Aqui!”
Eu quase chorei de alivio quando ouvi a voz de Damien e vi suas mãos balançando
para uma mesa vazia perto dele.
“Oi.” Eu sentei e sorri agradecida para ele.
“Pronta para o primeiro dia?”
Não.
Eu acenei. “Sim.” Eu queria dizer mais, mas então um sino tocou e o som de
conversa morreu quando Neferet entrou na sala. Ela estava usando uma saia longa preta
dividia no lado para mostrar uma bota linda, e um suéter púrpura. Sobre o seio esquerdo,
bordado em prata, estava a imagem da deusa com os braços levantados, colocados na lua
crescente. O cabelo preto dela estava puxado para trás em uma intricada trança. As várias
e delicadas ondas de tatuagem que emolduravam o rosto dela a faziam parecer uma
antiga princesa guerreira. Ela sorriu para nós eu pude perceber que a turma toda estava
tão presa quanto eu pela atenção poderosa dela.
“Boa noite! Eu estava ansiosa para começar essa unidade. Mergulhar na rica
sociologia das Amazonas é um dos meus tópicos favoritos.” Ela apontou para mim. “É uma
excelente hora para Zoey Redbird se juntar a nós. Eu sou a mentora de Zoey, então
espero que meus alunos dêem boas vindas a ela. Damien, você pode, por favor, pegar um
livro para Zoey? O armário dela é do lado do seu. Enquanto você explica nosso sistema de
armários para ela eu quero que o resto de vocês pensem sobre as noções pré concebidas
que vocês tem sobre as antigas vampiras guerreiras conhecidas como Amazonas.”
O tipo barulho de papel e sussurro de alunos começou quando Damien me levou
para o fim da sala onde estavam os armários. Ele abriu o que tinha o número “12” em
prata. O armário continha prateleiras cheias de livros e suplementos.
“Na House of Night não a armários como os das escolas normais. Aqui, o primeiro
período é nossa sala de preparação e cada um de nós tem um armário. A sala sempre
estará aberta, então se você vier aqui para pegar livros e etc, como se você estivesse indo
para o seu armário. Aqui está o seu livro de sociologia.”
Ele me deu um livro grosso com capa de couro com a silueta da deusa estampada na
capa junto com o titulo, Sociologia Vampira 101. Eu peguei o caderno e algumas canetas.
Quando fechei a porta do armário eu hesitei.
“Não tem uma fechadura ou algo assim?”
“Não,” Damien baixou a voz. “Eles não precisam de fechaduras aqui. Se alguém
roubar algo, os vampiros vão saber. Eu nem quero pensar com o que aconteceria com
alguém estúpido o bastante para fazer isso.”
Nós nos sentamos e eu comecei a escrever sobre a única coisa que eu sabia em
relação as Amazonas – que elas eram mulheres guerreiras que não tinham muita utilidade
para homens – mas minha mente não estava no trabalho. Ao invés disso, eu estava me
perguntando por que Damien, Stevie Rae, e até mesmo Erin e Shaunee surtam sobre se
meter em problemas. Eu quero dizer, eu sou uma boa garota – ok, não perfeita, mas
ainda sim. Eu só tinha ido para detenção uma vez, e não foi minha culpa. Verdade. Algum
garoto idiota me disse para chupar o pau dele. O que eu deveria fazer? Chorar? Rir?
Agüentar? Umm... não... Então ao invés disso eu dei um tapa nele (embora eu prefira a
palavra “esmaguei”), e então fui para a detenção por isso.
De qualquer jeito, detenção não era tão ruim. Eu fiz meu dever de casa e comecei o
novo livro de Gossip Girl. Claramente detenção na House of Night era mais do que ir para
a sala dos professores por 45 minutos de “silencio” depois da aula. Eu tenho que lembrar
de perguntar a Stevie Rae...
“Primeiro, que partes da tradição amazona ainda praticamos na House of Night?”
Neferet perguntou, chamando minha atenção de volta para aula.
Damien levantou a mão. “A reverencia de respeito, com nosso punho por cima do
coração, vem das Amazonas, e também o jeito como apertamos a mão – por segurar o
antebraço.”
“Correto, Damien.”
Huh. Isso explica o estranho aperto de mão.
“Então, que noções pré concebidas temos sobre as guerreiras amazonas?” ela
perguntou para a turma.
Uma loira que sentava do outro lado da sala disse, “As amazonas eram muito
matriarcais, a lenda tende a adicionar uma camada adicional na história.”
“O que você quer dizer com isso?”
“Bem, pessoas – especialmente humanos – pensam que as Amazonas odiavam
homens,” disse Damien.
“Exato. E que aprendemos é que só porque uma sociedade é matriarcal, a nossa é,
não significa automaticamente que ela odeia os homens. Até Nyx tem um parceiro, o deus
Erebus, a quem ela é devotada. As amazonas eram únicas, no entanto, porque elas
escolheram ser uma sociedade de vampiras que resolver proteger e lutar sozinha. Como a
maior parte de vocês já sabe, nossa sociedade hoje ainda é matriarcal mas respeitamos e
apreciamos os Filhos da Noite, e os consideramos nossos protetores e parceiros. Agora,
abram seus livros no Capitulo Três e vamos dar uma olhada sobre a maior guerreira
Amazona, Penthesilea, mas tenham cuidado para manter lenda e historia separados na
mente de vocês.”
E daí Neferet começou uma das aulas mais legais que eu já tive. Eu não tinha idéia
que uma hora tinha passado; quando o sino tocou foi uma surpresa. Eu tinha acabado de
colocar meu livro de sociologia de volta no armário (ok, eu sei que Damien e Neferet os
chamavam de gabinetes, mas por favor – isso totalmente me lembra dos gabinetes que
costumávamos ter no jardim de infância) quando Neferet chamou meu nome. Eu peguei
meu caderno e uma caneta e fui até a mesa dela.
“Como você está?” ela perguntou, sorrido afetuosamente.
“Estou bem. Estou legal.” Eu disse rapidamente.
Ela levantou uma sobrancelha para mim.
“Bem, eu suponho que esteja um pouco nervosa e confusa.”
“É claro que você está. É muita coisa pra absorver e mudar de escola sempre é difícil
– muito mais mudar de escola e vida.” Ela olhou por cima do meu ombro. “Damien, você
levaria Zoey para a aula de teatro?”
“Claro,” Damien disse.
“Zoey, eu vejo você hoje a noite no ritual. Oh, e Afrodite lhe deu um convite oficial
para que você se junte as Filhas Negras na sua cerimônia privada depois?”
“Sim.”
“Eu queria checar de novo com você para ter certeza que você se sinta legal sobre
participar. Eu iria, é claro, entender se você não quisesse participar, mas eu encorajo você
a ir; eu quero que você aproveite cada oportunidade aqui, que as Filhas Negras é uma
excelente organização. É um elogio que elas já estejam interessadas em você como um
possível membro.”
“Estou bem sobre ir.” Eu forcei minha voz e um sorriso indiferente. Obviamente ela
esperava que eu fosse, e a ultima coisa que eu queria era que Neferet ficasse
desapontada comigo. Além do mais, de jeito nenhum eu iria fazer algo que fizesse a
Afrodite pensar que eu tinha medo dela.
“Muito bem.” Neferet disse com entusiasmo. Ela apertou meu braço e eu
automaticamente sorri para ela. “Se você precisar de mim meu escritório é na mesma área
que a enfermaria.” Ela olhou para minha testa. “Eu vejo que os pontos dissolveram quase
que completamente. Isso é excelente. Sua cabeça ainda dói?”
Minha cabeça imediatamente se dirigiu para a minha têmpora. Eu só podia sentir o
calombo de um ponto ou outro hoje quando havia pelo menos 10 ontem. Muito, muito
estranho. E, ainda mais estranho, eu não tinha pensado no corte desde hoje de manhã.
Eu também percebi que eu não pensei sobre minha mãe ou Heath ou mesmo a Vovó
Redbird...
“Não,” eu disse, percebendo que Neferet e Damien estavam esperando minha
resposta. “Não, minha cabeça não dói nem um pouco.”
“Ótimo! Bem, é melhor vocês dois irem. Eu sei que você ama teatro. Eu acho que a
Professora Nolan acabou de começar a trabalhar com monólogos.”
Eu estava na metade do corredor, correndo para acompanhar Damien quando eu
percebi.
“Como ela sabia que eu iria fazer Teatro? Eu decidi só hoje de manha.”
“Vampiros adultos sabem de mais às vezes,” Damien sussurrou. “Risque isso. Adultos
vampiros sabem demais o tempo todo, especialmente quando essa vampira é a Alta
Sacerdotisa.”
Devido ao que eu não estava contando a Neferet eu não queria pensar muito sobre
isso.
“Hey, gente!” Stevie Rae disse se aproximando. “Como foi Sociologia Vamp? Vocês
começaram a ver as Amazonas?”
“Foi legal.” Eu estava feliz por mudar de assunto dos muito misteriosos vampiros. “Eu
não tinha idéia que elas realmente cortavam seu seio direito para tirar eles do caminho.”
“Elas não teriam que fazer isso se fossem tão chatas quanto eu,” disse Stevie Rae,
olhando para seu próprio peito.
“Ou eu,” disse Damien dramaticamente.
Eu ainda estava rindo quando eles me mostraram a sala de teatro.
A professora Nolan não esvaia poder como Neferet. Ao invés disso ela esvaia energia.
Ela tinha um atlético, mas de algum jeito, corpo em forma de pêra. Seu cabelo moreno
era longo e liso. E Stevie Rae estava certa – ela tinha um sotaque texano muito
carregado.
“Zoey, bem vinda! Sente em qualquer lugar.”
Eu disse oi e sentei perto da garota Elizabeth que eu reconheci da aula de Sociologia
Vampira. Ela parecia amigável o suficiente e eu já sabia que ela era esperta. (Nunca é
ruim sentar perto de um garoto esperto.)
“Estávamos para começar a escolher que monologo cada um de vocês vai apresentar
na aula em algum horário semana que vem. Mas primeiro, eu achei que você gostaria de
ver uma demonstração de como um monologo deve ser apresentado, então eu pedi a um
dos nossos talentosos veteranos para passar aqui e recitar um famoso monologo de Otelo,
escrito por antigo escritor de peças vampiro, Shakespeare.” A professora Nolan parou e
olhou para a janela na porta. “Aqui está ele.”
A porta abriu e oh Jesus Maria do céu eu acredito que meu coração parou de bater.
Eu tenho certeza que minha boca abriu como se eu fosse uma retardada. Ele era o cara
mais lindo que eu já tinha visto. Ele era alto e tinha cabelo escuro que fazia aquela coisa
curvadinha com o cabelo igual ao do Superman. Os olhos dele eram de um azul safira
incrível e...
Oh. Inferno! Inferno! Inferno! Era o cara do corredor.
“Entre, Erik. Como sempre, seu timing para entrar é perfeito. Já estamos prontos
para o seu monologo.” Ela virou para a turma. “A maior parte de vocês já conhece o
quintanista, Erik Night, e sabem que ele ganhou a competição mundial de monólogos da
House of Night ano passado, as finais se passaram em Londres. Ele também já está
criando uma confusão em Hollywood assim como na Broadway por sua performance no
semestre passado como Tony na nossa produção de “West Side Story.” A turma é sua,
Erik.” A professora Nolan disse.
Como se meu corpo de repente estivesse funcionando no modo automático, eu bati
palmas com o resto da turma. Sorrindo e confiante, Erik pisou no pequeno palco que
estava situado no centro da sala arejada.
“Olá. Como vocês estão?”
Ele falou diretamente para mim. Eu quero dizer, diretamente para mim. Eu podia
sentir meu rosto ficando mais quente.
“Monólogos podem parecer intimidantes, mas a chave é ter suas falas decoradas, e
então imaginar que você realmente está atuando com um grupo de atores. Se engane a
pensar que não está sozinho, desse jeito...”
E ele começou o monologo de Otelo. Eu não sei muito sobre a peça, a não ser que é
uma das tragédias de Shakespeare, mas a atuação de Erik era incrível. Ele era um cara
alto, provavelmente tinha pelo menos 1,80m, mas foi quando ele começou a falar que ele
pareceu mais velho e alto e mais poderoso. A voz dele era profunda e ele tinha um
sotaque que eu não reconhecia. Os incríveis olhos dele escureceram e se estreitaram, e
quando ele disse o nome de Desdemona era como se ele estivesse rezando. Era obvio que
ele a amava, mesmo antes dele terminar de falar as linhas:
Ela me ama pelos perigos que eu passei, e eu amo que ela não tenha diminuído eles.
Enquanto ele dizia as duas ultimas falar os olhos dele se prenderam nos meus, e
como tinha acontecido no corredor no dia anterior, pareceu que não havia mais ninguém
na sala – mais ninguém no mundo. Eu senti um calafrio profundo, muito parecido com o
que eu tinha sentido nas duas vezes que tinha sentido o cheiro de sangue desde que fui
Marcada, só que nenhum sangue tinha sido derramado na sala. Só havia Erik. E então ele
sorriu, tocou os lábios nos dedos como se estivesse me mandando um beijo, e fez uma
reverencia. A classe toda aplaudiu feito louca, incluindo eu. Verdade. Eu não consegui
impedir.
“Agora, é assim que se faz,” A professora Nolan disse. “Então, tem copias de
monólogos nas prateleiras vermelhas atrás da sala. Cada um de vocês vai pegar vários
livros e começar a procurar por eles. O que vocês estão tentando achar é uma cena que
signifique muito para você – que toque alguma parte da alma de vocês. Eu vou circular e
posso responder qualquer pergunta que vocês tenham sobre os monólogos individuais.
Quando escolherem suas peças, eu vou passar os passos que precisam ser tomados
enquanto vocês se preparam para sua apresentação.” Com um sorriso energético e um
aceno, ela disse a nós para começar a procurar pelos zilhões de livros de monologo.
Eu ainda me sentia corada e sem ar, mas levantei com o resto da turma, embora não
conseguisse parar de espiar para Erik por cima dos ombros. Ele estava (infelizmente)
saindo da sala, mas não antes de virar e me pegar olhando para ele. Eu corei (de novo).
Ele encontrou meus olhos e sorriu diretamente para mim (de novo). E então saiu.
“Ele é tão gostoso,” alguém sussurrou no meu ouvido. Eu virei, e chocantemente, a
Srta. Estudante Perfeita Elizabeth estava olhando Erik sair e ventilando.
“Ele tem namorada?” eu comentei como uma idiota.
“Só nos meus sonhos,” Elizabeth disse. “Na verdade, dizem os rumores que ele e
Afrodite costumavam ficar, mas eu estou aqui a alguns meses e eles já acabaram desde
então. Aqui vamos nós,” ela jogou alguns livros de monologo para mim. “Eu sou Elizabeth,
sem sobrenome.”
Meu rosto era um ponto de interrogação.
Ela suspirou. “Meu sobrenome era Titswoeth. Você consegue imaginar? Quando
cheguei aqui, algumas semanas atrás e meu mentor explicou que eu podia mudar meu
nome para o que eu quisesse, eu sabia que eu iria me livrar do Titswoeth, mas daí tinha
todo o problema de escolher um novo sobrenome que me estressava demais. Então eu
decidi manter meu nome e não ter um sobrenome.” Elizabeth Sem Sobrenome deu nos
ombros.
“Bem, olá,” eu disse. Tem alguns garotos muito estranhos por aqui.
“Hey,” ela disse quando voltamos para nossas mesas. “Erik estava olhando você.”
“Ele estava olhando para todo mundo,” eu disse, embora eu pudesse sentir meu
estúpido rosto ficando cada vez mais quente e vermelho.
“Yeah, mas ele realmente estava olhando para você.” Ela riu e acrescentou, “Oh, eu
acho que a sua Marca colorida é legal.”
“Obrigado.” Provavelmente estava muito estranha com meu rosto vermelho.
“Qualquer pergunta sobre escolher um monologo, Zoey?” A professora Nolan
perguntou, me fazendo dar um pulo.
“Não, professora Nolan. Eu já fiz eles antes na aula de teatro de SIHS.”
“Muito bom. Me diga se tiver que esclarecer personagens para você.” Ela deu um
tapinha no meu braço e continuou se movendo pela sala. Eu abri o primeiro livro e
comecei a virar as paginas, tentando (Sem sucesso) esquecer sobre Erik e me concentrar
no monologo.
Ele estava olhando para mim. Mas por quê? Ele deveria saber que era eu no
corredor. Então que tipo de interesse em mim ele estava mostrando? E eu queria que um
cara gostasse de mim sendo que ele estava sendo chupado por aquela nojenta da
Afrodite? Eu provavelmente não deveria. Eu quero dizer, eu definitivamente não iria
continuar onde ela parou. Ou talvez ele só estivesse curioso pela minha Marca colorida,
como praticamente todos estavam.
Mas não foi isso que pareceu... pareceu que ele estava olhando para mim. E eu
gostei.
Eu olhei para o livro que eu estive ignorando. As paginas estavam abertas no sub
capitulo: Monólogos Dramáticos para Mulheres. O primeiro monologo era “Sempre
Ridícula” por Jose Echegaray.
Bem, diabos. Era provavelmente um sinal.
TREZE
Eu achei o caminho para a aula de Literatura sozinha. Ok, era do lado da aula de
Neferet, mas ainda sim eu me sentia um pouco mais confiante quando não tive que pedir
para ser levada até lá como a idiota garota nova.
“Zoey! Guardamos uma mesa para você!” Stevie Rae gritou no instante que cheguei
na aula. Ela estava sentada ao lado de Damien, e praticamente pulando de excitação. Ela
parecia muito feliz e fofinha de novo, o que me fez sorrir. Eu estava muito feliz por ver
ela. “Então, então, então! Me conte tudo! Como foi a aula de Teatro? Você gostou? Você
gostou da professora Nolan? A tatuagem dela não é legal? Me lembra uma mascara – de
algum tipo.”
Damien pegou o braço de Stevie Rae. “Respire e deixe a garota responder.”
“Desculpe,” ela disse alegre.
“Eu acho que a tatuagem da Nolan é legal,” eu disse.
“Você acha?”
“Bem, eu estava distraída.”
“O que?” ela disse. Então os olhos dela se estreitaram. “Alguém embaraçou você por
causa da sua Marca? Eu juro que as pessoas são simplesmente grossas.”
“Não, não foi isso. Na verdade aquela Elizabeth Sem sobrenome disse que ela achava
legal. Eu estava distraída porque, bem...” eu estava sentindo meu rosto ficar vermelho de
novo, eu decidi que eu ia contar a eles sobre Erik, mas agora que eu comecei a falar eu
me perguntei se deveria dizer algo. Eu deveria contar a elas sobre o corredor?
Damien se animou. “Eu sinto um comentário quente vindo. Anda, Zoey. Você estava
distraída porqueeeeee?” Ele arrastou a palavra numa pergunta.
“Ok, ok. Eu posso resumir em duas palavras: Erik Night.”
A boca de Stevie Rae abriu e Damien fez um pequeno desmaio de mentirinha, que
ele teve que disfarçar muito bem porque bem nesse momento o sino tocou e a professora
Pehthesilea entrou.
“Depois!” Stevie Rae sussurrou.
“Absolutamente!” Damien falou.
Eu sorri inocentemente. Eu estava certa que eu ia adorar o fato de que ter
mencionado Erik iam enlouquecer eles por uma hora inteira.
A aula de literatura foi uma experiência. Pra começar, a sala era totalmente diferente
do que eu já vi. Tinha pôsteres bizarramente interessantes e quadros que pareciam ser
originais enchendo cada centímetro da parede. E pendurados do teto haviam sinos de
vento e cristais – muitos deles. A professora Penthesilea (cujo nome eu reconhecia da
Sociologia Vamp como pertencendo a maior guerreira amazona, e a quem todos
chamavam de prof. P) era como algo vinda de um filme (bem, aqueles do canal Sci-Fi).
Ela tinha um cabelo loiro enorme, olhos grandes, e um corpo cheio de curvas que
provavelmente fazia todos os caras babarem (não que seja muito difícil fazer os
adolescentes babarem.) As tatuagens dela eram finas, bonitas com amarras célticas
traçadas pelo rosto dela e pelas bochechas, fazendo elas parecerem altas e dramáticas.
Ela estava usando uma calça de aparência cara e um suéter de cardican da cor musgo que
tinha a mesma figura da deusa bordada por cima do peito dela que Neferet tinha. E, e
agora que eu pensei sobre isso (e não no Erik), eu percebi que a blusa da professora
Nolan, tinha o mesmo desenho da deusa na blusa que ela estava usando também.
Hmmmm...
“Eu nasci em Abril de 1902,” a professora Penthesilea disse, instantaneamente
chamando minha atenção. Eu quero dizer, por favor, ela mal parecia ter 30 anos. “Então
eu tinha 10 anos em abril de 1912, e eu lembro da tragédia muito bem. Sobre o que eu
estou falando? Algum de vocês tem alguma idéia?”
Ok, eu sabia exatamente do que ela estava falando, mas não era porque eu era uma
nerd louca por história. Era porque quando eu era mais nova eu achei que estava
apaixonada por Leonardo DiCaprio, e minha mãe comprou a coleção de DVDs inteira dos
filmes dele para meu aniversário de 12 anos. Esse filme em particular eu assisti tantas
vezes que eu ainda tinha memorizado ele (e eu não posso contar quantas vezes eu chorei
quando ele saiu do navio e flutuou para longe como um adorável picolé).
Eu olhei ao redor. Mas ninguém parecia ter idéia, então eu suspirei e levantei a mão.
A Prof. P sorriu e chamou meu nome. “Sim, Srta Redbird.”
“O Titanic afundou em abril de 1912. Foi atingido por um iceberg tarde da noite em
um domingo, dia 14, e afundou algumas horas depois no dia 15.”
Eu ouvi Damien chupar o ar no meu lado, e o pequeno huh de Stevie Rae. Droga, eu
realmente estava parecendo tão idiota que eles estavam chocados por ouvir eu responder
algo corretamente?
“Eu realmente adoro quando um calouro novo sabe algo?” A professora Penthesilea
disse. “Absolutamente correto, Srta. Redbird. Eu estava vivendo em Chicago na época da
tragédia, e nunca vou esquecer dos anúncios dos jornais com a tragédia. Foi um evento
horrível, especialmente porque a vida de vidas podia ter sido evitada. Também assinalou o
fim de uma época e o começo de outra, assim como também trouxe muitas mudanças
necessárias as leis de navegação. Vamos estudar tudo isso, além os deliciosamente
melodramáticos eventos da noite, na nossa próxima peça em literatura, Uma noite para
Recordar de Walter Lord. Embora Lord não fosse um vampiro – e é realmente uma pena
que ele não fosse,” ela acrescentou, “Eu ainda acho o jeito que ele escreveu e como ele
descreveu interessante e muito fácil de ler. Ok, vamos começar! A ultima pessoa em cada
fileira, pegue livros para as pessoas da sua própria fileira a sua do gabinete no fundo da
sala.”
Bem, legal! Isso com certeza era mais interessante do que ler Grandes Expectativas
(obs, Estella, quem se importa?!). Eu sentei com Uma noite para Recordar e meu caderno
aberto para fazer, hum, anotações. A professora P começou a ler o capitulo um em voz
alta, e ela era uma boa leitora. Três aulas já tinham quase acabado e eu tinha gostado de
todas. Era possível que uma escola vampira seria mais do que o lugar chato que eu ia
todo dia porque eu precisava e, além disso, onde todos os meus amigos estavam? Não
que todas as aulas de SIHS fossem chatas, mas não estudávamos as Amazonas e Titanic
(com uma professora que estava viva quando ele afundou!).
Eu olhei ao redor para os outros garotos enquanto a professora P lia. Havia cerca de
15 de nós, o que parecia ser a media nas minhas outras aulas também. Todos tinham
seus livros abertos e estavam prestando atenção.
E então meu olho viu algo vermelho e especo do outro lado da sala perto da parte de
trás da sala. Eu falei muito rápido – nem todos os garotos estavam prestando atenção.
Esse tinha a cabeça baixa nos braços e parecia estar dormindo, o que eu sabia por que
seu rosto gordinho e branco-demais estava virado na minha direção. A boca dele estava
aberta, e eu acho que ele estava babando um pouco. Eu me perguntei o que a Prof. P
faria com ele. Ela não parecia o tipo de professora que ficaria tranqüila com alguém
dormindo no fundo da sala, mas ela apenas continuou lendo, intercalando com fatos
interessantes dados de primeira mão sobre o inicio do século XX, o que eu gostei bastante
(eu adorava ouvir sobre as garotas metidas – eu definitivamente teria sido uma garota
metida se eu tivesse vivido nos anos 1920). Não foi até quando estava prestes a tocar que
a Prof. P que a professora deu o próximo capitulo com tarefa, e então nos disse que
podíamos conversar baixo entre nós, que ela agiu como se tivesse acabado de perceber o
garoto que estava dormindo. Ele começou a se mexer, finalmente levantado a cabeça
para mostrar os círculos vermelhos que estava do lado da testa dele e parecia
bizarramente deslocada ao lado da Marca dele.
“Elliott, eu preciso ver você logo,” Prof P disse atrás da mesa dela. O garoto demorou
para levantar e então arrastando os pés, arrastando os cadarços desatados, foi até a mesa
dela.
“Sim?”
“Elliott, você está, é claro, reprovando em literatura. Mas o que é mais importante,
você está falhando na vida. Vampiros homens são fortes, honráveis, e únicos. Eles são
nossos guerreiros e protetores a incontáveis gerações. Como você espera passar pela
Mudança e ser um grande guerreiro se você não praticar disciplina necessária até para
ficar em aula?”
Ele deu nos ombros.
A expressão dela endureceu. “Eu vou te dar uma oportunidade de se redimir pelo
zero em participação de aula que você recebeu hoje, você terá que escrever uma redação
sobre o que era importante na America no inicio do século XX. Esse trabalho é para
amanhã.”
Sem dizer nada, ele começou a se afastar.
“Elliott,” a voz da Prof. P tinha abaixado e, estava cheia de irritação, o que a fez
parecer mais assustadora do que ela pareceu enquanto estava dando aula e lendo. Eu
podia sentir o poder irradiando dela, o que me fez perguntar por que ela precisaria de um
homem protegendo ela. O garoto parou e virou o rosto para ela.
“Eu não liberei você. Qual é sua decisão sobre fazer o trabalho para se redimir pelo
zero?”
O garoto só ficou parado ali sem dizer nada.
“Essa pergunta pede uma resposta, Elliott. Agora!” O ar ao redor dela estalou com o
comando dela, fazendo a pele do meu braço formigar.
Parecendo não ter sido afetado, ele deu nos ombros de novo. “Eu provavelmente não
vou fazer.”
“Isso diz algo sobre o seu caráter, Elliott, e isso não é algo bom. Você não está
apenas falhando consigo, mas você está falhando com seu mentor também.”
Ele deu nos ombros de novo e sem pensar cutucou o nariz. “O Dragon já sabe quem
eu sou.”
O sino tocou e a Prof. P, com um olhar de nojo no rosto, apontou para Elliott sair da
sala. Damien, Stevie Rae, e eu só ficamos levantamos e estávamos começando a ir
embora quando Elliott andou desengonçado por nós, se movendo mais rapidamente do
que eu acreditei ser possível para alguém que parecia tão preguiçoso. Ele deu um
encontrão em Damien, que estava na nossa frente. Damien fez um oops e cambaleou um
pouco.
“Bicha nojenta, sai do caminho,” o garoto perdedor disse, empurrando Damien com
seu ombro para poder sair da porta antes dele.
“Eu deveria quebrar a cara desse idiota!” Stevie Rae disse, se apressando para
chegar até Damien, que estava esperando por nós.
Ele balançou a cabeça. “Não se preocupe. Esse garoto Elliott tem sérios problemas.”
“Sim, como ter coco no cérebro,” eu disse, olhando pelo corredor para as costas do
preguiçoso. O cabelo dele certamente não era atraente.
“Coco no cérebro?” Damien riu e ligou o braço no meu e o outro em Stevie Rae, nos
levando pelo corredor no estilo Mágico de Oz. “É isso que eu gosto na nossa Zoey,” ele
disse. “ela tem jeito com a linguagem vulgar.”
“Coco não é vulgar,” eu disse de forma defensiva.
“Eu acho que esse é o ponto, querida,” Stevie Rae riu.
“Oh.” Eu ri também, e eu realmente, realmente, gostei como soou quando ele disse
“nossa” Zoey. Como se eu pertencesse... como se eu estivesse em casa.
QUATORZE
Esgrima foi totalmente legal, o que foi uma surpresa. A aula foi feito numa enorme
sala no ginásio que totalmente parecia um estúdio de dança, complete com paredes e teto
cheio de espelhos. Pendurados do telhado de um lado estavam manequins estranhos que
me lembravam um alvo de tiro tri dimensional. Todos chamavam o professor de Lankford
Dragon Lankford, ou apenas de Dragon. Não levei muito tempo para descobrir por que. A
tatuagem dele representava dois dragões cujos corpos de serpente, se embrulhavam na
linha da mandíbula dele. A cabeça deles estava acima das sobrancelhas e a boca deles
estavam abertas, cuspindo fogo na lua crescente. Era incrível e difícil não encarar. Além
do mais, Dragon era o primeiro vampiro adulto que eu via de perto. A principio ele me
confundiu. Eu acho que se você tivesse me perguntado o que eu acharia que era um
vampiro eu teria dito que era o oposto dele. Honestamente, eu tinha o estereótipo do
vampiro estrela de cinema na mente – alto, lindo, perigoso. Você sabe, como Vin Diesel.
De qualquer forma, Dragon é baixo, tem longos cabelos aloirados que ficam presos para
trás em um rabo de cavalo, e (a não ser pelo estilo poderoso da tatuagem de dragão) tem
um rosto fofo com um quente sorriso e só foi quando ele começou a mandar a turma a
fazer os aquecimentos que eu comecei a perceber o poder dele. No segundo que ele
pegou a espada (que eu descobri mais tarde que se chama florete) na tradicional
saudação ele pareceu se tornar outra pessoa – alguém que se movia extremamente
rápido e com graça. Ele fintava e se arremessava e sem esforço fez o resto da turma –
mesmo o pessoal que era bom, como Damien – parecer bonecos. Quando ele terminou de
liderar o aquecimento, o Dragon colocou todos em pares e os fez trabalhar no que ele
chamava de “movimentos padrões.” Eu fiquei aliviada quando ele fez Damien e eu sermos
parceiros.
“Zoey, é bom que você tenha se juntado a nós na House of Night,” Dragon disse,
apertando minha mão no jeito tradicional das vampiras amazonas. “Damien pode explicar
as diferentes partes do uniforme de esgrima para você, e vou te conseguir um uniforme
para você estudar nos próximos dias. Eu assumo que você nunca praticou esse esporte
antes?”
“Não, eu não estudei,” eu disse, e então adicionei nervosa, “mas gosto de aprender.
Eu quero dizer, a idéia de usar uma espada é legal.”
Dragon sorriu. “Florete,” ele corrigiu, “você estará aprendendo como usar um florete.
É a mais leve dos três tipos de armas que temos aqui, e uma excelente escolha para uma
mulher. Você sabia que esgrima é um dos únicos esportes onde homens e mulheres
podem competir em pé de igualdade?”
“Não,” eu disse, instantaneamente intrigada. Que legal não seria chutar a bunda de
um cara nesse esporte?!
“Isso é porque um esgrimista inteligente e concentrado pode com sucesso
compensar por qualquer deficiente que ele ou ela pode ter, e pode ser capaz até de
transformar essa deficiente – como força ou alcance – em uma vantagem. Em outras
palavras, você pode não ser tão forte ou rápida quanto o seu oponente, mas você pode
ser mais esperta ou ser capaz de se concentrar melhor, o que muda a moeda para o seu
favor. Certo, Damien?”
Damien sorriu. “Certo.”
“Damien é um dos esgrimistas mais concentrados que eu tive o privilegio de treinar
em décadas, o que faz dele um perigoso oponente.”
Eu dei um olhar pelo canto do olho para Damien, que corou com orgulho e prazer.
“Nas próximas semanas eu vou fazer Damien mostrar a você as manobras. Sempre
lembre, esgrima requer habilidade seqüencial e hierárquica por natureza. Se uma dessas
habilidades não é adquirida, outras habilidades serão difíceis para aprender e o esgrimista
estará em permanente e seria desvantagem.”
“Ok, eu vou lembrar,” eu disse. Dragon deu um sorriso quente de novo antes de sair
para ir trabalhar com os outros alunos.
“O que ele quis dizer é não fique desencorajada ou entediada por ter que fazer os
mesmos exercícios repetidamente.”
“Então o que você está dizendo é que você vai ser chato, mas tem um propósito
nisso?”
“Sim. E parte desse propósito será ajudar a levantar essa sua bunda fofa,” ele disse
alegre, me dando um tapinha com o lado do florete dele.
Eu bati nele e virei os olhos, mas depois de 20 minutos de ataques e defesas na
posição inicial e me arremessando – de novo e de novo – eu sabia que ele estava certo.
Minha bunda estaria me matando amanha.
Tomamos um rápido banho depois da aula (graças a Deus, havia chuveiros
separados para cada uma das garotas nos vestiários e não tivemos que barbaramente e
tragicamente tomar banho em uma enorme área aberta como se estivéssemos na prisão
ou algo assim) e então me apressei com o resto da multidão para ir ao salão de almoço –
mais conhecido como sala de jantar. E eu falo sério quando disse que me apressei. Eu
estava faminta.
O almoço foi um enorme Buffet de sala sirva-você-mesmo, que inclui tudo desde
salada de atum (eca) até aqueles mini milhos estranhos que são tão confusos, e nem tem
gosto de milho. (O que eles são exatamente? Milho bebê? Milho anão? Milho mutante?) Eu
enchi meu prato e peguei um enorme pedaço do que parecia e cheirava como pão recém
assado, e fui para o lado de Stevie Rae, com Damien logo atrás de mim. Erin e Shaunee já
estavam discutindo sobre o que fazer para a nota do trabalho para a aula de literatura
delas melhorar de nota, embora as duas tivessem recebido 96 como nota.
“Então, Zoey, manda. E quanto a Erik Night?” Stevie Rae perguntou no instante que
deu uma enorme mordida na salada. As palavras de Stevie Rae imediatamente fizeram as
Gêmeas calarem a boca e a atenção da mesa toda estava em mim.
Eu pensei sobre o que eu iria dizer sobre Erik, e decidi que não estava pronta para
contar a todos sobre a cena infeliz do boquete. Então eu apenas disse,” ele ficava olhando
para mim.” Quando eles franziram a testa para mim eu percebi que com a boca cheia de
salada o que eu realmente disse foi “Ele ficabu olando para mim.” Eu engoli e tentei de
novo. “Ele ficava olhando para mim. Na aula de teatro. Foi, sei lá, confuso.”
“Defina “olhando para mim,” Damien disse.
“Bem, aconteceu no segundo que ele entrou na aula, mas deu pra notar mais
quando ele estava nos dando um exemplo de um monologo. Ele fez aquele negocio de
Otelo, e quando ele disse a fala sobre amor e tal, ele olhou diretamente para mim. Eu
pensei que você só um acidente ou qualquer coisa assim, mas ele olhou para mim antes
de começar o monologo, e depois de novo quando estava saindo da sala.” Eu suspirei e
me remexi um pouco, inconfortável com o jeito que eles estavam me olhando. “Esqueça.
Provavelmente foi só parte da atuação.”
“Erik Night é o cara mais gostoso da escola toda,” Shaunee disse.
“Esqueça isso – ele é o cara mais gostoso desse planeta.” Erin disse.
“Ele não é mais gostoso que Kenny Chesney,” disse rapidamente Stevie Rae.
“Ok, por favor, da pra parar com a obsessão por country!” Shaunne franziu a testa
para Stevie Rae antes de virar sua atenção de volta para mim. “Não deixe essa
oportunidade passar por você.”
“É,” Erin disse. “Não deixe.”
“Passar por mim? O que eu deveria fazer? Ele nem disse nada para mim.”
“Uh, Zoey querida, você sorriu de volta para o rapaz?” Damien perguntou.
Eu pesquise. Eu tinha sorrido de volta? Ah, merda. Eu aposto que não sorri. Eu
aposto que fiquei só sentada ali e o encarei como uma retardada e talvez até tenha
babado. Ok, bem, eu posso não ter babado, mas ainda sim. “Eu não sei,” eu disse
percebendo a triste verdade, o que não enganou Damien nem um pouco.
Ele bufou. “Da próxima vez sorria para ele.”
“E talvez diga oi,” Stevie Rae disse.
“Eu pensei que Erik fosse só um rosto bonito,” Shaunee disse.
“E corpo,” Erin acrescentou.
“Até que ele chutou Afrodite,” Shaunee continuou. “Quando ele fez isso eu percebi
que o garoto pode ter algo na cabeça.”
“Nós já sabemos que ele tem algo funcionando embaixo!” Erin disse, levantando as
sobrancelhas.
“Uh-huh!” Shaunee disse, lambendo os lábios como se ela estivesse vendo um
enorme pedaço de chocolate.
“Vocês duas são nojentas,” Damien disse.
“Só estamos querendo dizer que ele tem a bunda mais fofa da cidade, Senhor
Padre,” Shaunee disse.
“Como se você não tivesse notado,” Erin disse.
“Se você começar a falar com Erik isso vai realmente irritar Afrodite.” Stevie Rae
disse.
Todos viraram e encararam Stevie Rae como se ela tivesse acabado de abrir o mar
vermelho ou algo assim.
“É verdade,” Damien disse.
“Muito verdade,” Shaunee disse enquanto Erin acenava.
“Então o rumor é que ele costumava sair com Afrodite,” eu disse.
“Sim,” Erin disse.
“O rumor é grotesco, mas verdadeiro,” Shaunee disse. “O que faz ainda melhor o
fato dele gostar de você!”
“Gente, ele provavelmente só estava olhando para a minha Marca estranha,” eu
disse.
“Talvez não. Você é bem fofa, Zoey,” Stevie Rae disse com um doce sorriso.
“Ou talvez sua Marca fez ele olhar, e então ele pensou que você era bem fofa e
então ele continuou olhando,” Damien disse.
“De qualquer jeito, ele olhando definitivamente vai irritar Afrodite,” Shaunee disse.
“O que é uma boa coisa,” Erin disse.
Stevie Rae ignorou o comentário delas. “Só esqueça sobre Afrodite e sua Marca e
todas essas coisas. Da próxima vez que ele sorrir para você, diga oi. Só isso.”
“Fácil,” Shaunee disse.
“Fácil,” Erin disse.
“Ok,” eu murmurei e voltei para minha salada, desejando desesperadamente que
todo o negocio de Erik Night fosse tão fácil-fácil como elas pensaram que eram.
Uma coisa sobre o almoço na House of Night que era igual ao almoço em SIHS e em
qualquer outra escola era – que acaba rápido demais. E então a aula de espanhol foi um
borrão. A professora Garmy era uma espanhola inquieta. Eu gostei dela imediatamente (as
tatuagens dela pareciam estranhamente como penas, então ela me lembrava um pequeno
pássaro espanhol), mas ela deu a aula toda falando espanhol. A aula toda. Eu
provavelmente deveria mencionar que eu não tenho aula de espanhol desde a 8º serie, e
eu admito que nunca prestei muita atenção nela. Então eu estava bem perdida, mas eu
escrevi o dever e prometi a mim mesma que eu iria estudar o vocabulário. Eu odeio ficar
perdida.
Introdução a equitação foi feita na casa de campo. Era um longo prédio construído
de tijolos perto da parte sul, e que havia junto uma enorme área para cavalgar. O lugar
todo tinha aquele cheiro de cavalo, que misturado com couro formava algo agradável,
embora tu soubesse que parte do “agradável” cheiro era cocô – cocô de cavalo.
Eu fiquei parada nervosa com um pequeno grupo de garotos dentro do curral, onde
uma veterana alta e com rosto duro disse para esperarmos. Só havia cerca de 10 de nós,
e éramos todos terceiranistas. Oh, (ótimo) aquele irritante cabeça de vento do Elliott
estava encostado contra a parede chutando um pouco de serragem no chão. Ele levantou
pó suficiente para fazer a garota parada perto espirrar. Ela deu a ele um olhar irritado e se
afastou. Deus, ele irritava todo mundo? E porque ele não podia usar algum produto (ou
talvez vários produtos) naquele cabelo feio?
O som de cascos tiraram a minha atenção de Elliott e eu olhei para cima em tempo
de ver uma magnífica égua andando no curral galopando total. Ela parou alguns a alguns
centímetros de distancia. Enquanto todos nós observávamos feito idiotas, a cavaleira
desmontou graciosamente. Ela tinha um cabelo grosso que ia até a cintura e era tão loiro
que era quase branco, e olhos que eram de um estranho tom de verde. O corpo dela era
pequeno, e o jeito que ela ficava parada me lembrava aquelas garotas que tomam aulas
de dança obsessivamente para que mesmo quando não estão em bale elas fiquem
paradas como se tivessem algo preso em suas bundas. A tatuagem dela era uma
intrincada série de nós que se entrelaçavam no rosto dela – e na lua crescente eu tinha
certeza que eu podia ver alguns cavalos.
“Boa tarde. Eu sou Lenobia, e esse,” ela apontou para a égua e deu ao nosso grupo
um olhar contemplativo antes de terminar a frase, “é um cavalo.” A voz dele ecoou contra
as paredes. A égua preta soprou pelo nariz como se estivesse enfatizando as palavras
dela. “E vocês são meu novo grupo de terceiranistas. Cada um de vocês foi escolhido para
minha aula porque acreditamos que vocês podem ter uma aptidão para cavalgar. A
verdade é que menos da metade de vocês vai durar o semestre, e metade dos que
sobrarem vão realmente se desenvolver em um equitador descente. Alguma pergunta?”
Ela fez uma pausa longa o bastante para alguém perguntar algo. “Ótimo. Então me sigam
e vamos começar.” Ela se virou e marchou de volta para o estábulo. Nós a seguimos.
Eu queria perguntar quem eram o “nós” que falaram que eu talvez tivesse aptidão
para cavalgar, mas eu estava com medo então não disse nada e apenas segui atrás dela
como todo mundo. Ela parou na frente de uma cocheira vazia onde havia um forcado e
um carrinho de mão. Lenobia se virou para nos olhar.
“Cavalos não são cachorros grandes. E não são o romântico sonho de uma garotinha
que os imagina como seu melhor amigo que sempre estará ao seu lado.”
Duas garotas paradas perto de mim se olharam com culpa e Lenobia as encarou com
seus olhos verdes.
“Cavalos são trabalho. Cavalos são dedicação, inteligência, e tempo. Vamos começar
com a parte do trabalho. No final desse corredor vocês vão encontrar botas de borracha.
Escolham um par rapidamente, enquanto pegamos as luvas. Então cada um de vocês vai
pegar uma cocheira e vamos começar a trabalhar.”
“Professora Lenobia?” disse uma garota gordinha com um rosto fofo, que levantou a
mão nervosamente.
“Lenobia serve. O nome que eu escolhi em honra da antiga vampira rainha não
precisa de outro titulo.”
Eu não fazia idéia de quem era Lenobia, e fiz uma nota mental para pesquisar.
“Continue. Você tem uma pergunta, Amanda?”
“Yeah, uh, sim.“
Lenobia levantou uma sobrancelha para a garota.
Amanda engoliu audivelmente. “Vamos trabalhar fazendo o que, profes – eu quero
dizer, Lenobia, senhora?”
“Limpar a cocheira, é claro. O estrume vai no carrinho de mão. Quando ele estiver
cheio vocês podem descarregar o composto área perto do estábulo. Tem serragem fresca
no armário ali perto. Vocês tem 15 minutos. Eu volto em 45 minutos para inspecionar as
cocheiras!”
Todos piscamos para ela.
“Vocês podem começar. Agora.”
Nós começamos.
Ok. Verdade. Eu sei que vai parecer estranho, mas eu não me importei de limpar a
cocheira. Eu quero dizer, cocô de cavalo não é tão nojento. Especialmente porque era
obvio que esses estábulos eram limpos a toda hora. Eu peguei as botas de borracha (que
eram grandes galochas de borracha – totalmente feias, mas elas cobriram meu jeans até
os joelhos) e um par de luvas e comecei a trabalhar. Tinha musica tocando por uma
excelente caixa de som – algo que eu tinha certeza que era o ultimo CD da Enya (antes
dela casar com John, mas então ele decidiu que aquilo poderia ser musica de bruxa então
ela desistiu, e é por isso que eu sempre gostei da Enya). Então eu ouvi a música galesa e
juntei o cocô. Não pareceu que muito tempo tinha passado enquanto eu estava jogando
aquilo no carrinho e então enchendo com serragem. Eu estava passando pelo estábulo
quando tive aquele sentimento estranho que alguém estava me observando.
“Bom trabalho, Zoey.”
Eu dei um pulo e olhei ao redor para ver Lenobia perto do estábulo. Em uma mão ela
estava segurando uma grande, e macia escova. Na outra ela segurava a corda que guia a
égua.
“Você já fez isso antes,” Lenobia disse.
“Minha avó costumava ter um garanhão que eu nomeei de Bunny.” Eu disse antes de
perceber o quão estúpido soava. Com as bochechas quente, eu me apressei, “Bem, eu
tinha 10 anos, e a cor dele me lembrava do Pernalonga, então eu comecei a chamar ele
desse jeito e ficou.”
Os lábios de Lenobia se curvaram numa pista de um sorriso. “Era a cocheira do
Bunny que você limpava?”
“Sim. Eu gostava de montar nele, e vovó disse que ninguém deveria montar um
cavalo sem antes limpar seu cocheiro.” Eu dei nos ombros. “Então eu limpava.”
“Sua avó é uma mulher sábia.”
Eu acenei.
“E você não se importava de limpar?”
“Não, na verdade não.”
“Ótimo. Conheça Persephome,” Lenobia acenou com a cabeça para a égua ao lado
dela. “Você acabou de limpar a cocheira dela.”
A égua andou na minha direção, colocando o nariz no meu rosto e soprando
gentilmente, o que fez cócegas e me fez rir. Eu acariciei o nariz dela e automaticamente
beikei o quente focinho dela.
“Olá, Persephone, garota linda.”
Lenobia acenou em aprovação enquanto a égua e eu nos conhecíamos.
“Só tem mais 5 minutos antes do final da aula, então não é necessário que você
fique mais, mas se você quiser, eu acredito que você ganhou o privilegio de escovar
Persephone.”
Surpresa, eu tirei meus olhos do carinho que eu estava fazendo no pescoço do
cavalo.
“Sem problemas, eu fico,” eu me ouvi falar.
“Excelente. Você pode devolver a escova no final do corredor quando terminar. Vejo
você amanha, Zoey.” Lenobia me deu a escova, deu um tapinha na égua, e nos deixou
sozinhas no estábulo.
Persephone colocou a cabeça no cocho de metal que tinha feno fresco, e começou a
mastigar, enquanto eu a escovava. Eu esqueci do quão relaxante era escovar um cavalo.
Bunny morreu de um repentino e assustador ataque cardíaco dois anos atrás, e vovó ficou
chateada demais para comprar outro cavalo. Ela disse que o “coelho” (que era como ela o
chamava) não podia ser substituído. Então fazia dois anos desde que eu não me
aproximava de um cavalo, mas voltou para mim instantaneamente – tudo. O cheiro, o
calor, o som dos cavalos comendo, e a gentil barulho que a escova fazia quando eu
deslizava pelo pêlo da égua.
Com a ponta da minha atenção em vagamente ouvi a voz de Lenobia, afiada e
irritada, enquanto ele xingava um estudante que eu achei que fosse aquele irritante
cabeça de vento. Eu olhei por cima de Persephone e espiei rapidamente. Certa, o cabeça
de vento estava parado na frente da cocheira dele. Lenobia estava parada ao lado dele,
com as mãos nos lábios. Mesmo de lado eu pude perceber que ela estava furiosa. Aquele
garoto estava numa missão para irritar todos os professores aqui? E o mentor dele era
Dragon? Ok, o cara parecia legal, até ele pegar a espada – eu quero dizer, florete – então
ele mudou de cara legal para mortalmente-perigoso-vampiro-guerreiro.
“Esse cabeça de vento deve estar querendo morrer,” eu disse a Persephone quando
voltei a escovar ela. A égua mexeu as orelhas para mim e soprou pelo nariz.
“Sim, eu sabia que você ia concordar. Quer ouvir minha teoria sobre como minha
geração sozinha pode limpar a America de idiotas e vadias?” Ela pareceu receptiva, então
eu comecei meu discurso de não procriação com perdedores...
“Zoey! Você está aí!”
“Oh meu Deus! Stevie Rae! Você quase me matou de susto!” Eu dei um tapinha em
Persephone, que tinha se mexido inquieta.
“Que no mundo você está fazendo?”
Eu mostrei a escova para ela. “O que parece que eu estou fazendo, Stevie Rae,
fazendo as unhas?”
“Pare de brincar. O Ritual da Lua Cheia vai começar em tipo, dois minutos?”
“Ah, diabos!” Eu dei mais um tapinha em Persephone e me apressei para sair do
estábulo.
“Você esqueceu, não foi?” Stevie Rae disse, segurando minha mão e me ajudando a
manter o equilibro enquanto tirava minha botas de borracha e colocava meus sapato
rasteirinha.
“Não,” eu menti.
Então eu percebi que eu também tinha esquecido sobre o Ritual das Filhas Negras
depois.
“Ah, diabos!”
QUINZE
Na metade do caminho para o templo de Nyx eu percebi que Stevie Rae estava
quieta além do normal. Eu dava olhares laterais para ela. Ela também estava parecendo
pálida? Eu tive um sentimento bizarro sobre você-está-andando-para-o-seu-túmulo.
“Stevie Rae, algo errado?”
“Yeah, bem, é triste e meio assustador.”
“O que? O Ritual da Lua Cheia?” Meu estomago começou a doer.
“Não, você vai gostar disso – ou pelo menos vai gostar desse.” Eu sabia o que ela
queria dizer, versos o ritual das Filhas Negras que eu tinha que ir depois, mas eu não
queria falar sobre isso. As próximas palavras de Stevie Rae fizeram todo o negocio das
Filhas Negras parecer pequeno, um problema secundário. “Uma garota morreu faz uma
hora.”
“O que? Como?”
“Como todos morrem. Ela não conseguiu passar pela Mudança, e o corpo dela só...”
Stevie Rae pausou, tremendo. “Aconteceu perto do final da aula de Tae Kwan Do. Ela
estava tossindo, como se estivesse sem ar no começo do aquecimento. Eu achei que não
fosse nada. Ou talvez eu achei, mas eu tirei da cabeça.”
Stevie Rae me deu um pequeno e triste sorriso, e ela parecia envergonhada de si.
“Tem algum jeito de salvar eles? Depois que, você sabe, eles começam –“ eu parei e
fiz um vago e desconfortável gesto.
“Não. Não tem jeito de você ser salvo depois que seu corpo começa a rejeitar a
Mudança.”
“Então não se sinta mal por não querer pensar na garota que estava tossindo. Você
não poderia ter feito nada.”
“Eu sei. É só que... foi horrível. E Elizabeth era tão querida.”
Eu senti um choque em algum lugar no meio do meu corpo. “Elizabeth Sem
Sobrenome? Ela é a garota que morreu?”
Stevie Rae acenou, piscando com força obviamente tentando não morrer.
“Isso é horrível,” eu disse, minha voz fraca era quase um sussurro. Eu lembrei o
quão considerável ela tinha sido em relação a minha Marca, e como ela notou que Erik
estava olhando para mim.
“Mas eu acabei de ver ela na aula de Teatro. Ela estava bem.”
“É assim que aconteceu. Num segundo o garoto está sentado do teu lado parecendo
perfeitamente normal. No outro...” Stevie Rae tremeu de novo.
“E tudo vai continuar normal? Mesmo que alguém na escola tenha acabado de
morrer?” eu lembrei do ano passado, quando um grupo de calouros da SIHS tinha estado
num acidente de carro num final de semana, e dois deles tinham morrido, conselheiros
extras foram chamados a escola na segunda e todos os eventos atléticos foram
cancelados naquela semana.
“Tudo vai continuar normal. Devemos nos acostumar com a idéia de que isso pode
acontecer com qualquer um. Você vai ver. Todos vão agir como se nada tivesse
acontecido, especialmente os mais velhos. É só os terceiranistas e os amigos de Elizabeth,
como a colega dela, que vão mostrar alguma reação a tudo. Os terceiranistas – somos nós
– devem agir direito e superar. A colega de quarto de Elizabeth e sua melhor amiga
provavelmente vai se isolar por alguns dias, mas então eles esperam que ela supere.” Ela
baixou a voz. “Na verdade, eu não acho que os vampiros pensam que nenhum de nós é
real enquanto não fizermos a Mudança.”
Eu pensei nisso. Neferet não pareceu me tratar como se eu fosse temporária – ela
até disse que era um excelente sinal minha Marca estar colorida, não que eu estivesse tão
confiante quanto ela em relação ao meu futuro. Mas eu absolutamente não iria dizer nada
que fizesse parecer que Neferet estava me dando tratamento especial. Eu não queria ser a
“esquisita.” Eu só queria ser amiga de Stevie Rae e me ajustar no meu novo grupo.
“Isso é realmente horrível,” foi tudo o que eu disse.
“É, mas pelo menos se acontece, acontece rápido.”
Parte de mim queria saber os detalhes, e parte de mim estava assustada demais
para fazer a pergunta.
Graças a Deus, Shaunee interrompeu antes de eu me fazer perguntar o que eu
estava assustada demais para querer saber.
“Porque vocês demoraram tanto,” Shaunee chamou na frente dos degraus do
templo. “Erin e Damien já estão lá dentro guardando um lugar no circulo para nós, mas
você sabe que quando o ritual começa eles não deixam mais ninguém entrar. Depressa!”
Nós nos apressamos, e com Shaunee liderando, entramos no templo. Doce e
esfumaçado incenso me engolfou enquanto entrei na escuridão do Templo de Nyx.
Automaticamente, eu hesitei. Stevie Rae e Shaunee se viraram para mim.
“Está tudo bem. Não tem porque estar nervosa ou com medo.” Stevie Rae encontrou
meus olhos e acrescentou, “pelo menos nada lá dentro.”
“O Ritual da Lua Cheia é ótimo. Você vai gostar. Oh, quando a vampira traçar o
pentagrama na sua testa e dizem “seja abençoada” você tem que responder “seja
abençoada,” Shaunee explicou. “Então nos siga para o seu lugar no circulo.” Ela sorriu
segura para mim e correu para entrar no aposento.
“Espera.” Eu agarrei a manga de Stevie Rae. “Eu não quero parecer idiota, mas um
pentagrama não é um sinal de maldade ou algo assim?”
“Foi o que eu pensei também, até eu chegar aqui. Mas esse negocio de maldade é o
que as Pessoas de Fé querem que você acredite para que... droga,” ela disse dando nos
ombros, “eu nem tenho certeza porque eles querem que as pessoas – bem, humanos
quero dizer – acreditem que é um sinal de maldade. A verdade é que a um zilhão de anos
atrás o pentagrama era um sinal de sabedoria, proteção, perfeição. Coisas boas. É só uma
estrela de cinco pontas. Quatro dessas pontas significam os 4 elementos. A quinta, a que
aponta para cima, é um sinal de espírito. Só isso. Não tem bicho papão aqui.”
“Controle.” Eu murmurei, feliz por termos uma razão para parar de falar da morte de
Elizabeth.
“Huh?”
“As Pessoas de Fé querem controlar tudo, e parte desse controle é que todos tem
que acreditar na mesma coisa. É por isso que eles querem que as pessoas acreditem que
um pentagrama é um sinal de mal.” Eu balancei a cabeça enojada. “Esqueça. Vamos.
Estou mais pronta do que achava. Vamos entrar.”
Entramos mais profundamente no salão e eu ouvi água corrente. Passamos por uma
linda fonte, e então a entrada fez uma curva para a esquerda. Em uma entrada de pedra
arqueada estava parada uma vampira que eu não reconheci. Ela estava vestida totalmente
de preto – uma longa saia e uma blusa de manga. A única decoração que ela tinha nela
era a bordado da figura da deusa no peito. O cabelo dela era longo e cor de trigo. Espirais
azul safira irradiavam da lua crescente pelo rosto perfeito dela.
“Essa é Anastasia. Ela ensina a matéria de Feitiços e Rituais. Ela também é a esposa
do Dragon,” Stevie Rae sussurrou rapidamente antes dela ir em direção da vampira e
respeitosamente colocar o punho por cima do coração.
Anastasia sorriu e mergulhou o dedo numa tigela de pedra que ela estava segurando.
Então ela tracejou a estrela de cinco pontas na testa de Stevie Rae.
“Abençoada seja, Stevie Rae,” ela disse.
“Abençoado seja,” Stevie Rae respondeu. Ela me deu um olhar encorajador antes de
desaparecer no salão esfumaçado mais a frente.
Eu respirei fundo e fiz uma decisão consciente te tirar meus pensamentos em relação
a Elizabeth, e dos “e se” da cabeça – pelo menos durante o ritual. Eu me movi
propositalmente no espaço vazio na frente de Anastasia. Imitando Stevie Rae, eu coloquei
meu punho no coração.
A vampira mergulhou o dedo no que agora eu pude ver que era óleo. “Merry meet*
(*alegre encontro), Zoey Redbird, bem vinda a House of Night e a sua nova vida,” ela
disse enquanto tracejava o pentagrama na minha testa em cima da minha Marca. “E
abençoada seja.”
“Abençoada seja,” eu murmurei, surpresa pelo elétrico calafrio que passou pelo meu
corpo quando a estrela foi desenhada na minha testa.
“Entre e junte-se a seus amigos,” ela disse gentilmente. “Não tem porque estar
nervosa, eu acredito que a deusa já está cuidando de você.”
“O-obrigado,” eu disse, me apressando para entrar. Tinha velas em todo lugar.
Enormes e grandes presas do teto em lustres de ferro. Várias velas estavam alinhadas nas
paredes. No templo, os castiçais não tinha luz de lanternas, como no resto da escola. Aqui
eles eram de verdade. Eu sabia que esse lugar costumava ser uma igreja das Pessoas de
Fé dedicada ao St. Augustine, mas não parecia como nenhuma igreja que eu já tinha
visto. Além de ser iluminada apenas por luz de velas, não havia bancos. (E, por sinal, eu
realmente não gosto dos bancos – eles poderiam ser mais desconfortáveis?) Na verdade,
o único móvel no grande salão era uma antiga mesa de madeira situada no centro do que
era parecido com o que tinha no salão de jantar - mas esse não estava cheio de comida e
vinho nem nada disso. Também tinha uma estátua de mármore da deusa, os braços
abertos e parecendo muito com o desenho que os vampiros usavam no peito. Tinha um
enorme candelabro na mesa, com gordas e brancas velas queimando, assim como vários
incensos.
Então meus olhos foram pegos pela chama queimando de um intervalo do chão de
pedra. Ela queimava selvagemente, suas chamas amarelas altas. Era lindo, de um jeito
controlado e perigoso, e eu lembrei do desenho na minha testa. Graças a Deus, Stevie
Rae balançou as mãos chamando minha atenção, antes deu seguir meu impulso de me
aproximar da chama, e então eu notei, me perguntando como eu não tinha visto desde o
inicio, que havia um enorme circulo de pessoas – estudantes e vampiros adultos – se
esticando ao redor das pontas do salão. Me sentindo nervosa e apavorada ao mesmo
tempo, eu fiz meus pés se moverem para tomar meu lugar no circulo ao lado de Stevie
Rae.
“Finalmente,” Damien disse baixinho.
“Desculpe o atraso,” eu disse.
“Deixe ela em paz. Ela já está nervosa o suficiente,” Stevie Rae disse a ele.
“Shhh! Está começando,” Shaunee sussurrou.
Quartanistas pareceram se materializar dos cantos escuros do salão para se tornar
uma mulher que fez seu caminho para quatro pontos dentro do circulo, como as quatro
direções de uma bússola. Mais duas pessoas entraram pela porta que eu tinha acabado de
passar. Um deles era um homem alto – bem, risque isso – era um vampiro (todos os
adultos eram vampiros), e, oh meu Deus, ele era quente. Agora, aqui estava um excelente
exemplo de um estereótipo do vampiro lindo, perto e pessoal. Ele tinha mais de 1,80m e
parecia pertencer ao cinema.
“E aí está a única razão do porque estou fazendo a aula de poesia,” Shaunee
sussurrou.
“Estou com você nessa, Gêmea,” Erin respondeu de forma sonhadora.
“Quem é ele?” eu perguntei a Stevie Rae.
“Loren Blake, o Vampiro Poeta Laureate. Ele é o primeiro poeta masculino em 200
anos. Literalmente,” ela sussurrou. “E ele é único com vinte e poucos anos, em anos
verdadeiros, não só na aparência.”
Antes deu falar qualquer outra coisa, ele começou a falar a minha boca estava muito
ocupada estando aberta devido ao som da voz dele para mim fazer qualquer coisa a não
ser escutar.
Ela anda na beleza, como a noite
De climas tempestuosos e céus estrelados
Enquanto ele falou ele se moveu devagar em direção ao circulo. Como se a voz dele
fosse musica, a mulher que entrou no salão com ele começou a se balançar, e então ela
dançou graciosamente envolta do circulo vivo.
E o melhor da escuridão e da claridade
Se encontra nela e nos olhos dela...
A mulher que dançava tinha a atenção de todos. Com um choque eu percebi que era
Neferet. Ela estava usando um longo vestido de seda e tinha pequenos cristais em toda
volta, para que a luz das velas pegasse cada um dos movimentos que ela fazia brilhar
como as estrelas que enchiam o céu. Os movimentos dela pareciam trazer a vida as
palavras do velho poema (pelo menos minha mente estava funcionando bem o suficiente
para mim reconhecer o “Ela anda em beleza” do Lord Byron).
Assim dessa forma suave para essa luz gentil
Que o paraíso muitos dias negou.
De algum jeito Neferet e Loren conseguiram terminar no centro do circulo enquanto
ele terminou de recitar. Então Neferet pegou uma taça da mesa e levantou, como se
estivesse oferecendo um brinde ao circulo.
“Bem vindos crianças de Nyx para a celebração da deusa para a lua cheia!”
Os vampiros adultos falaram em coro, “Merry meet.”
Neferet sorriu e pôs a taça de volta a na mesa e pegou uma longa e branca vela que
já estava acessa e parada no castiçal. Então ela andou pelo circulo para olhar para uma
vampira que eu não conhecia que estava parada no que deveria ser a ponta do circulo. A
vampira a saudou, a mão em cima do peito, antes de virar para que suas costas estivesse
na frente de Neferet.
“Psst!” Stevie Rae sussurrou. “Todos olhamos para as 4 direções enquanto Neferet
evoca os quatro elementos e lança o circulo de Nyx. Leste e vento vem primeiro.”
Então todos, incluindo eu embora eu tenha sido meio devagar, se virou para leste.
Pelo canto do olho eu pude ver que Neferet ergueu os braços por cima da cabeça
enquanto a voz dela passou pelas paredes de pedra do templo.
“Do leste eu invoco o ar e peço que você carregue para esse circulo o dom do
conhecimento que o nosso ritual será preenchido por aprendizado.”
No segundo que Neferet começou a invocar eu senti o ar mudar. Se movia ao meu
redor, esvoaçando meu cabelo e enchendo meus ouvidos com o som do vento suspirando
pelas folhas. Eu olhei ao redor, esperando ver que todo mundo tivesse sido pego num
pequeno vendaval, mas não notei o cabelo de mais ninguém se bagunçar. Estranho.
A vampira que estava parada no leste puxou uma vela amarela das dobras do
vestido, e então Neferet a acendeu. A vampira a levantou no ar, e então a colocou, nos
seus pés.
“Vire a direita, pelo fogo,” Stevie Rae sussurrou de novo.
Nós viramos e Neferet continuou. “Do sul eu invoco o fogo e peço que a sua luz
nesse círculo dê o dom da força e vontade, para que nosso ritual seja ligado e poderoso.”
O vento que estava soprando suavemente contra mim foi substituído pela sensação
de calor. Não era exatamente desconfortável; era mais como a sensação de quando você
mergulha na banheira quente, mas era quente o bastante para me fazer suar um pouco.
Eu olhei para Stevie Rae. A cabeça dela estava levemente erguida e seus olhos estavam
fechados. Não havia sinal de suor no rosto dela. A intensidade do calor de repente
aumentou um pouco, e eu olhei para Neferet. Ela tinha acesso uma enorme vela vermelha
que Penthesilea estava segurando. Então, assim como a vampira do vento tinha feito,
Penthesilea a levantou em oferenda antes de colocar em seus pés.
Dessa vez eu não precisei do aviso de Stevie Rae para virar de novo para o oeste. De
algum jeito, eu sabia para onde eu precisava virar, e que o próximo elemento a ser
invocado seria a água.
“Do oeste eu invoco a água e peço que você limpe esse circulo em compaixão, que a
luz da lua cheia possa ser usada para conceder a cura para nosso grupo assim como
entendimento.”
Neferet acendeu a vela azul da vampira que estava virada para oeste. A vampira a
levantou, e a colocou nos pés enquanto o som das ondas enchiam meus ouvidos e o
cheiro salgado de mar enchia meu nariz. Ansiosa, eu completei o circulo virando para o
norte, e sabia que estaria abraçando a terra.
“Do norte eu invoco a terra e peço que você cresça neste circulo o dom da
manifestação, que os desejos e rezas dessa noite sejam frutíferos.”
De repente eu podia sentir a suavidade de um gramado nos meus pés, e eu senti o
cheiro da relva e ouvi pássaros cantando. Uma vela verde foi acessa e colocado nos pés
da “terra.”
Eu provavelmente deveria ter ficado com medo das estranhas sensações que
passaram por mim, mas elas me encheram com a mais incrível leveza – eu me sentia
bem! Tão bem que quando Neferet olhou para a chama que queimava no centro do salão
e o resto de nós virou para o interior do circulo eu tive que pressionar meus lábios com
força para não rir em voz alta. O poeta lindo de cair morta estava parado perto do fogo e
Neferet e eu podíamos ver que ele estava segurando uma enorme vela púrpura na mão.
“E finalmente, eu invoco o espírito para completar nosso circulo e pedir que você nos
encha de conexão, para que, como seus filhos, possamos prosperar juntos.”
Incrivelmente, eu senti meu próprio espírito se levantar, como se houvesse aves de
pássaro flutuando dentro do meu peito, enquanto o poeta acendia a vela pela enorme
chama e então a colocou na mesa. Então Neferet começou a se mover pelo circulo,
falando conosco, encontrando nossos olhos, nos incluindo nas palavras dela.
“Essa é a hora da lua cheia. Todas as coisas se encerram e recomeçam, até mesmo
os filhos de Nyx, os vampiros dela. Mas nessa noite os poderes da vida, da mágica, e da
criação são mais forte – assim como nossa deusa lua. Essa é a hora de construir... de
fazer.”
Meu coração estava batendo tão rápido enquanto eu observava Neferet falar, e eu
percebi que ela estava dando um sermão. Esse não era um sermão de adoração, mas ao
fazer isso no circulo fez com que as palavras de Neferet me tocassem como nenhum outro
sermão que eu já tinha visto. Eu olhei ao redor. Talvez fosse o lugar. O salão estava cheio
de incenso e mágica e luzes de velas. Neferet era tudo que uma Alta Sacerdotisa deveria
ser. A beleza dela era uma chama própria, e a voz dela era mágica ao ponto de chamar a
atenção de todos. Ninguém estava deitado dormindo ou escondido jogando joguinhos.
“Essa é a hora quando o véu em que o mundano e a força a beleza do reino da
deusa se juntam. Nessa noite um ira transcender as fronteiras do mundo com facilidade, e
conhecer a beleza e encantamento de Nyx.”
Eu podia sentir as palavras dela contra a minha pele e perto da minha garganta. Eu
tremi e a Marca na minha testa de repente pareceu esquentar e formigar. Então o poeta
começou a falar em sua profunda e poderosa voz.
“Essa é a hora de traçar o celestial ser, de virar as cordas do espaço e do tempo para
trazer a Criação. Porque a vida é um circulo assim como é um mistério. Nossa deusa
entende isso, assim como o marido dela, Erebus.”
Quando ele falou me senti melhor em relação a morte de Elizabeth. De repente não
parecia tão assustador, tão horrível. Parecia mais parte do mundo natural, um mundo
onde todos temos um lugar.
“Luz... escuridão... dia... noite... vida... está tudo ligado junto pelo espírito e o toque
da deusa. Se mantivermos o balanço e olharmos para a deusa como se pudéssemos a
lançar um feitiço da lua e o adaptar com um tecido de pura substancia mágica para
manter conosco todos os dias das nossas vidas.”
“Fechem seus olhos, Crianças de Nyx,” Neferet disse “e mandem um secreto desejo
para nossa deusa. Hoje a noite, quando o véu entre os mundos se afinar – quando mágica
estiver no mundano – talvez Nyx faça seu desejo se realizar e te encher com a felicidade
de um sonho realizado.”
Mágica! Eles realmente estão rezando por mágica! Iria funcionar – poderia funcionar?
Há realmente mágica no mundo? Eu lembrei do jeito como meu espírito foi capaz de ver
palavras e como a deusa me chamou com a sua voz visível pela caverna e então me
beijou na testa e mudou minha vida para sempre. E como, a apenas alguns momentos
atrás, eu senti o poder de Neferet chamando os elementos. Eu não tinha imaginado – eu
não podia ter imaginado.
Eu fechei os olhos e pensei sobre a mágica que parecia estar me cercando, e então
enviei meu desejo pela noite. Meu desejo secreto é fazer parte... que eu finalmente tenha
encontrado um lar que ninguém poderá tirar de mim.
Apesar do estranho calor na minha Marca, minha cabeça estava leve e eu estava
muito feliz enquanto Neferet pediu para nós abrirmos nossos olhos e, com uma voz que
era poderosa e suave – mulher e guerreira combinados – ela continuou o ritual.
“Essa é a hora da viagem não vista na lua cheia. A hora para ouvir a música não
modificada pelas mãos humanas ou vampiras. É o tempo para união com o vento que nos
carrega” – Neferet curvou sua cabeça levemente para o leste – “e do choque do travam
que imita as fagulhas da primeira vida.” Ela virou a cabeça para o sul. “É o tempo para
revelar no eterno mar e na quente chuva que nos acalma, assim como a verde terra que
nos envolve e nos mantém.” Ela reconheceu o oeste e o norte virando.
Cada vez que Neferet nomeou um elemento pareceu que um toque de uma doce
eletricidade passou pelo meu corpo.
E então as 4 mulheres que personificaram os elementos moveram-se em direção a
mesa. Com Neferet e Loren, cada um deles levantou uma taça.
“Todos saúdem, a deusa da Noite e a lua cheia!” Neferet disse. “Todos saúdem a
Noite, de quem as nossas bênçãos vem. Nesta noite agradecemos a ti!”
Ainda segurando as taças, as quatro mulher voltaram para seus lugares no circulo.
“No poderoso nome de Nyx,” Neferet disse.
“E de Erebus,” o poeta acrescentou.
“Nós pedimos do seu sagrado circulo que você nos dê o conhecimento para falar a
linguagem da floresta, para voar com a liberdade de um pássaro, para viver com o poder
e a graça de um felino, e para encontrar êxtase e alegria na vida que mexe com cada
parte de nosso ser. Abençoado seja!”
Eu não conseguia parar de rir. Eu nunca ouvi esse tipo de coisa na igreja antes, e eu
com certeza nunca me senti tão energizada lá também!
Neferet bebeu da taça que ela segurava, e então ela a ofereceu para Loren, que
bebeu e disse “abençoada seja.” Imitando a ação deles, as 4 mulheres se moveram
rapidamente pelo circulo, permitindo que cada pessoa, calouro ou adulto, bebesse da
taça. Quando foi minha vez eu estava feliz por ver o rosto familiar de Penthesilea me
oferecer um gole e uma benção. O vinho era vermelho e eu achei que ele fosse amargo,
como o gole que eu tomei do Cabernet da minha mãe uma vez (e definitivamente não
gostei), mas não era. Era doce e apimentado e fez minha cabeça ficar ainda mais leve.
Quando todos tinham tomado um gole, as taças retornaram a mesa.
“Hoje a noite eu quero que cada um de nós passe pelo menos um momento ou dois
sozinho na luz da lua cheia. Deixe a luz refrescar você e te ajudar a lembrar o quão
extraordinário você é... ou que você está se tornando.” Ela sorriu para alguns calouros,
incluindo eu. “Se aqueça com sua raridade. Revele sua força. Ficamos separados do
mundo por causa de nossos dons. Nunca esqueçam disso, porque vocês podem ter
certeza que o mundo não esquecera. Agora vamos fechar o circulo e abraçar a noite.”
Em ordem reversa, Neferet agradeceu cada elemento e os mandou embora conforme
cada vela era apagada, e quando ela fez isso em senti um pouco de tristeza, como se eu
estivesse dando tchau para um amigo. Então ela completou o ritual dizendo, “esse ritual
terminou. Merry meet e merry part* (*feliz caminhos separados) e merry meet de novo!”
A multidão respondeu: Merry meet e merry part e merry meet de novo!”
E foi isso. Meu primeiro ritual da deusa terminou.
O circulo se separou rapidamente – mais rapidamente do que eu gostaria. Eu queria
ficar ali e pensar sobre as coisas incríveis que eu tinha sentido, especialmente quando os
elementos foram chamados, mas isso era impossível. Eu fui carregada para fora do templo
em uma confusão de conversa. Eu estava feliz por todos estarem tão ocupados
conversando que ninguém notou o quão quieta eu estava; eu não achei que eu podia
explicar para eles o que tinha acabado de acontecer comigo. Diabos! Eu não podia
explicar para mim mesma.
“Hey, você acha que vamos ter comida chinesa de novo hoje a noite? Eu adoraria
que na lua cheia eles servisse aquele gostoso moo goo depois,” Shaunee disse. “Sem
mencionar que meu biscoito da sorte disse “você vai fazer um nome para si,” o que é bem
legal.”
“Eu estou tão faminta que não me importa com o que eles nos alimentem desde que
nos alimentem,” Erin disse.
“Eu também,” Stevie Rae disse.
“Pela primeira vez concordo totalmente,” Damien disse, ligando seus braços com
Stevie Rae e eu. “Vamos comer.”
E de repente eu me lembrei. “Uh, gente.” Aquele sentimento de formigamento bom
que o ritual tinha me dado sumiu. “Eu não posso ir. Eu tenho que-“
“Somos idiotas.” Stevie Rae bateu na própria cabeça forte o bastante para fazer um
som de batida. “Esquecemos totalmente.”
“Ah, merda!” Shaunee disse.
“As bruxas do inferno,” Erin disse.
“Quer que eu guarde um prato para você ou algo?” Damien perguntou docemente.
“Não. Afrodite disse que vai me alimentar.”
“Provavelmente carne crua,” Shaunee disse.
“Yeah, de algum pobre garoto que ela pegou na nojenta teia de aranha dela,” Erin
disse.
“Com isso ela quer dizer aquela entre as pernas dela,” Shaunee explicou.
“Pare, você está assustando Zoey,” Stevie Rae disse enquanto ela começava a me
levar em direção a porta. “Eu vou mostrar para ela o caminho, encontro vocês na mesa.”
Lá fora eu disse, “Ok, me diga que eles estavam brincando sobre a carne crua.”
“Elas estavam brincando?” Stevie Rae disse nada convincente.
“Ótimo. Eu nem gosto quando o bife está mal passado. O que eu vou fazer se eles
realmente tentarem me alimentar com carne crua?” eu recusei a pensar sobre que tipo de
carne crua poderia ter.
“Eu acho que eu tenho uma pastilha em algum lugar na minha bolsa. Você quer?”
Stevie Rae perguntou.
“Sim,” eu disse, já me sentindo nauseada.
DEZESSEIS
“É isso.” Stevie Rae parou, parecendo desconfortável e apoplética enfrente aos
degraus que levavam um prédio de tijolos situado em uma pequena encosta que aparecia
na parte oriental dos arredores da escola. Enormes carvalhos estavam envoltos na
escuridão dentro da escuridão, então eu mal podia ver os pontos de luz de velas da
entrada. Nenhum fio de luz estava vindo das escuras janelas que eram longas e
arqueadas e pareciam ser feitas de vidro chateado.
“Ok, bem, obrigado pelas pastilhas.” Eu tentei parecer brava. “E guarde um lugar
para mim. Isso realmente não pode levar muito tempo. Eu devo terminar isso e me juntar
a vocês para o jantar.”
“Não se apresse. Verdade. Você pode encontrar alguém que você gosta e ficar com
ele. Não se preocupe se você encontrar. Eu não vou ficar braba e só vou dizer a Damien e
as Gêmeas que você está fazendo reconhecimento do inimigo.”
“Eu não vou me tornar um deles, Stevie Rae.”
“Eu acredito em você,” ela disse, mas os olhos dela pareciam suspeitosamente
grandes e redondos.
“Eu vejo você logo.”
“Ok. Vejo você logo,” ela disse, e começou a seguir a calçada em direção ao prédio
principal.
Eu não queria ver ela se afastar – ela parecia toda miserável e um filhotinho abatido.
Ao invés disso eu subi os degraus e disse a mim mesma que isso não seria grande coisa –
nada pior que a vez que a minha irmã Barbie me convenceu a ir campo das lideres de
torcida com ela (eu não sei o que diabos eu tava pensando). Pelo menos esse fiasco não
duraria uma semana. Elas provavelmente fariam outro circulo, o que era bem legal, fariam
alguma reza diferente como Neferet fez, e então jantaríamos. Esse seria minha
oportunidade de sorrir e escapar. Fácil – fácil.
As tochas dos lados da porta de madeira estava acessas por gás e não pelos
candelabros igual era no templo de Nyx. Eu levantei minha mão em direção a pesada
aldrava, mas, com um som que era perturbamente parecido a um suspiro, ela abriu com
meu toque.
“Merry meet, Zoey.”
Oh. Meu. Deus. Era Erik. Ele estava vestido todo de preto, e seu cabelo preto e seu
insanamente olhos azuis me lembravam de Clark Kent – bem, ok, sem os óculos nerd e o
cabelo arrumado para trás... então... eu suponho que isso significa que ele na verdade me
lembra (de novo) do Superman – bem, sem a capa ou o colante ou o grande S...
Então a falação na minha cabeça parou quando o dedo dele cheio de olho deslizou
pela minha testa, traçando um pentagrama.
“Abençoado seja,” ele disse.
“Abençoado seja,” eu respondi, e ficaria eternamente grata por minha voz não ter
grasnado ou ficado grossa ou fina. Ah, cara, ele cheirava tão bem, mas eu não conseguia
identificar qual era esse cheiro. Não era o cheiro de nenhuma das colônias usadas demais
que os caras aplicam galões. Ele cheirava a... ele cheirava a... a floresta a noite logo
depois de chover... algo terreno e limpo e...
“Você pode entrar,” ele estava dizendo.
“Oh, uh, obrigado,” eu disse brilhantemente. Eu entrei. E então parei. No interior
estava uma enorme sala. As paredes de forma circular estavam envolvidas em veludo
preto, bloqueando totalmente as janelas e a luz do luar. Eu podia ver que por baixo das
pesadas cortinhas haviam estranhas formas, o que começou a me assustar até que eu
percebi que – oláá – essa era uma sala de recreação. Eles devem ter empurrado as TVs e
os games para os lados da sala e os coberto para que tudo parecesse, bem, assustador.
Então minha atenção foi capturada pelo circulo. Estava situado no meio da sala e feito
inteiramente de velas em altos recipientes vermelhos, como as velas de reza que você
pode comprar nas sessões de comida mexicana de uma mercearia que cheiram a rosas e
a senhoras. Deveria ter mais de 100 delas acessas e os garotos estavam parados em um
circulo solto atrás delas conversando e rindo com a luz fantasmática que era manchada
em de vermelho. Todos estavam usando preto e eu notei imediatamente que nenhum
deles estava usando algo bordado com as insígnias correspondente as séries, mas cada
um deles usava uma corrente prateada que brilhava ao redor do pescoço deles com um
estranho símbolo. Parecia duas luas crescentes posicionadas de costas uma pra outra
contra uma lua cheia.
“Aí está você, Zoey!”
A voz de Afrodite passou pela sala logo a frente do corpo dela. Ela estava usando um
longo vestido preto que brilhava devido as contas de onyx, o que estranhamente me
lembrou a versão negra da beleza brilhante de Neferet. Ela usava o mesmo colar que as
outras, mas o dela era maior e tracejado com jóias vermelhas que poderiam ser granada.
O cabelo loiro dela estava preso e caia ao redor dela como um véu dourado. Ela era
totalmente bonita demais.
“Erik, obrigada por fazer a Zoey se sentir bem vinda. Eu assumo daqui.” Ela soava
normal, e ela até colocou a ponta do dedo no braço do Erik por um segundo em que os
desenformados poderiam pensar ser um gesto amigável, mas o rosto dela era uma
história totalmente diferente. Era duro e frio, e os olhos dela pareciam tão afiados quanto
os dele. Erik mal olhou para ela, e ele definitivamente se afastou do toque dela. Então ele
me deu um rápido sorriso, sem olhar para Afrodite de novo, e se afastou.
Ótimo. Exatamente o que eu não precisava era me meter no meio de uma horrível
separação. Mas eu não consegui impedir o fato de que meus olhos seguiram os dele pela
sala.
Eu sou idiota. De novo. Eu suspirei.
Afrodite limpou a garganta, e eu tentei (sem sucesso) não parecer que tinha sido
pega fazendo algo que eu não devia. O sorriso maldoso dela disse que havia
absolutamente nenhuma duvida que ela notou meu interesse em Erik (e o interesse dele
em mim). E, de novo, eu me perguntei se ela sabia que tinha sido eu no corredor no dia
anterior.
Bem, não era como se eu pudesse perguntar a ela.
“Você precisa se apressar, mas eu trouxe algo para você se trocar.” Afrodite estava
falando rápido enquanto ela fez menção para mim seguir ela para o banheiro feminino.
Ela me jogou um olhar de nojo por cima dos ombros. “Não é como se você pudesse vir a
um ritual das Filhas Negras vestida desse jeito.” Quando estávamos no banheiro ela
bruscamente me deu um vestido que estava pendurado em uma divisão e meio que me
empurrou para dentro. “Você pode colocar suas roupas no cabide e carregar eles de volta
com você para o dormitório desse jeito.”
Não parecia haver nenhuma discussão com ela e, de qualquer forma, eu já me sentia
como uma estranha mesmo. Estar vestida diferente me fez sentir como se eu tivesse
aparecido para a festa vestida como um pato, mas ninguém me disse que não era uma
festa a fantasia então todo o resto estava usando jeans.
Eu rapidamente tirei as minhas roupas e pus o vestido preto por cima da minha
cabeça, suspirando de alivio quando ele serviu. Ele era simples, mas lisonjeiro. O material
era suave e não marcava. Tinha mangas longas e um busto redondo que mostrava a
maior parte dos meus ombros (que bom que estava usando um sutiã preto). Ao redor do
busto, a ponta da longa manga, e nas borda, que era bem acima do meu joelho, haviam
contas pequenas de um vermelho brilhante. Era bem bonito. Eu coloquei meus sapatos de
volta, pensando, feliz, que um bom par de rasteirinha vai com quase qualquer roupa, e sai
do banheiro.
“Bem, pelo menos serve.” Eu disse.
Mas eu notei que Afrodite não estava olhando para o vestido. Ela estava olhando
para a minha Marca, o que me incomodou muito. Ok, minha Marca era colorida – supere
de uma vez! Mas eu não disse nada. Eu quero dizer, isso era a “festa” dela e eu era uma
convidada. Tradução: eu estava totalmente sem ajuda, então é melhor eu ser boazinha.
“Eu vou liderar o ritual, é claro, então eu vou estar muito ocupada para segurar sua
mão.”
Ok, eu deveria só manter a boca fechada, mas ela estava me irritando. “Olha,
Afrodite, eu não preciso que você segure minha mão.”
Os olhos dela se estreitaram e eu me segurei para outra cena da garota psicopata.
Ao invés disso ela sorriu um sorriso totalmente nada legal que a fez parecer um cão
rabugento. Não que eu estivesse chamando ela de cadela, mas a analogia parece
assustadoramente certa.
“É claro que você não precisa que segurem sua mão. Você só vai passar pelo
pequeno ritual como você passa por tudo o resto. Eu quero dizer, afinal de conta, você é a
nova favorita da Neferet.”
Maravilha. Fora dos problemas com Erik e a estranheza da minha Marca, ela estava
com ciúmes por Neferet ser minha mentora.
“Afrodite, eu não acho que sou a favorita de Neferet. Eu sou apenas nova.” Eu tentei
soar razoável, e até sorri.
“Tanto faz. Então, está pronta?”
Eu desisti de tentar ser razoável com ela e acenei, desejando que todo esse ritual
fosse rápido e acabasse de uma vez.
“Ótimo. Vamos.” Ela me levou para fora do banheiro e para o circulo. Eu reconheci as
duas garotas para qual andamos como as duas “bruxas do inferno” que tinham seguido
ela na cafeteria. Só que ao invés de estar usando uma cara de eu-acabei-de-comer-umlimão,
elas estavam sorrindo amigavelmente para mim.
Não. Eu não iria ser enganada. Mas eu sorri também. Quando em território inimigo é
melhor se misturar e parecer sem noção e/ou idiota.
“Olá, eu sou Enyo,” disse a mais alta das duas. Ela era, é claro, loira, mas seu longo,
era mais cor de praia do que dourado. Embora com a luz do candelabro fosse difícil ter
certeza qual clichê tinha uma descrição mais apropriada. E eu ainda não acreditava que
ela fosse uma loira natural.
“Oi,” eu disse.
“Eu sou Deino,” disse a outra garota. Ela era obviamente uma mistura e tinha uma
linda combinação de uma realmente bonita, café-com-creme pele e um excelente cabelo
encaracolado, que provavelmente nunca teve a coragem de frizzar, não importando a
umidade.
As duas eram estranhamente perfeitas.
“Olá,” eu disse de novo. Me sentindo mais do que um pouco claustrofóbica, e me
movi para o espaço que elas criaram.
“Vocês três aproveitem o ritual,” Afrodite disse.
“Oh, nós vamos!” Enyo e Deino falaram juntas. Eu virei minha atenção para longe
delas antes do meu melhor julgamento ganhar do meu orgulho e eu me prendi a sala.
Eu tinha uma boa visão da área interna do circulo, e de novo era similar ao templo
de Nyx, mas esse tinha uma cadeira perto a mesa e tinha alguém sentado nela. Bem,
meio que sentado. Na verdade, ele estava atirado na cadeira com um capuz cobrindo a
cabeça.
Bem... hmmm...
De qualquer jeito, a mesa estava envolvida com o mesmo veludo preto das paredes,
e tinha uma estátua da deusa nela, uma tigela de frutas e pão, várias taças, e um jarro. E
uma faca. Eu olhei de novo para ter certeza que estava vendo certo. Sim. Era uma faca –
tinha um cabo e uma longa e curvada lamina que parecia totalmente afiada demais para
ser usada para cortar fruta ou pão. Uma garota que eu pensei ter reconhecido do
dormitório estava acendendo vários incensos que estava no ornamentado suporte para
incenso, na mesa, e totalmente ignorado quem quer que fosse que estava na cadeira.
Droga, o garoto estava dormindo?
Imediatamente o ar começou a se encher de fumaça e eu juro estava meio
esverdeado, meio fantasmagórico, ao redor da sala. Eu esperei que cheirasse doce, como
o incenso no templo de Nyx, mas quando a fumaça chegou até mim e eu respirei era
surpreendentemente amarga. Era meio familiar e eu franzi a testa, tentando descobrir o
que aquilo me lembrava... merda, o que era? Era quase como folha de louro, com um
pouco de cravo da índia. (eu tinha que lembrar de agradecer a Vovó Redbird mais tarde
por me ensinar sobre temperos e seu cheiro.)
Eu cheirei de novo, intrigada, e minha cabeça ficou um pouco tonta. Estranho. Ok, o
incenso era estranho. Pareceu mudar enquanto enchia a sala, como um perfume caro que
muda dependendo da pessoa que o usa. Eu respirei de novo. Sim. Cravo da índia e folha
de louro, mas tinha algo mais; algo que fazia o cheiro terminar parecendo amargo e
diferente... escuro e místico e sedutor e... travesso.
Travesso? Então eu soube.
Bem, diabos! Eles estavam enchendo a sala com maconha misturada com temperos.
Incrível, eu agüentei a pressão por anos e disse não para até as ofertas mais educadas
para experimentar um daquelas coisas nojentas feitas em casa passada ao redor pelas
festas. (Eu quero dizer, por favor. Sequer é sanitário? E porque exatamente eu iria querer
uma droga que iria me fazer querer começar obsessivamente salgadinhos?) E agora ali
estava eu, imersa em maconha. Suspirei. Kayla nunca iria acreditar.
Então, me sentindo paranóica (provavelmente outro efeito colateral da maconha) eu
olhei ao redor do circulo, certa de ter visto um professor que estava pronto para nos atrair
para longe para... para... eu não sei, algo horrível, como os acampamentos que a Maury
envia todos os seus adolescentes problemáticos.
Mas, graças a Deus, diferente do circulo no templo de Nyx, não havia vampiros
adultos aqui, e apenas cerca de 20 adolescentes. Eles estavam falando baixo e agindo
como se o totalmente ilegal incenso de machona não fosse nada demais. (Cabeças de
Maconha.) Tentando respirar devagar, eu virei para a garota a minha direita. Quando em
duvida (pânico), converse bobagens.
“Então... Deino é um, bem, nome diferente. Significa algo especial?”
“Deino significa terrível;” ela disse, sorrindo docemente.
Do meu outro lado a loira alta se animou, “E Enyo significa pronto para a luta.”
“Huh,” eu disse, tentando ser educada.
“Yeah, Pemphredo, que significa arfar, é quem está acendendo o incenso,” explicou
Enyo. “Pegamos os nomes da mitologia grega. Elas eram as três irmãs de Gordon e Scylla.
Diz o mito que elas nasceram como bruxas que dividiam um olho, mas decidimos que era
provavelmente só bobagem propaganda devido a dominação dos homens escrita por
homens humanos que queriam manter as mulheres fortes controladas.”
“Verdade?” eu não sabia o que mais dizer. Verdade.
“Sim,” Deino disse. “Os homens humanos são uma droga.”
“Todos deveriam morrer,” Enyo disse.
Com essa idéia amorosa a musica de repente começou, fazendo impossível (graças a
Deus) falar.
Ok, a musica era perturbadora. Tinha uma profunda, e pulsante batida que era
antiga e moderna. Como se alguém tivesse misturado uma daquelas horríveis musicas de
sexo de um tribal ritual de acasalamento. E então, muito mais chocante, Afrodite começou
a dançar pelo circulo. Sim, eu suponho que daria para dizer que ela era gostosa. Eu quero
dizer, ela tinha um bom corpo e se movia como Catherine Zeta Jones em Chicago. Mas de
alguma forma não funcionou para mim. E eu não quero dizer por que eu não sou gay
(embora eu não seja gay). Não funcionou porque pareceu uma imitação pobre da dança
de Neferet “Ela anda em beleza.” Se essa musica fosse um poema seria mais como
“Alguma vadia da a bunda.”
Durante a dancinha de Afrodite todos estavam, naturalmente, olhando para ela,
então eu olhei ao redor do circulo, fingindo que eu não estava procurando por Erik, até...
oh, merda... eu o encontrei na direção quase oposta a minha. E ele era o único que na
sala que não estava olhando para Afrodite. Ele estava olhando para mim. Antes de
descobrir se eu deveria olhar para o outro lado, sorrir para ele ou acenar ou algo assim
(Damien tinha dito para sorrir para ele, e Damien era um auto proclamado expert em
caras), a musica parou e eu olhei do Erik para Afrodite. Ela estava parada no meio do
circulo na frente da mesa. De propósito, ela pegou uma grande vela púrpura em uma
mão, e a faca na outra. A vela estava acessa, e ela a carregou, segurando na frente dela
como um farol, para o lado do circulo onde eu agora notei estava uma vela amarela entre
as vermelhas. Eu não precisei de nenhum aviso da Terrível ou da Pronta para guerra (eca)
para me virar para o leste. Enquanto o vento passou pelo meu cabelo, pelo canto do olho
eu pude ver que ela tinha acendido a luz amarela e agora ela levantou a faca, desenhando
um pentagrama pelo ar enquanto falou:
Oh ventos de tempestade,
Em nome de Nyx eu chamo a ti para frente,
Lance a benção, eu peço,
Pela mágica que está acontecendo aqui!
Eu admito ela é boa. Embora não tão poderosa quanto Neferet, era obvio que ela
praticou o controle de voz e o som sedoso das palavras dela carregaram fácil. Viramos
para o sul e ela se aproximou de uma grande vela vermelha entre as outras vermelhas, e
eu pude sentir o que eu já estava reconhecendo como o poder do fogo e a mágica passou
pela minha pele.
Oh fogo do trovão, em nome da Nyx eu chamo a ti para frente, traga tempestades e
poder da mágica, eu peço a sua ajuda no feitiço que faço aqui!
Viramos de novo e, junto com Afrodite, eu me senti inesperadamente atraída pela
vela azul que estava entre as vermelhas. Embora tenha me assustado, eu tive que me
impedir de sair do circulo e me juntar a evocação dela pela água.
O correntes de chuva,
em nome de Nyx eu chamo a ti para frente.
Se junte a mim com sua inunda força,
em fazer desse o mais poderoso dos rituais!
O que diabos estava errado comigo? Eu estava suando e invés de me sentir só um
pouco quente, como durante o ritual de mais cedo, a Marca na minha testa estava quente
– muito quente – e eu juro que eu podia ouvir o rugido do mar nos ouvidos. Atordoada,
eu me virei para a direita.
O terra, profunda e úmida,
em nome de Nyx eu chamo a ti para frente,
que eu sinta a própria terra se mover no rugido da tempestade de poder que veio
quando você me ajudou nesse ritual!
Afrodite cortou o ar de novo, e eu pude sentir a palma da minha mão direita
formigar, como se eu sentisse a faca que cortava o ar.
Eu sentia o cheiro de grama cortada e eu ouvi o choro de um curiango, como se
estivesse enrolado invisível no ar ao meu redor. Afrodite se moveu de volta para o centro
do circulo. Colocando a vela púrpura ainda acessa no meio da mesa ela completou o
feitiço.
O espírito, selvagem e livre,
em nome de Nyx eu chamo a ti para frente!
Me responda!
Fique comigo durante esse ritual e me conceda teu poder de deusa!
E de alguma forma eu sabia o que ela ia fazer a seguir. Eu podia ouvir as palavras
dentro da minha mente – dentro do meu espírito. Quando ela ergueu a taça e começou a
andar pelo circulo eu senti as palavras dela, e embora ela não tivesse a pose ou o poder
de Neferet o que ela disse entrou em mim, como se eu estivesse de dentro para fora.
“Esse é o tempo da grandeza da nossa deusa lua. Existe gloria nessa noite. Os
antigos sabiam dos mistérios da noite, e o usavam para ficar mais fortes... e para cortar o
véu entre os mundos e tinham aventuras que hoje apenas sonhamos. Segredo...
mistério... mágica... verdadeira beleza e poder em forma vampirica – sem ser manchada
pelas regras ou leis humanas. Não somos humanos!” Com isso, a voz dela tocou contra as
paredes, como a de Neferet tinha feito antes. “E todos vocês Filhas e Filhos Negros
perguntam hoje a noite se esse rito é o que temos pedido a cada lua cheia desde o ano
passado. Liberte o poder em nós para que, como os felinos selvagens, saibamos a
flexibilidade do nosso animal interior e não sejamos ligados pelas correntes ou jaulas
humanas da ignorância e fraqueza deles.”
Afrodite parou bem na minha frente. Eu sabia que eu estava vermelha e respirando
com força, assim como ela. Ela levantou a taça e a ofereceu para mim.
“Beba, Zoey Redbird, e se junte a nós em pedir a Nyx pelo que é nosso por direito de
sangue e corpo e a Marca da nossa grande Mudança – A Marca com a qual ela já te
tocou.”
Sim, eu sei. Eu provavelmente deveria dizer não. Mas como? E de repente eu não
queria. Eu definitivamente não gostava ou confiava em Afrodite, mas o que ela estava
dizendo não era basicamente verdade? A reação da minha mãe e padrasto a Marca voltou
com força e claramente na minha memória, junto com o olhar de medo de Kayla e a
repulsão de Drew e Dustin. E como ninguém tinha me chamado, ou nem mesmo me
mandado uma mensagem, desde que eu tinha partido. Eles só me deixaram ser jogada
aqui para lidar com minha nova vida sozinha.
Me deixou triste, mas também me deixava irritada.
Eu peguei a taça de Afrodite e dei um gole grande. Era vinho, mas não tinha o gosto
do vinho do outro ritual. Esse era doce, também, mas tinha um tempero nele que não
tinha o gosto de nada que eu já experimentei antes. Causou uma explosão de sensações
na minha boca que viajaram com um quente e amargo traço pela minha garganta e me
encheu com um desejo tonto de beber mais e mais e mais.
“Abençoada seja,” Afrodite disse enquanto pegava a taça de mim, derramando um
pouco do liquido vermelho nos meus dedos. Então ela me deu um apertado e triunfante
sorriso.
“Abençoada seja,” eu respondi automaticamente. Ela se dirigiu até Enyo, oferecendo
a taça e eu não consegui me impedir de lamber os dedos para sentir um pouco mais do
gosto do vinho que tinha sido derramado ali. Era muito mais que delicioso. E o cheiro...
era um cheiro familiar... mas pela tontura na minha cabeça eu não consegui me
concentrar o bastante para descobrir o que eu tinha cheirado com esse incrível cheiro
antes.
Quase não levou tempo para Afrodite passar por todo o circulo, dando a cada um,
um gole da taça. Eu a observei de perto, desejando poder ter mais quando ela voltou para
a mesa. Ela levantou a taça de novo.
“Grandiosa e mágica deusa da Noite e da lua cheia, ela que cavalga entre o trovão e
a tempestade, guiando o espírito e os Anciões, linda e incrível, que até os mais antigos
devem obedecer, nos conceda o que é pedido. Nos encha com seu poder e mágica e
força!”
Então ela botou a boca na taça, e eu observei com inveja, enquanto ela bebia até a
ultima gota. Quando ela terminou de beber, a musica começou de novo. Sincronizada com
isso ela voltou para o circulo, dançando e rindo enquanto apagava cada vela e dava adeus
para cada elemento. E de alguma forma, enquanto ela se movia ao redor do circulo,
minha visão ficou toda errada porque o corpo dela piscou e mudou e foi como se eu
estivesse olhando para Neferet de novo – só que ela era mais nova, uma versão crua da
Alta Sacerdotisa.
"Merry meet and merry part e merry meet de novo!" ela finalmente disse. Todos
respondemos enquanto eu pisquei para minha visão clarear e a imagem estranha da
Afrodite-como-Neferet desapareceu, assim como a queimação na minha Marca. Mas eu
ainda sentia o gosto do vinho na língua. Era tão estranho. Eu não gostava de álcool. Sério.
Eu não gosto do gosto. Mas tinha algo nesse vinho que era delicioso além... bem, alem do
melhor chocolate de mundo (eu sei, é difícil acreditar). E eu ainda não consegui descobrir
porque parecia tão familiar.
Então todos começaram a andar e a falar e o circulo se desfez. A iluminação
aumentou o que nos fez piscar devido a luz. Eu olhei para o outro lado do circulo,
tentando ver se Erik ainda estava me olhando, e um movimento na mesa chamou minha
atenção. A pessoa que estava encapuzada e parada durante o ritual estava finalmente se
mexendo. Ele meio que se moveu, estranhamente colocando a si numa posição melhor
para sentar. O capuz da capa preta caiu, e eu estava chocada por ver aquele cabelo
alaranjado e nada atraente e um rosto sardento e branco demais.
Era aquele irritante garoto Elliott! Muito, muito estranho ele estar aqui. Poderia ser
que as Filhas e Filhos Negros o quisessem? Eu olhei ao redor da sala de novo. Sim, como
eu suspeitava, não havia ninguém feio ou parecendo nerd. Todos, e eu digo todos, com
exceção de Elliott eram atraentes. Ele definitivamente não se encaixava.
Ele estava piscando e bocejando e parecia que ele tinha cheirado muito incenso. Ele
levantou a mão para limpar algo no nariz (provavelmente uma meleca que ele gostava de
olhar depois) e eu vi a branca e grossa bandagem que estava envolvendo o pulso dele. O
que...?
Um terrível sentimento se arrastou pela minha espinha. Enyo e Deino estavam
paradas não muito longe de mim, conversando animadamente com a garota chamada
Pemphredo. Eu fui até elas e esperei até haver uma brecha na conversa. Fingindo que
meu estomago não estava tentando se apertar até morrer, eu sorri e acenei na direção de
Elliott.
“O que aquele garoto está fazendo aqui?”
Enyo olhou para Elliott enquanto virava os olhos. “Ele não é nada. Só o refrigerador
que usamos hoje a noite.”
“Que perdedor,” Deino disse, liberando Elliott com uma cara feia. “Ele é praticamente
humano,” Pempheredo disse enojada. “Não é de se admirar que tudo que ela seja bom é
ser um lanchinho.”
Meu estomago parecia que ia virar do avesso. “Espera, eu não entendo.
Refrigerador? Lanchinho?”
Deino a Terrível virou seu arrogante olhar para mim. “É assim que chamamos os
humanos – refrigeradores e lanchinhos. Você sabe – café da manha, almoço, e jantar.”
“Ou qualquer refeição entre isso,” a alegre Enyo praticamente ronronou.
“Eu ainda não-“ eu comecei, mas Deino me interrompeu.
“Oh, qualê! Não finja que você não soube dizer o que tinha no vinho, e que você não
amou o gosto.”
“Sim, admita, Zoey. Era obvio. Você teria tomado tudo – você queria até mais do que
nós. Vimos você lambendo os dedos,” Enyo disse, se inclinando e invadindo meu espaço
pessoal enquanto encarava minha Marca. “Isso deve fazer de você algum tipo de
aberração, não é? De algum jeito você é uma caloura e uma vampira, tudo em um, e você
queria mais do que só uma prova do sangue daquele garoto.”
“Sangue?” eu não reconheci minha própria voz. A palavra “aberração” continuou
ecoando na minha cabeça.
“Sim, sangue,” Terrível disse.
Eu senti calor e frio ao mesmo tempo e olhei para longe dos rostos conhecidos, para
os olhos de Afrodite. Ela estava parada do outro lado da sala falando com Erik. Nossos
olhos se encontraram e devagar, propositalmente, ela sorriu. Ela estava segurando a taça
de novo, e ela a levantou no mais imperceptível brinde para mim antes de tomar um gole
e virar de costas rindo de algo que Erik disse.
Me mantendo firme, eu dei uma desculpa idiota para a Pronta para Guerra, Terrível,
e Arfar, e andei calmamente para fora da sala. No segundo que eu fechei a porta de
madeira atrás de mim eu corri feito uma maluca cega. Eu não sabia onde estava indo, só
que eu queria ir embora.
Eu bebi sangue – sangue daquele horrível garoto Elliott – e eu gostei! E pior, o
delicioso cheiro tinha sido familiar porque eu tinha sentido ele antes quando as mãos de
Heath estavam sangrando. Não era uma colônia nova que eu tinha me sentido atraída;
tinha sido o sangue dele. E eu senti o cheiro de novo no corredor quando Afrodite tinha
cortado a coxa Erik e eu queria lamber o sangue dele também.
Eu era uma aberração.
Finalmente, eu não consegui respirar e cai na fria pedra da parede da protetora da
escola, procurando por ar e vomitando as tripas para fora.
DEZESSETE
Tremendo, eu limpei minha boca com as costas da minha mão e me afastei do
vomito (eu me recusei a sequer considerar o que eu vomitei e como deveria estar
parecendo) até que eu cheguei a um carvalho gigante que cresceu tão perto da parede
que metade dos galhos dele estavam do outro lado dele. Eu me inclinei contra a árvore,
me concentrando em não ficar enjoada de novo.
O que eu fiz? O que estava acontecendo comigo?
Então em algum lugar nos galhos do carvalho eu ouvi um miado. Ok, não era o
normal e comum miado de gato. Era mais como um irritado “me-eeh-uf-me-eef-uf-ronco.”
Eu olhei para cima. Empoleirado no galho que estava batendo contra a parede estava
um pequeno gato laranja. Ela estava me olhando com enormes olhos e definitivamente
parecia decepcionada.
“Como você chegou aqui?”
“Me-uf,” ela disse, espirrando, e caminhando pelo galho, claramente tentando se
aproximar de mim.
“Bem, vem aqui gatinho- gatinho- gatinho,” eu persuadi.
“Me-eeh-of-ow,” ela disse, chegando um pouco mais pra frente com suas pequenas
patinhas.
“Isso aí, vem aqui, garotinha. Mova suas pequenas patinhas pra cá.” Sim, eu estava
substituindo eu surtando para me canalizar em salvar o gato, mas a verdade é que eu não
podia pensar sobre o que tinha acontecido. Agora não. Era muito cedo. Muito recente.
Então o gato era uma excelente distração. Além do mais, ela parecia familiar. “Vem aqui
garotinha, anda...” eu continuei a conversa com ela enquanto eu forçava o dedo no duro
tijolo da parede e dava um jeito de me erguer alto o bastante para agarrar a parte mais
baixa do galho em que o gato estava. Então eu fui capaz de usar o galho como um tipo de
corda para subir mais, o tempo todo falando com o gato, enquanto ela continuava a
reclamar para mim.
Finalmente eu cheguei até o alcance dela. Nos olhamos por um longo tempo, e eu
comecei a me perguntar se ela sabia sobre mim. Ela podia perceber que eu provei (e
gostei) sangue? Eu tinha bafo de vomito de sangue? Eu parecia diferente? Eu tinha
ganhado presas? (Ok, a ultima pergunta era ridícula. Vampiros adultos não tem presas,
mas ainda sim.)
Ela “me-eeh-uf-oewd” pra mim de novo, e se moveu um pouco para mais perto. Eu a
alcancei e acariciei o topo da cabeça dela e então as orelhas dela baixaram e ela fechou
os olhos, ronronando.
“Você parece uma leoazinha,” eu disse a ela. “Vê como você é muito melhor quando
não está reclamando?” Então eu pisquei surpresa, quando percebi porque ela parecia tão
familiar. “Você estava no meu sonho.” E um pouco de felicidade passou pela parede de
enjôo e medo dentro de mim. “Você é minha gata!”
A gata abriu os olhos, bocejou, e espirrou de novo, como se fosse para comentar
porque eu tinha levado tanto tempo para descobrir. Com um grunhido de esforço subi
para sentar na parte larga do topo da parede junto ao galho onde o gato estava. Com um
suspiro de gatinho, ela pulou delicadamente no galho, para o topo da parede, e andou
com suas pequenas patas brancas até mim para pular em meu colo. Não parecia ter nada
para mim fazer a não ser acariciar a cabeça dela um pouco mais. Ela fechou os olhos e
ronronou alto. Eu acariciei o gato e tentei parar o tumulto na minha mente. O ar cheirava
como se pudesse chover, mas a noite estava extraordinariamente quente para o fim de
outubro, e eu coloquei minha cabeça para trás, respirando profundamente e deixando a
luz da lua que aparecia entre as nuvens me acalmar.
Eu olhei para a gata. “Bem, Neferet disse que deveríamos sentar na luz da lua.” Eu
olhei para o céu de novo. “Seria melhor se essas estúpidas nuvens fossem embora, mas
ainda sim...”
Eu mal falei as palavras quando um vento repentino passou por mim, de repente
mandando as nuvens embora.
“Bem, obrigado.” Eu falei em voz alta para nada em particular. “Esse foi um vento
muito conveniente.” A gata resmungou, me lembrando que eu tive a coragem de parar de
coçar as orelhas dela. “Eu acho que vou chamar você de Nala porque você é uma
leozinha.” Eu disse a ela, voltando a coçá-la. “Você sabe, garotinha, estou tão feliz por ter
te encontrado hoje; eu realmente precisava que algo bom acontecesse para mim depois
da noite que eu tive. Você não iria acredita-“
Um estranho cheiro passou por mim. Era tão estranho que fez eu parar com o que eu
estava dizendo. O que era isso? Eu cheirei e enruguei o nariz. Era um cheiro seco e velho.
Como uma casa que está fechada por tempo demais, ou algum velho porão assustador.
Não era um cheiro bom, mas também não era nojento a ponto de me deixar enjoada. Era
só errado. Como se não pertencesse ali a noite aberta.
Então eu vi algo pelo canto dos olhos. Eu olhei para baixo da longa parede feita de
tijolos. Parada ali, meio virada para mim como se não tivesse certeza em que lugar ela
queria ir, estava uma garota. A luz do luar, e meus sentidos melhorados para ver no
escuro, me permitiram ver ela embora não houvesse nenhuma luz perto da parede. Eu me
senti ficar tensa. Havia uma daquelas odiosas Filhas da Noite me seguido? De jeito
nenhum eu me sentia a vontade para lidar com mais da merda delas hoje a noite.
Eu devo ter feito o frustrado gemido que estava na minha mente, porque a garota
olhou para cima onde eu estava sentada no topo da parede.
Eu arfei chocada e senti o medo passar por mim.
Era Elizabeth! A Elizabeth Sem Sobrenome que deveria estar morta. Quando ela me
viu, os olhos dela, que eram de um estranho vermelho brilhante, se alargaram e ela fez
um estranho som antes de desaparecer com uma velocidade nada humana pela noite.
No mesmo instante, Nala arqueou as contas e assoviou com tanta ferocidade que o
pequeno corpo dela tremeu.
“Está tudo bem! Está tudo bem!” eu disse de novo e de novo, tentando acalmar a
gata e eu. Nós duas estávamos tremendo e Nala ainda estava ronronando baixo com a
garganta. “Não poderia ser um fantasmas. Não poderia ser. Era só... só... uma estranha
garota. Eu provavelmente a assustei e ela-“
“Zoey! Zoey! É você?”
Eu dei um pulo e quase cai da parede. Foi demais para Nala. Ela deu outro tremendo
assovio e pulou do meu colo para o chão. Completa e absolutamente apavorada, eu
agarrei o galho para me segurar e dar uma olhada na noite.
“Quem-quem é?” Eu chamei pela alta batida do meu coração. E então eu estava cega
pela luz de duas lanternas apontadas para mim.
“É claro que é ela! Como se eu não pudesse reconhecer a voz da minha melhor
amiga? Droga, ela não foi embora a tanto tempo!”
“Kayla?” eu disse, tentando proteger meus olhos do brilho das lanternas com a mão,
que estava tremendo feito louca.
“Bem, eu disse a você que iríamos encontrar ela,” a voz de um cara disse. “Você
sempre quer desistir cedo demais.”
“Heath?” Talvez eu estivesse sonhando.
“Sim! Whoo-hoo! Te encontramos, baby!” Heath gritou, e mesmo com o horrível
brilho eu podia ver ele se atirando na parede e então começando a subir como um alto,
loiro jogador de futebol macaco.
Inacreditavelmente aliviada por ser ele e não o bicho papão, eu falei para ele,
“Heath! Tenha cuidado. Se você cair você vai quebrar algo.” Bem, a não ser que ele caísse
de cabeça – daí ele provavelmente ficaria bem.
“Eu não!” ele disse, se puxando para cima para que ficasse sentado ao meu lado,
sentado na parede. “Hey, Zoey, olha só – olha para mim; eu sou o rei do mundo!” Ele
gritou, jogando os braços, rindo como um bobo, e jogando o cheiro de álcool em mim.
Não era de se admirar que eu me recusei a sair com ele.
“Ok, não a necessidade de para sempre gozar da minha cara pela minha infeliz exqueda
pelo Leonardo!” eu olhei para ele, me sentindo mais como eu mesma em horas.
“Na verdade, é como a minha ex-queda por você. Só que essa não durou tanto, e você
não fez um bando de filmes piegas, mas legais.”
“Hey, você ainda não está irritada com Dustin e Drew está? Esqueça eles! Eles são
retardados.” Heath disse, me dando o seu olhar de cachorrinho perdido, que costumava
ser bem fofo quando ele estava na oitava série. Pena que a fofura terminou de funcionar
para ele dois anos atrás. “E, de qualquer forma, viemos até aqui para te salvar.”
“O que?” eu balancei a cabeça e ri para ele. “Espera. Desligue essa lanterna. Elas
estão matando meus olhos.”
“Se eu desligar não vamos conseguir nos ver,” Heath disse.
“Ótimo. Então vire ela para o outro lado. Uh, aponte ela para lá ou algo assim,” Eu fiz
um gesto para longe da escola (e de mim). Heath virou a luz que ele estava apontado que
estava apontado pela noite, e Kayla também. Eu fui capaz de soltar minha mão, eu fiquei
feliz por ver que ela parou de tremer, e parei de olhar para os lados. Os olhos de Heath se
alargaram quando ele viu minha Marca.
“Olha só! Está colorida agora! Wow! É como... como... na TV ou algo assim.”
Bem, era bom ver que algumas coisas nunca mudam. Heath ainda era o Heath –fofo,
mas não o cara mais brilhante.
“Hey! E quanto a mim? Eu estou aqui também sabe!” Kayla disse. “Alguém me ajude
a chegar até aí, mas tenham cuidado. Deixe eu colocar minha bolsa no chão. Oh, e é
melhor eu tirar esses sapatos. Zoey, você não iria acreditar na promoção que você perdeu
ontem na Bakers. Todos os sapatos de verão deles totalmente em liquidação. Eu quero
dizer, seriamente em liquidação. 70% de desconto. Eu peguei 5 pares para...”
“Ajude ela a subir,” eu disse a Heath. “Agora. É o único jeito dela parar de falar.”
Sim. Algumas coisas não mudam.
Heath se mexeu até ficar de barriga, e então se inclinou para baixo para oferecer
uma mão para Kayla. Rindo, ela a agarrou e deixou ela a puxar para cima, para o topo da
parede conosco. E foi enquanto ela estava rindo e ele estava erguendo ela que eu vi – o
inconfundível jeito que Kayla ria e olhava e ficava corada com Heath. Eu conhecia tão bem
quanto sabia que nunca seria uma matemática. Kayla gostava de Heath. Ok, não gostava.
Ela gostava de Heath.
De repente o comentário culpado sobre me trair na festa que eu perdi fez perfeito
sentido.
“Então como vai Jared?” eu perguntei bruscamente, parando as risadinhas de K.
“Ok, eu acho,” ela disse sem me olhar nos olhos.
“Você acha?”
Ela mexeu os ombros e eu vi que por baixo da jaqueta de couro muito fofa dela eu vi
que ela estava usando a camiseta sem mangas e com rendas que costumávamos chamar
de Camiseta Boob, porque não só mostrava muito a clavícula, mas também era cor de
pele, então parecia que eu estava mostrando mais do que realmente estava.
“Eu não sei. Não conversamos muito nos últimos dias.”
Ela ainda não olhava para mim, mas ela olhou para Heath, que parecia sem noção –
mas esse era realmente o único olhar dele. Então minha melhor amiga estava dando em
cima do meu namorado. Agora isso me irritava, e de repente eu desejei que não fosse
uma noite tão agradável e quentinha. Eu queria que estivesse frio e Kayla congelasse seu
super desenvolvidos peitos.
Do norte o vento nos envolveu de repente, viciosamente, trazendo o maior frio.
Tentando não parecer obvia, Kayla puxou a jaqueta mais para perto e riu de novo,
dessa vez de nervosa ao invés de flertando, e eu senti o cheiro de cerveja e algo mais.
Algo que tão recentemente está impresso nos meus sentidos que eu estava surpresa por
não o sentir imediatamente.
“Kayla você andou bebendo e fumando?”
Ela tremeu e piscou para mim como um coelho bem devagar. “Só um pouco. De
cerveja, eu quero dizer. E, bem, um, Heath fumou um baseado pequeno e eu estava
muito, muito assustada para vir aqui, então eu experimentei um pouco.”
“Ela precisava de um incentivo,” Heath disse, mas ele nunca foi bom com palavras
maiores que duas silabas, então pareceu in-centi-vum.
“Desde quando você começou a fumar maconha?” eu perguntei a Heath.
Ele riu. “Não tem nada demais, Zo. Eu só fumo um baseado de vez enquando. São
mais seguros que cigarros.”
Eu realmente odiava quando ele me chamava de Zo.
“Heath,” eu tentei soar paciente. “Eles não são mais seguros que cigarros, e mesmo
que sejam isso não diz muito. Cigarros são nojentos e eles matam você. E, seriamente, os
maiores perdedores da escola fumam maconha. Fora o fato que você realmente não pode
se dar ao luxo de perder mais células cerebrais.” Eu quase adicionei “ou esperma,” mas eu
não queria entrar nesse caminho. Heath definitivamente iria ter a idéia errado se eu
fizesse um comentário referente as partes masculinas dele.
“Nu uh,” Kayla disse.
“O que Kayla?”
Ela ainda estava agarrada na jaqueta se protegendo do frio. Os olhos dela mudaram
de coelho devagar demais, para gato puxado pela causa. Eu reconheci a mudança. Ela
fazia isso constantemente com pessoas que ela não considerava parte do seu grupo de
amigos. Costumava me deixar louca e eu iria gritar com ela e dizer que ela não deveria
ser tão má. Agora ela estava fazendo essa merda comigo?
“Eu disse nu uh porque não são só perdedores que fumam – pelo menos não só de
vez enquando. Você conhece aqueles jogadores gostosos que jogam para a Union, Chris
Ford e Brad Higeons? Eu os vi na festa da Katie noite passada. Eles fumam.”
“Hey, eles não são tão gostosos,” Heath disse.
Kayla o ignorou e continuou falando. “E Morgan fuma às vezes.”
“Morgan, a Morgi de Metal?” Sim, eu estava irritada com K, mas fofoca é fofoca.
“Sim. Ela também acabou de fazer um piercing na língua e no” – K parou e falou
baixo “clit.” “Você pode imaginar o quanto deve ter doido?”
“O que? Onde ela fez o piercing?” Heath disse.
“Nada,” K e eu falamos juntas, por um segundo soando como a melhor amiga
costumava ser.
“Kayla, você está mudando de assunto. De novo. Os jogadores do Union sempre
foram afim de drogas. Olá! Por favor lembre que eles usam esteróides, que é motivo para
ter levado 16 anos para a gente derrotar eles.”
“Vai, Tigres! Yeah, chutamos a bunda do Union!” Heath disse. Eu virei meus olhos.
“E Morgan claramente começou a perder a cabeça, que é por isso que ela colocou
um piercing no...” eu olhei para Heath e reconsiderei. “Corpo dela e está fumando. Me
diga alguém normal que está fumando.” K pensou por um segundo. “Eu!”
Eu suspirei. “Olha, eu só acho que isso não é muito inteligente.”
“Bem, você nem sempre sabe tudo.” O olhar odioso voltou no rosto dela.
Eu olhei dela para Heath, e então de volta para ela. “Claramente, você está certa. Eu
não sei tudo.”
O olhar maldoso dela virou assustado e depois mudou para maldoso de novo, e de
repente não pude me impedir de comparar ela com Stevie Rae, que, apesar deu conhecer
a apenas alguns dias, eu tinha absoluta, e completa certeza que ela não iria atrás do meu
namorado, sendo ele meu quase ex ou não. Eu também não achava que ela iria fugir de
mim e me tratar como se eu fosse um monstro quando eu mais precisava dela.
“Eu acho que você deveria ir embora,” eu disse para Kayla.
“Ótimo,” ela disse.
“Provavelmente não é uma boa idéia você voltar, também.”
Ela deu empurrou sua jaqueta para que ela abrisse e eu podia ver o fino tecido da
camiseta dela deslizar do ombro dela, deixando claro que ela não estava usando sutiã.
“Tanto faz,” ela disse.
“Ajude ela a descer, Heath.”
Heath normalmente era muito bom em seguir instruções simples, então ele desceu
Kayla. Ela agarrou a lanterna e olhou para nós.
“Anda, Heath. Estou ficando com frio.” Então ela virou e começou a andar em
direção a rua.
“Bem...” Heath disse um pouco constrangido. “Ficou frio de repente.”
“Yeah, pode parar agora,” eu disse distraída, e não prestei muito atenção quando o
vento parou de repente.
“Hey, uh, Zo. Eu realmente vim aqui salvar você.”
“Não.”
“Huh?” Heath disse.
“Heath, olhe para minha testa.“
“Sim, você tem esse negocio de lua crescente. E está colorido, o que é estranho
porque não estava colorido antes.”
“Bem, agora está. Ok, Heath, se concentre. Eu fui Marcada. Isso significa que meu
corpo está passando pela Mudança de se tornar uma vampira.”
Os olhos de Heath foram para Marca e viajaram pelo meu corpo. Eu vi que ele
hesitou nos meus seios e então nas minhas pernas, o que me fez perceber que ela estava
descoberta até quase a minha virilha porque minha saia tinha subido quando eu subi no
topo da parede.
“Zo, o que quer que aconteça com seu corpo está bem para mim. Você é seriamente
gostosa. Você sempre foi linda, mas agora você parece uma deusa.” Ele sorriu para mim e
tocou minha bochecha gentilmente, me lembrando do porque eu gostei tanto dele por um
longo tempo. Apesar das falhas, Heath podia ser muito doce, e ele sempre me fazia sentir
completamente linda.
“Heath,” eu disse suavemente. “Eu sinto muito, mas as coisas mudaram.”
“Não comigo.” Me pegando completamente de surpresa ele se inclinou para frente,
deslizando a mão por cima do meu joelho e me beijou.
Eu me afastei e agarrei o pulso dele. “Pare Heath! Estou tentado falar com você.”
“Que tal você falar e eu beijar?” ele sussurrou.
Eu comecei a dizer não de novo.
E então eu senti.
O pulso dele debaixo dos meus dedos.
Estava batendo com força e rapidamente. Eu juro que eu podia ouvir ele também. E
quando ele se inclinou para me beijar de novo eu pude ver a veia que passava pelo
pescoço dele. Se movia, batendo forte enquanto o sangue era bombeado pelo seu corpo.
Sangue... os lábios dele tocaram o meu e eu lembrei do gosto do sangue na taça. O
sangue estava frio e misturado com vinho, e era de um garoto fraco e perdedor. O sangue
de Heath poderia ser quente e rico... doce... mais doce que o de Elliott o refrigerador...
“Ow! Droga, Zoey. Você me arranhou!” Ele tirou o pulso da minha mão. “Merda, Zo,
você me fez sangrar. Se você não queria que eu beijasse você, você só tinha que dizer.”
Ele levou o seu pulso sangrento para a boca e sugou a gota de sangue que estava
ali. Então ele levantou os olhos para os meus, e congelou. Ele tinha sangue nos lábios. Eu
podia sentir o cheiro – era como o vinho, mas melhor, muito melhor. O cheiro me
envolveu e fez o cabelo dos meu braços se arrepiar.
Eu queria provar. Eu queria provar mais do que qualquer coisa na minha vida.
“Eu quero...” eu me ouvi sussurrar numa voz que eu não conhecia. “Sim...,” Heath
me respondeu como se estivesse em transe. “Sim... o que você quiser. Eu vou fazer o que
você quiser.”
Dessa vez eu me inclinei até ele e toquei minha língua nos lábios dele, tomando a
gota de sangue na minha boca onde explodiu – calor, sensação, e uma onda de prazer
que eu nunca senti.
“Mais,” eu disse.
Como se ele tivesse perdido a capacidade de falar e só pudesse acenar, Heath
levantou seu pulso para mim. Mal estava sangrando, e quando eu lambi a pequena linha
escarlate Heath gemeu. O toque da minha língua pareceu fazer algo com o arranhão,
porque instantaneamente começou a derramar sangue, cada vez mais rápido... Minhas
mãos estavam tremendo quando levei o pulso dele para minha boca e pressionei meus
lábios contra a pele quente. Eu tremi e gemi em prazer e-
“Oh meu Deus! O que você está fazendo com ele!” A voz de Kayla foi um grito que
perfurou a nevoa escarlate no meu cérebro. Eu soltei o pulso de Heath como se tivesse
me queimado.
“Se afaste dele!” Kayla estava tremendo. “Deixe ele em paz!” Heath não se moveu.
“Vá,” eu disse a ele. “Vá e não volte.”
“Não,” ele disse, parecendo e soando estranhamente sóbrio.
“Sim, saia daqui.”
“Deixe ele ir!” Kayla gritou.
“Kayla, se você não calar a boca eu vou descer aí e chupar até a ultima gota do seu
estúpido corpo de vaca traidora!” Eu falei para ela.
Ela gritou e saiu correndo. Eu me virei para Heath, que ainda estava me olhando.
“Eu não tenho medo de você, Zo.”
“Heath, eu tenho medo o suficiente para nós dois.”
“Mas eu não me importo com o que você fez. Eu amo você, Zoey. Mas agora do que
nunca.”
“Pare!” Eu não queria gritar, mas eu fiz com que ele se encolhesse com o poder que
encheu minhas palavras. Eu engoli com força e acalmei mina força. “Apenas vá. Por favor.
Então, procurando um jeito de fazer ele ir embora eu acrescentei, “Kayla provavelmente
vai chamar a policia agora. Nenhum de nós precisa disso.”
“Ok, eu vou. Mas não vou ficar longe.” Ele me beijou rapidamente e com força. Eu
senti uma facada de prazer quando senti o gosto de sangue que ainda estava na boca
dele. Então ele desceu pela parede e desapareceu até que tudo que eu pude ver na
escuridão foi o pequeno ponto de luz vindo da lanterna dele, e então, finalmente, nem
isso.
Eu não me permiti pensar. Não ainda. Me movendo metodicamente, como um robô,
eu usei o galho para me segurar e descer. Meus joelhos estavam tremendo tanto que eu
fui capaz de dar apenas alguns passos e afundei no chão, pressionando minhas costas na
antiga casca da árvore. Nala se materializou, pulando em meu colo como se fosse minha
gata a anos ao invés de minutos, e quando meu choro começou ela pulou do meu colo
para o meu peito e pressionou seu rosto quente contra minhas bochechas.
Depois do que pareceu um longo tempo meu choro se tornou um soluço e eu desejei
não ter saído da sala de recreação sem minha bolsa. Eu poderia realmente usar um lenço.
“Hey, parece que você precisa disso.”
Nala reclamou e pulei surpresa com a voz, e eu pisquei através das lagrimas para ver
alguém me entregando um lenço. “O-obrigado,” eu disse, pegando o lenço e assoando o
nariz.
“Sem problemas,” Erik Night disse.
DEZOITO
“Você está bem?”
“Sim, estou bem. Totalmente. Bem.” Eu menti.
“Você não parece bem,” Erik disse. “Se importa se eu sentar?”
“Não, vá enfrente,” eu disse com indiferença. Eu sabia que eu meu nariz estava
vermelho. Meu nariz definitivamente estava escorrendo quando ele chegou, e eu tinha a
suspeita que ele viu pelo menos parte do pesadelo que ocorreu entre Heath e eu. A noite
estava ficando cada vez pior. Eu olhei para ele e decidi, que diabos, eu posso muito bem
continuar com a tendência. “Caso você não tenha percebido, fui eu que viu a pequena
cena entre você e Afrodite no corredor ontem.”
Ele nem hesitou. “Eu sei, eu queria que você não tivesse. Eu não quero que você
tenha a idéia errada sobre mim.”
“E que idéia seria essa?”
“Que tem mais acontecendo Afrodite e eu do que realmente está.”
“Não é da minha conta,” eu disse.
Ele deu nos ombros. “Eu só quero que você saiba que eu e ela não estávamos mais
saindo.”
Eu quase disse que parecia que Afrodite não sabia disse, mas então eu pensei sobre
o que aconteceu entre Heath e eu, e com um senso de surpresa eu percebi que talvez eu
tenha julgado Erik muito duramente.
“Ok. Vocês não estão saindo,” eu disse.
Ele sentou quieto do meu lado por um tempo, e quando ele falou de novo eu achei
que ele soava quase com raiva. “Afrodite não te falou sobre o sangue no vinho.”
Ele disse como uma pergunta, mas mesmo assim eu respondi. “Não.”
Ele balançou a cabeça e eu vi ele cerrar os dentes. “Ela me disse que ela iria. Ela
disse que te avisou quando você estava trocando suas roupas para que caso você não
estivesse concordando com isso, você não tomasse da taça.”
“Ela mentiu.”
“Não é uma surpresa muito grande,” ele disse.
“Você acha?” eu podia sentir minha própria raiva crescendo dentro de mim. “Essa
coisa toda foi errada. Eu fui pressionada a ir para o ritual das Filhas Negras onde fui
enganada para beber sangue. Então me encontrei com meu quase ex-namorado que só
acontece de ser 100% humano, e ninguém se incomodou de me explicar que o menor
espectro do sangue dele iria me transformas em... em... um monstro.” Eu mordi meus
lábios e me segurei na minha raiva para não começar a chorar de novo. Eu também decidi
que não diria nada sobre ter achado que vi o fantasma de Elizabeth – isso era muito
estranho para admitir em uma noite só.
“Ninguém te explicou porque é algo que não deveria começar a afetar você até você
ser um sestanista,” ele disse baixinho.
“Huh?” eu voltei a ser incrivelmente articulada.
“Desejar por sangue normalmente não acontece até você ser uma sestanista e ter
quase completado a Mudança. De vez enquando você ouve falar de um quintanista que
tem que lidar com isso mais cedo, mas isso não acontece muito freqüentemente.”
“Espera – o que você está dizendo?” Parecia que abelhas estavam zunindo ao redor
da minha mente.
“Você começa a ter aulas sobre desejar sangue e outras coisas que vampiros
maduros tem que lidar durante seu quinto semestre, no seu ultimo ano, é o que a escola
se foca principalmente – nisso e no que você decidir se formar.”
“Mas eu sou uma terceiranista – e por pouco quero dizer, eu fui Marcada a dois
dias.”
“Sua Marca é diferente; você é diferente,” ele disse.
“Eu não quero ser diferente!” Eu percebi que eu estava gritando e controlei minha
voz. “Eu só quero descobrir como passar por isso como todo mundo.”
“Tarde demais, Z,” ele disse.
“E agora?”
“Eu acho melhor você falar com sua mentora. É Neferet, não?”
“Sim,” eu disse miseravelmente.
“Hey, anime-se. Neferet é ótima. Ela mal pega um calouro para ser mentora mais,
então ela deve realmente acreditar em você.”
“Eu sei, eu sei. É só que isso me faz sentir...”
Como eu me sentia sobre falar com Neferet sobre o que aconteceu hoje a noite?
Embaraçada. Como se eu tivesse 12 anos de idade de novo e tive que dizer a meu
professor de Ed. Física que eu tinha começado a menstruar e tinha que ir para o meu
armário mudar meu shorts. Eu olhava de lado para Erik. Ali ele estava sentado, lindo e
atraente e perfeito. Diabos. Eu não podia dizer isso a ele. Então ao invés disso eu falei,
“Idiota. Me faz sentir idiota.” O que não era exatamente uma mentira, mas me fazia sentir
na maioria, além de embaraçada e idiota, era assustada. Eu não queria que isso fizesse
que fosse impossível eu me encaixar.
“Não se sinta idiota. Na verdade você está bem na nossa frente.”
“Então...,” eu hesitei, então respirei fundo e continuei, “você gostou do gosto do
sangue na taça hoje a noite?”
“Bem, aqui é o negocio com isso: Meu primeiro Ritual de Lua Cheia com as Filhas
Negras foi quando eu estava no fim de ser terceiranista. Com exceção do “refrigerador”
naquela noite, eu era o único terceiranista lá – como você hoje a noite.” Ele deu uma
pequena e humorada risada. “Elas só me convidaram porque eu cheguei a final da
competição de Solilóquio de Shakespeare e iria voar para Londres no dia seguinte.” Ele
olhou para mim e parecia envergonhado.” Ninguém da House of Night chegou na final em
Londres. Era um negocio grande.” Ele balançou a cabeça gozando de si mesmo. “Na
verdade, eu achei que eu fosse um negocio grande. Então as Filhas Negras me
convidaram a me juntar a elas, e eu me juntei. Eu sabia sobre o sangue. Me deram a
oportunidade de recusar. Eu não recusei.”
“Mas você gostou?”
Dessa vez ele riu de verdade. “Eu tive ânsia e vomitei as tripas pra fora. Foi a coisa
mais nojenta que eu já experimentei.”
Eu gemi. Minha cabeça caiu pra frente e eu pus meu rosto nas mãos. “Você não está
me ajudando.”
“Porque você achou que era bom?”
“Melhor que bom,” eu disse, meu rosto ainda nas mãos. “Você disse que foi a coisa
mais nojenta que você já provou? Eu achei que foi a mais deliciosa. Bem, a mais deliciosa
até -” eu parei, percebendo o que estava pra dizer.
“Até você provar sangue fresco?” ele perguntou gentilmente.
Eu balancei a cabeça, com medo de falar.
Ele puxou minhas mãos, o que fez meu rosto corar. Então ele pôs os dedos debaixo
do meu queixo e me forçou a olhar direto para ele. “Não fique embaraçada ou com
vergonha. É normal.”
“Amar o gosto de sangue não é normal. Não para mim.”
“Sim, é. Todos os vampiros tem que lidar com a ânsia por sangue,” ele disse.
“Eu não sou uma vampira!”
“Talvez você não seja – ainda. Mas você com certeza não é uma caloura normal, e
não tem nada errado com isso. Você é especial, Zoey, e especial pode ser incrível.”
Devagar, ele tirou os dedos do meu queixo e, como ele tinha feito mais cedo,
tracejou a forma de um pentagrama suavemente por cima da minha Marca. Eu gostei do
jeito que os dedos dele pareciam quando ele tocou na minha pele – quente e um pouco
rústico. Eu também gostei de que ter ele perto de mim não começava todas aquelas
estranhas reações que aconteciam quando eu estava perto de Heath. Eu quero dizer, eu
não podia ouvir o sangue de Erik pulsando no seu pulso e no pescoço. Não que eu me
importasse se ele me beijasse...
Diabos! Eu estava me tornando uma vampira vadia? O que vinha a seguir? Poderiam
os machos de qualquer espécie (o que pode incluir Damien) estar seguros ao meu redor?
Talvez eu devesse evitar todos os caras até eu descobrir o que estava acontecendo
comigo e saber como me controlar.
Então lembrei que eu tentei evitar todos, e esse era o motivo deu ter acabado aqui
pra começo de conversa.
“O que você está fazendo aqui, Erik?”
“Eu segui você,” ele disse simplesmente.
“Por quê?”
“Eu entendi o que Afrodite tinha aprontado e achei que você precisaria de um amigo.
Você é colega de Stevie Rae, certo?”
Eu acenei.
“Sim, eu pensei em encontrar ela e mandar ela aqui pra você, mas eu não sabia se
você iria querer que ela soubesse sobre...” Ele pausou e fez um vago gesto em direção a
sala de recreação.
“Não! Eu – eu não quero que ela saiba.” Eu tropecei nas palavras, e as disse rápido.
“Foi o que eu pensei. Então, é por isso que você está presa aqui comigo.” Ele sorriu e
então pareceu meio desconfortável. “Eu realmente não queria ouvir a conversa entre você
e Heath. Sinto muito sobre isso.”
Eu me foquei em acariciar Nala. Então, ele viu Heath me beijar, e viu o negocio do
sangue. Deus, que embaraçoso... Então uma idéia passou por mim e eu olhei para ele,
sorrindo ironicamente. “Acho que isso nos deixa quite. Eu também não queria ouvir você e
Afrodite.”
Ele sorriu para mim. “Estamos quites. Eu gosto disso.”
O sorriso dele fez meu estomago fazer coisas engraçadas. “Eu realmente não teria
voado para baixo e sugado o sangue de Kayla,” eu consegui dizer.
Ele riu. (Ele tinha uma ótima risada.) “Eu sei disso. Vampiros não podem voar.”
“Mas eu assustei ela,” eu disse.
“Pelo que eu vi, ela mereceu.” Ele esperou um pouco e depois disse, “Posso te
perguntar algo? É meio pessoal.”
“Hey, você me viu beber sangue de uma taça e gostar, vomitar, beijar um cara,
lamber o sangue dele como se fosse um cachorro, e então chorar. E eu vi você recusar
um boquete. Eu acho que eu dou um jeito de responder uma pergunta meio pessoal.”
“Ele realmente estava em transe? Ele parecia e soava como se estivesse.”
Eu me contorci desconfortavelmente e Nala reclamou para mim até eu voltar a
acariciar ela.
“Pareceu que ele estava,” eu finalmente consegui dizer. “Eu não sei se era transe ou
não – e eu totalmente não queria colocar ele sob o meu poder ou nada estranho desse
jeito – mas ele mudou. Eu não sei. Ele estava bebendo e fumando. Ele podia só estar
alto.” Eu ouvi a voz de Heath de novo, reaparecendo na minha memória como uma
nevoa: Sim... o que você quiser... eu faço o que você quiser. E eu vi o olhar intenso que
ele me deu. Diabos, eu nem sabia que Heath o Atleta era capaz de tamanha intensidade
(pelo menos fora do campo de futebol). Eu tinha certeza que ele não conseguia soletrar a
palavra (intensidade, não futebol).
“Ele estava assim o tempo todo, ou apenas depois... um... você começou a-“
“Não o tempo todo. Por quê?”
“Bem, isso exclui as duas coisas que poderiam fazer ele agir estranho. Uma – se ele
estivesse alto ele estaria assim o tempo todo. Dois – ele podia estar agindo assim porque
você é bem bonita, e só isso faz um cara parecer que está em transe ao redor de você.”
As palavras dele fizeram algo flutuar no meu estomago de novo – algo que nenhum
cara me fez sentir antes. Não que Heath o Jogador, ou Jordon o Preguiçoso, ou Jonathan
o Idiota Garoto de uma Banda (meu histórico de namorados não é longo, mas é colorido).
“Verdade?” eu disse como uma retardada.
“Verdade.” Ele sorriu muito tranquilamente.
Como esse cara podia gostar de mim? Eu sou uma sugadora de sangue nerd.
“Mas não é isso, porque ele deve ter notado o quão quente você parecia antes de
você beijar ela, e o que você está dizendo é que ele não parecia em transe até o sangue
entrar na jogada.”
(Entrar – hee hee – ele realmente disse entrar.) Eu estava muito ocupada rindo
idiotamente do complexo vocabulário dele para pensar em responder a ele. “Na verdade,
começou quando eu ouvi o sangue dele.”
“Hã?”
Ah, merda. Eu não queria dizer isso. Eu limpei minha garganta. “Heath começou a
mudar quando eu ouvi o sangue bombear pelas veias delas.”
“Apenas vampiros adultos podem ouvir isso.” Ela parou e então, com um rápido
sorriso adicionou, “E Heath soa como o nome de uma estrela gay de uma opera.”
“Perto. Ele é a estrela do time de futebol.”
Erik acenou e parecia divertido.
“Uh, alias, eu gostei para o que você mudou o seu nome. Night é um sobrenome
muito legal,” eu disse, tentando manter minha parte da conversa e dizer algo levemente
insignificante.
Ele sorriu abertamente. “Eu não mudei. Erik Night foi o nome em que eu nasci.”
“Oh, bem. Eu gosto.” Porque alguém simplesmente não atira em mim?
“Obrigado.”
Ele olhou para o relógio e eu pude ver que era quase 6:30 – da manhã, o que
parecia estranho.
“Vai amanhecer logo,” ele disse.
Supondo que essa era a deixa para nós seguirmos nossos caminhos separados, eu
comecei a me ajeitar e a segurar Nala melhor para poder levantar, e senti a mão de Erik
por baixo do meu cotovelo, me segurando. Ele me ajudou a levantar e então só ficou
parado ali, tão perto que o rabo de Nala estava passando contra o suéter preto dele.
“Eu te perguntaria se você quer algo para comer, mas o único lugar servindo comida
agora é a sala de recreação, e eu não acho que você quer voltar lá.”
“Não, definitivamente não. Mas não estou com fome de qualquer jeito.”
O que, eu percebi assim que eu disse, que era uma enorme mentira. Ao mencionar
comida eu percebi que estava com fome.
“Bem, você se importa que eu te leve para o teu dormitório?” ele perguntou.
“Não,” eu disse, tentando parecer não falante.
Stevie Rae, Damien, e as Gêmeas iriam totalmente morrer se me vissem com Erik.
Não dissemos nada enquanto começamos a andar, mas não foi um estranho e
desconfortável silencio. Na verdade, foi bom. De vez em quando nossos braços se
tocavam e pensei sobre o quão alto e fofo ele era e o quão eu gostaria que ele segurasse
minha mão.
“Oh,” ele disse depois de um tempo, “eu não terminei de responder sua pergunta
antes. Da primeira vez que eu senti o gosto de sangue no ritual das Filhas Negras eu
odiei, mas ficou melhor a cada vez. Eu não posso dizer que acho que é delicioso, mas
ficou melhor. E eu definitivamente gosto do jeito que me faz sentir.”
Eu olhei afiadamente para ele. “Tonto e meio e fraco nos joelhos? Como se estivesse
bêbado, mas não estando.”
“Sim. Hey, você sabia que é impossível para um vampiro ficar bêbado?” Eu balancei a
cabeça. “É algo sobre a Mudança que acontece no seu metabolismo. É difícil até para
calouros ficarem bêbados.”
“Então beber sangue é o jeito que vampiros ficam bêbados?”
Ele deu nos ombros. “Eu suponho que sim. De qualquer forma, beber sangue
humano é proibido para os calouros.”
“Então porque ninguém informou aos professores o que Afrodite pretende?”
“Ela não bebe sangue humano.”
“Uh, Erik, eu estava lá. Havia definitivamente sangue no vinho e veio daquele garoto
Elliottt.” Eu tremi. “E que escolha nojenta.”
“Mas ele não é humano,” Erik disse.
“Espera – é proibido beber sangue humano,” eu disse devagar. (Oh, diabos! Foi o
que eu acabei de fazer.) “Mas não tem problema beber o sangue de outro calouro?”
“Só se for consensual.”
“Isso não faz sentido.”
“Claro que faz. É normal para nossa ânsia por sangue se desenvolver enquanto
nossos corpos Mudam, então precisamos de uma saída. Calouros curam rapidamente,
então não há perigo de alguém se machucar. E não tem efeitos colaterais, como quando
um vampiro se alimenta de um humano vivo.”
O que ele estava dizendo estava batendo na minha cabeça como aquela musica
irritante e muito alta que toca na Wet Seal* (* uma loja), e eu falei a primeira coisa que
eu pude pensar.
“Humano vivo?” eu disse. “Me diga que você não quer dizer versos se alimentar de
um cadáver.” Eu estava me sentindo um pouco nauseada de novo.
Ele riu. “Não, significa versos beber sangue colhido dos vampiros doadores de
sangue.”
“Nunca ouvi falar.”
“A maioria dos humanos não ouviu. Você vai aprender sobre isso até ser uma
quintanista.”
Então mais do que ele disse passou pela confusão na minha mente. “O que você quis
dizer sobre efeitos colaterais?”
“Acabamos de aprender em Sociologia Vampira 321. Parece que quando um vampiro
adulto se alimenta de um humano vivo, pode se formar um laço muito forte. Nem sempre
acontece por parte do vampiro, mas o humano se liga muito facilmente. É perigoso para
um humano. Eu quero dizer, pense sobre isso. A perda de sangue não é uma coisa boa.
Então acrescente o fato que vivemos décadas a mais que os humanos, às vezes séculos.
Veja do ponto de vista de um humano; seria uma droga estar totalmente apaixonado por
alguém que parece nunca envelhecer enquanto você fica velho e enrugado e então
morre.”
De novo eu pensei sobre o deslumbrado, mas intenso jeito que Heath olhou para
mim, e eu sabia que, não importava o quão difícil fosse, eu tinha que contar tudo a
Neferet.
“Sim, isso seria uma droga,” eu disse fracamente.
“Aqui estamos nós.”
Eu fiquei surpresa por ver quando ele parou no dormitório das garotas. Eu olhei para
ele.
“Bem, obrigado por me seguir – eu acho,” eu disse, com um sorriso seco.
“Hey, qualquer hora que você quiser que alguém se intrometa sem ser convidado, eu
sou o cara para você.”
“Vou manter isso em mente,” eu disse. “Obrigado.” Eu pus Nala no colo e comecei a
abrir a porta.
“Hey, Z,” ele chamou.
Eu virei.
“Não devolva o vestido a Afrodite. Por ela ter incluído você no circulo hoje a noite ela
formalmente ofereceu a você uma posição nas Filhas Negras, e é uma tradição que a Alta
Sacerdotisa em treinamento de um presente ao novo membro na primeira noite dele. Eu
não imagino que você queira se juntar, mas você ainda tem o direito de ficar com o
vestido. Especialmente porque você fica muito melhor nele do que ela.” Ele se inclinou e
pegou minha mão (a que não estava segurando minha gata), e a virou para que meu
pulso estivesse para cima. Então ele pegou seu dedo e o passou pela veia que estava mais
visível, fazendo meu pulso pular feito louco.
“E você também deveria saber que eu sou o cara pra você se você decidir tomar
mais um pouco de sangue. Mantenha isso em mente também.”
Erik se curvou e, ainda me olhando nos olhos, ele levemente mordeu o ponto onde
havia pulso no meu pulso antes de beijar o lugar suavemente. Dessa vez os sentimento de
flutuar no meu estomago foi mais intenso. Os lábios dele ainda estavam em meu pulso e
ele encontrou meus olhos e eu senti um calafrio de desejo passar pelo meu corpo. Eu
sabia que ele podia me sentir tremer. Ele deixou a língua dele passar pelo meu pulso, o
que me fez tremer de novo. Então ele sorriu para mim e se afastou na luz do pré
amanhecer.
DEZENOVE
Meu pulso ainda estava formigando por causa do totalmente inesperado beijo (e
mordida e lambida) de Erik, e eu não tinha certeza se eu podia falar ainda, então fiquei
aliviada por ter apenas algumas garotas na sala, e elas mal olharam para mim antes de
voltarem a assistir America Next Top Model. Eu me apressei até a cozinha, pus Nala no
chão, esperando que ela não fugisse enquanto eu fazia um sanduíche. Ela não fugiu; na
verdade ela me seguiu pela cozinha como um pequeno cachorro laranja, reclamando para
mim com seu estranho não-miado. Eu continuava dizendo a ela “eu sei” e “eu entendo”
porque eu achei que ela estava gritando comigo sobre o quão idiota eu fui hoje a noite, e,
bem, ela estava certa. Sanduíche feito, eu agarrei uma sacola de pretzels (Stevie Rae
estava certa, eu não pude achar nenhuma comida porcaria descente nos armários), uma
coca (eu não me importo que tipo, só que é coca e não é diet-eca), e minha gata, e eu
subimos.
“Zoey! Estava preocupada com você! Me conte tudo.” Empoleirada na cama com um
livro, Stevie Rae estava obviamente esperando por mim. Ela estava usando seu pijama
que era estampado com chapéus de cowboy na calça de algodão, e o cabelo curto dela
estava amassado de um lado como se ela tivesse dormido em cima dele. Eu juro que ela
parecia ter uns 12 anos de idade.
“Bem,” eu disse brilhantemente. “Parece que temos um animal de estimação.” Eu me
virei para que Stevie Rae pudesse ver Nala apertada contra meu quadril. “Aqui, me ajude
antes que eu derrube algo. Se for o gato ela nunca vai parar de reclamar.”
“Ela é adorável!” Stevie Rae levantou e se apressou para tentar pegar Nala de mim,
mas a gata se grudou em mim como se alguém fosse matar ela se ela se soltasse, então
Stevie Rae pegou minha comida ao invés e a colocou da cabeceira.
“Hey, esse vestido é incrível.”
“Yeah, eu mudei de roupa antes do ritual.” O que me lembrou que eu teria que
devolver para Afrodite. Ótimo. Eu não iria ficar com o “presente,” embora Erik tenha dito
que eu deveria. De qualquer forma, devolver parecia uma boa hora para “agradecer” ela
por “esquecer” de me avisar sobre o sangue. Bruxa vadia.
“Então... como foi?”
Eu sentei na cama e dei a Nala um pretzel, o que ela prontamente começou a morder
(pelo menos ela parou de reclamar), então dei uma enorme mordida no sanduíche. Sim,
eu estava com fome, mas também estava ganhando tempo. Eu não sabia o que deveria
dizer a Stevie Rae, e o que não deveria. A coisa do sangue era apenas tão confusa –e
nojenta. Ela acharia que eu era horrível? Ela teria medo de mim?
Eu engoli e decidi começar a conversa num tópico seguro. “Erik Night me trouxe
aqui.”
“Não brinca!” Ela levantou e caiu na cama como um country Jack-dentro-da-caixa.
“Me conte tudo.”
“Ele me beijou,” eu disse, enrugando a sobrancelha para ela.
“Você deve estar brincando! Onde? Como? Foi bom?”
“Ele beijou minha mão.” Eu decidi rapidamente mentir. Eu não queria explicar todo o
negocio pulso/sangue/veia/mordida. “Foi quando ele disse boa noite. Estávamos em frente
ao dormitório. E sim, foi bom.” Eu sorri para ela com a boca cheia do sanduíche.
“Eu aposto que Afrodite cagou cachorrinhos quando você saiu da sala de recreação
com ele.”
“Bem, na verdade, eu sai antes dele e ele me alcançou. Eu, huh, fui dar uma volta
perto do muro, que foi onde encontrei Nala,” eu cocei a cabeça da gata. Ela se empoleirou
perto de mim, fechando os olhos, e começou a ronronar. “Na verdade, eu acho que ela
me encontrou. De qualquer forma, eu subi no muro porque pensei que ela precisava de
ajuda, e então – e você não vai acreditar nisso – eu vi algo que parecia com o fantasma
de Elizabeth, e então meu quase ex-namorado da SIHS, Heath, e minha ex melhor amiga
apareceram.”
“O que? Quem? Devagar. Comece com o fantasma de Elizabeth.”
Eu balancei a cabeça e mastiguei. Pelas mordidas no sanduíche eu explique. “Foi
realmente estranho e assustador. Eu estava sentada no muro acariciando Nala, e algo
chamou minha atenção. Eu olhei para baixo e tinha essa garota parada não muito longe
de mim. Ela olhou para mim, e seus olhos vermelhos brilharam, e eu juro que era
Elizabeth.”
“De jeito nenhum! Você ficou totalmente apavorada?”
“Totalmente. No segundo que ela me viu ela dei um horrível grito e fugiu.”
“Você deve ter ficado apavorada.”
“Eu estava, e eu mal tive tempo de pensar quando Heath e Kayla apareceram.”
“Como assim? Como eles poderiam estar aqui?”
“Não, não aqui, eles estavam do lado de fora do muro. Eles devem ter me ouvido
tentar acalmar Nala depois que ela completamente surtou com o fantasma de Elizabeth,
porque eles vieram correndo.”
“Nala também a viu?”
Eu acenei.
Stevie Rae tremeu. “Então ela deveria realmente estar lá.”
“Tem certeza que ela está morta?” Minha voz era quase um sussurro. “Não pode ter
sido algum erro e ela ainda está viva, mas andando pela escola?” Parecia ridículo, mas
não mais ridículo que eu a vendo como um fantasma.
Stevie Rae engoliu com força. “Ela está morta. Eu a vi morrer. Todos na aula viram.”
Ela parecia que ia chorar e todo o assunto estava me assustando, então eu mudei
para algo mais leve. “Bem, eu poderia estar errada. Talvez fosse só alguma garota com
olhos estranhos que parecia com ela. Estava escuro, e então Heath e Kayla de repente
apareceram.”
“E o que foi isso?”
“Heath disse que eles vieram me ‘salvar.’” Eu virei os olhos. “Dá pra imaginar?”
“Eles são idiotas?”
“Aparentemente. Oh, e então Kayla, minha ex melhor amiga, deixou claro que ela
está atrás de Heath!”
Stevie Rae arfou. “Vadia!”
“Nem brinca. De qualquer forma, eu disse a eles para irem embora e não voltar, e
então fiquei chateada, o que fez Erik me achar.”
“Awww! Ele foi doce e romântico?”
“Sim, ele foi, mais ou menos. E ele me chamou de Z.”
“OOOOh, um apelido é um bom sinal serio.”
“Foi o que pensei.”
“Então ele te trouxe de volta para o dormitório.”
“Sim, ele disse que me levaria para comer algo, mas a única coisa que ainda estava
aberta era a sala de recreação, e eu não queria voltar lá.” Ah, merda. Eu soube
imediatamente que não deveria ter dito isso.
“As Filhas Negras foram horríveis?”
Eu olhei para Stevie Rae com seus grandes olhos de cervo, e soube que não podia
contar a ela sobre o negocio de beber sangue. Ainda não.
“Bem, sabe como Neferet foi sexy e bonita e elegante?”
Stevie Rae acenou.
“Afrodite fez basicamente o que Neferet fez, mas ela parecia uma vadia.”
“Eu sempre achei que ela era horrível,” Stevie Rae disse, balançando a cabeça
enojada.
“Me conte.” Eu olhei para Stevie Rae e corpo, “Ontem, logo antes de Neferet me
trazer aqui eu vi Afrodite tentando dar a Erik um boquete.”
“Nãoo! Merda, ela é nojenta. Espera, você disse que ela estava tentando. Qual é
disso?”
“Ele estava dizendo não para ela, e a afastando. Ele disse que não a queria mais.”
Stevie Rae riu. “Aposto que isso fez ela perder a pouca cabeça que ela já tem.”
Eu lembrei como ela estava se jogando em cima dele, mesmo quando ele claramente
estava dizendo não. “Na verdade, eu teria sentido pena dela que ela não fosse tão...
tão...” Eu lutei para achar uma palavra certa.
“Bruxa do inferno?” Stevie Rae disse esperançosa.
“Sim, eu acho que é isso. Ela tem essa atitude, como se fosse o direito dela ser má e
nojenta com quem ela quiser, e todos deveríamos nos curvar e aceitar.”
Stevie Rae acenou. “É assim que os amigos dela são também.”
“Sim, eu conheci o horrível trio.”
“Você quer dizer, Pronta pra Guerra, Terrivel, e Arfar?”
“Exato. O que elas estavam pensando quando escolheram esses nomes horríveis?”
eu disse, jogando pretzels na minha boca.
“Elas estavam pensando exatamente o que todo o grupo delas pensa – que elas são
melhores que todo mundo e intocáveis porque a nojenta Afrodite será a próxima Alta
Sacerdotisa.”
Eu falei as próximas palavras enquanto elas passaram como sussurros pela minha
mente. “Eu não acho que Nyx vá permitir isso.”
“Como assim? Elas já estão dentro, e Afrodite é a líder das Filhas Negras desde que a
afinidade dela se tornou obvia quando ela era quintanista.”
“Qual é a afinidade dela?”
“Ela tem visões, de futuras tragédias,” Stevie Rae disse.
“Você acha que ela finge elas?”
“Oh, diabos não! Ela é incrivelmente detalhista. O que eu acho, e Damien e as
gêmeas concordam comigo, é que ela só conta sobre as visões se ela as tiver perto de
pessoas fora do grupinho dela.”
“Espera, você está dizendo que ela sabe sobre coisas ruins que vão acontecer em
tempo de impedir elas, mas ela não faz nada?”
“Sim. Semana passada ela teve uma visão no almoço, mas as bruxas se aproximaram
dela a protegendo e a levaram para fora do salão. Se Damien não tivesse se encontrado
com elas porque ele estava atrasado para o almoço, as fazendo se afastar para poder ver
que Afrodite estava tendo uma visão, ninguém iria saber. E um avião cheio de pessoas
provavelmente estariam mortas.”
Eu me engasguei com o pretzel. Entre a tosse eu disse, “Um avião cheio de pessoas!
O que diabos?”
“Sim, Damien percebeu que Afrodite estava tendo uma visão, então ele foi buscar
Neferet. Afrodite teve que contar que estava tendo uma visão, que era que ela estava
vendo um jato bater depois da decolagem. A visão dela era tão clara que ela podia
descrever o aeroporto e ler os números na cauda do avião. Neferet levou essa informação
e contatou o aeroporto de Denver. Eles checaram duas vezes o avião e encontraram
algum problema que eles não tinham notado antes, e falaram que se não tivesse sido
arrumado o avião teria caído imediatamente depois da decolagem. Mas eu sei muito bem
que Afrodite não teria dito uma palavra se não tivesse sido pega, em pensar que ela
inventou uma bela desculpa que os amigos dela a levaram para fora do salão porque eles
sabiam que ela tinha que falar com Neferet imediatamente. Totalmente vaca.”
Eu comecei a dizer que eu não conseguia acreditar que até Afrodite e suas bruxas
iriam propositalmente permitir a morte de centenas de pessoas, mas então lembrei do
odioso discurso que elas disseram – homens humanos são uma merda... todos deveriam
morrer – e percebi que elas não estavam só falando; elas estavam sendo serias.
“Então porque Afrodite não mentiu para Neferet? Você sabe, falar para ela que era
uma aeroporto diferente ou mudar os números do avião ou algo assim?”
“É quase impossível mentir para vampiros, especialmente quando eles fazem uma
pergunta direta. E, lembre-se, Afrodite quer ser uma Alta Sacerdotisa mais do que
qualquer coisa. Se Neferet acreditar que ela é tão virada quanto é, iria prejudicar
seriamente os planos dela.”
“Afrodite não tem que ser uma Alta Sacerdotisa. Ela é egoísta e odiosa, assim como
as amigas dela.”
“Sim, bem, Neferet não acha, e ela é a mentora dela.”
Eu pisquei surpresa. “Você tem que estar brincando! E ela não vê essa merda que a
Afrodite faz?” Isso não podia estar certo; Neferet era mais inteligente que isso.
Stevie Rae deu nos ombros. “Ela age de forma diferente perto de Neferet.”
“Mas ainda sim...”
“E ela tem uma poderosa afinidade, o que tem que significar que Nyx tem planos
especiais para ela.”
“Ou ela é um demônio do inferno, e ela consegue seus poderes do lado negro. Olá!
Ninguém viu Star Wars? Era difícil acreditar que Anakin Skywalker iria se virar, e veja o
que aconteceu.”
“Uh, Zoey. Isso é tipo, totalmente fictício.”
“Ainda sim, faz um bom ponto.”
“Bem, tente dizer isso a Neferet.”
Eu mastiguei o sanduíche e pensei. Talvez eu devesse. Neferet parecia inteligente
demais para cair nos joguinhos de Afrodite. Ela provavelmente já sabia que algo estava
acontecendo com as bruxas. Talvez tudo que ela precisasse era que alguém se
apresentasse e falasse algo para ela.
“Então, alguém tentou falar para ela sobre Afrodite?” eu perguntei.
“Não que eu saiba.”
“Porque não?”
Stevie Rae parecia desconfortável. “Bem, eu acho que seria meio dedo duro. De
qualquer forma, o que diríamos a Neferet? Que achamos que Afrodite pode estar
escondendo suas visões, mas que a única prova que temos é que ela é uma odiosa
vadia?”
Stevie Rae balançou a cabeça. “Não, não consigo ver isso funcionando muito bem
com Neferet. Além do mais, se por algum milagre ela acreditar em nós, o que Neferet
faria? Não é como se ela pudesse expulsar ela da escola para que ela tussa até a morte
nas ruas. Ela ainda estaria aqui com seu bando de bruxas e todos aqueles caras que
fariam qualquer coisa por ela se ela erguesse seus dedos para eles. Eu acho que só não
vale a pena.”
Stevie Rae tinha razão, mas ainda sim eu não gostei. Eu realmente, realmente não
gostei.
As coisas poderiam ser diferentes se uma caloura mais poderosa tomasse o lugar de
Afrodite como a líder das Filhas Negras.
Eu dei um pulo me sentindo culpada, e escondi isso tomando um grande gole de
coca. O que eu estava pensando? Eu não tinha fome de poder. Eu não queria ser uma Alta
Sacerdotisa ou ficar no meio da irritante batalha com Afrodite e metade da escola (a parte
mais atraente, dela). Eu só queria encontrar um lugar para mim nessa nova vida, um
lugar que parecesse um lar – um lugar que eu me encaixasse e fosse como o resto do
pessoal.
Então lembrei do choque durante os dois círculos, e como os elementos pareceu
tomar meu corpo, e como eu tive que me forçar a ficar no circulo e não me juntar a
Afrodite enquanto ela falava.
“Stevie Rae, quando um círculo está sendo feito, você sente algo?” eu perguntei
brutamente.
“Como assim?”
“Bem, como quando o fogo é chamado no circulo, você sente calor?”
“Não. Eu quero dizer, eu realmente gosto do negocio do circulo, e às vezes quando
Neferet está rando eu sinto uma onda de energia viajando pelo circulo, mas é só isso.”
“Então você nunca sentiu uma brisa quando o vento é chamado, ou sentiu o cheiro
de chuva com a água, ou sentiu a grama nos pés com a terra?”
“Não mesmo. Só uma Alta Sacerdotisa com grandes afinidades com esses elementos
iria -” Ela parou e de repente os olhos dela se alargaram. “Você está dizendo que você
sentiu essas coisas? Qualquer uma dessas coisas?”
Eu me curvei. “Talvez.”
“Talvez!” Ela gritou. “Zoey! Você tem idéia do que isso pode significar?”
Eu balancei a cabeça.
“Semana passada na aula da sociologia estávamos estudando sobre a mais famosa
Alta Sacerdotisa da história. Não a uma sacerdotisa com afinidade para os 4 elementos em
centenas de anos.”
“Cinco,” eu disse miseravelmente.
“Todos os cinco! Você sentiu algo com o espírito também”
“Sim, eu acho que sim.”
“Zoey! Isso é incrível. Eu não acho que tenha existido uma sacerdotisa que tenha
sentido os 5 elementos.” Ela acenou para a minha Marca. “É isso. Isso significa que você é
diferente, e você realmente é.”
“Stevie Rae, isso pode ficar só entre nós por enquanto? Eu quero dizer, nem contar a
Demien e as Gêmeas? Eu só – eu só quero tentar descobrir isso sozinha por um tempo. Eu
acho que tudo está acontecendo rápido demais.”
“Mas Zoey, eu-“
“E eu posso estar errada,” eu interrompi. “E se eu apenas estivesse excitada e
nervosa porque eu nunca estive em um ritual antes? Você sabe o quão embaraçoso seria
se eu contasse as pessoas, “hey, eu sou a única caloura que já teve uma afinidade com os
5 elementos” e então acabar sendo os nervos?”
Stevie Rae mordeu as bochechas. “Eu não sei, eu ainda acho que você deveria contar
a alguém.”
“Sim, então Afrodite e seu bando poderia estar bem ali para ir se acabar que eu
apenas estava imaginando tudo.”
Stevie Rae empalideceu. “Oh, cara. Você está totalmente certa. Isso seria horrível. Eu
não vou dizer nada até você estar pronta. Prometo.”
A reação dela me lembrou. “Hey, o que Afrodite fez com você?”
Stevie Rae olhou para o colo, colocando as mãos juntas, e encolhendo os ombros
como se ela de repente tivesse tido um calafrio. “Ela me convidou para um ritual. Eu não
estava aqui a muito tempo, só fazia um mês, e eu estava meio excitada que aquele grupo
me queria.” Ela balançou a cabeça, ainda não olhando para mim. “Foi idiotice minha, mas
eu não conhecia ninguém muito bem ainda, e eu pensei que talvez ficássemos amigas.
Então eu fui. Mas eles não queriam que eu fosse um deles. Eles queriam que eu fosse um
– um- refrigerador: como se eu não fosse boa para nada a não ser dar sangue para elas.
Elas me fizeram chorar e quando eu disse não elas riram e me expulsaram. Foi assim que
conheci Damien, e Erin e Shaunee. Eles estavam juntos e me viram sair da sala de
recreação, então eles me seguiram e me falaram para mim não me preocupar. Eles são
meus amigos desde então.” Ela finalmente olhou para mim. “Eu sinto muito. Eu teria dito
algo antes, mas eu sabia que elas não tentariam fazer isso com você. Você é muito forte,
e Afrodite estava curiosa sobre a sua Marca. Além do mais, você é bonita o suficiente para
ser uma delas.”
“Hey, você também é!” Eu me senti enjoada ao pensar que Stevie Rae estava jogada
naquela cadeira como Elliott... sobre beber o sangue de Stevie Rae.
“Não, eu só sou meio fofa. Eu não sou uma delas.”
“Eu também não sou!” eu gritei, fazendo Nala acordar e ronronar sem parar para
mim.
“Eu sei que você não é. Não foi o que eu quis dizer. Eu só quis dizer que elas iriam te
querer no grupo delas, então elas não iam tentar te usar desse jeito.”
Não, elas conseguiram me enganar e tentaram o máximo me apavorar. Mas por quê?
Espera! Eu sabia o que elas estavam aprontado. Erik disse que a primeira vez que ele
bebeu sangue ele odiou, e vomitou. Eu estava aqui apenas 2 dias. Elas queriam fazer algo
que iria me enojar tanto que eu ficaria assustada para não me aproximar delas ou do
ritual delas.
Elas não queriam que eu fosse parte das Filhas Negras, mas elas também não
queriam contar a Neferet que elas não me queriam. Ao invés disso, elas queriam que eu
me recusasse a me juntar a elas. Por qualquer que fosse a razão, a tirana Afrodite queria
me manter longe das Filhas Negras. Tiranos sempre me irritaram, o que significa,
infelizmente, que eu sabia o que tinha que fazer.
Ah, merda. Eu iria me juntar as Filhas Negras.
“Zoey, você não está com raiva de mim está?” Stevie Rae disse baixinho.
Eu pisquei, tentando limpar a garganta. “É claro que não! Você está certa; Afrodite
não tentou fazer com que eu doasse sangue.” Eu joguei o ultimo pedaço do sanduíche na
boca, e mastiguei rápido. “Hey, estou realmente acabada. Você acha que pode me ajudar
a achar uma caixa para Nala para mim poder dormir um pouco?”
Stevie Rae instantaneamente se alegrou, e pulou da cama com sua alegria normal.
“Olha isso.” Ela praticamente pulou para o lado do quarto e segurou uma enorme mala
que tinha FELICIA SOUTHERN LOJA DE AGRICULTA, 2616. HARVARD, TULSA escrita com
enormes letras brancas. Daquilo ela colocou no chão uma pequena caixa, uma tigela de
comida e outra de água, uma caixa com comida de gato (com proteção extra), e um saco
de areia.
“Como você sabia?”
“Eu não sabia. Estava na frente da nossa porta quando voltei do jantar.” Ela pegou
no fundo da bolsa e puxou um envelope e uma adorável colar de couro rosa que tinha
espinhos em miniatura prateados ao redor.
“Aqui, é pra você.”
Ela me entregou o envelope, que agora eu podia ver tinha meu nome escrito,
enquanto ela colocava Nala no seu colar. Dentro, escrita em uma linda letra tinha uma
linha.
Skylar me disse que ela estava vindo. Estava assinado apenas com uma letra: N.
VINTE
Eu teria que falar com Neferet. Eu pensei enquanto Stevie Rae e eu nos
apressávamos para tomar café. Eu não queria falar nada para ela sobre a minha suposta
estranha reação aos elementos – eu quero dizer, eu não estava mentindo para Stevie Rae.
Eu poderia ter imaginado a coisa toda. E se eu contasse para Neferet e ela me fizesse
fazer algum tipo de teste de afinidade estranho (nessa escola, vai saber?) e ela descobrir
que eu não tenho nada a não ser uma bela imaginação? De jeito nenhum eu queria passar
por algo assim. Eu iria manter a boca fechada até saber mais. Eu também não queria dizer
nada para ela sobre eu ter achado que vi o fantasma de Elizabeth. Como se eu quisesse
que Neferet achasse que eu era louca? Neferet era legal, mas ela era uma adulta, e eu
quase podia ouvir o sermão “é só sua imaginação porque você passou por tantas
mudanças” que iria receber se eu admitisse que vi um fantasma. Mas eu precisava falar
com ela sobre o negocio de ânsia por sangue. (Droga – se eu gostava tanto porque a idéia
ainda me deixava enjoada?)
“Você acha que ela vai te seguir até a aula?” Stevie Rae disse, apontado para Nala.
Eu olhei para os meus pés onde a gata estava ronronando contente. “Ela pode?”
“Você quer dizer, se ela tem permissão?”
Eu acenei.
“Sim, gatos podem ir onde quiserem.”
“Huh,” eu disse, abaixando para coçar o topo da cabeça dela. “Eu acho que ela pode
me seguir o dia todo então.”
“Bem, estou feliz por ela ser sua não minha. Eu vi que quando o alarme disparou, ela
é totalmente uma abraçadeira de travesseiros.”
Eu ri. “Você está certa. Como uma garotinha dessas pode ter tirado meu próprio
travesseiro eu não sei.” Eu dei a ela mais uma coçada. “Vamos. Vamos nos atrasar.”
Eu levantei com uma tigela na mão, e quase dei um encontrão em Afrodite. Ela
estava, como sempre, sendo seguida por Terrível e Pronta pra Guerra. Vespa não estava a
vista (talvez ela tenha tomado um banho e derreteu quando a água a tocou – hee hee). O
nojento sorriso de Afrodite me lembrou da piranha que vi no aquário de Jenks quando
minha turma de biologia foi lá ano passado numa saída de campo.
“Olá, Zoey. Deus, você saiu com tanta pressa ontem a noite que não tive chance de
dar tchau. Pena que você não se divertiu. É uma pena, mas as Filhas Negras não são para
todos.” Ela olhou para Stevie Rae e deu um sorriso feio.
“Na verdade, eu me diverti ontem a noite, e absolutamente adorei o vestido que você
me deu!” eu disse. “Obrigado pelo convite para me juntar as Filhas Negras. Eu aceito.
Totalmente.”
O sorriso felino de Afrodite se achatou. “Verdade?”
Eu ri como se fosse uma idiota sem noção. “Verdade! Quando é a próxima reunião,
ou ritual ou tanto faz – ou eu deveria perguntar a Neferet? Eu vou ver ela essa manhã. Eu
sei que ela vai ficar feliz por saber o quão bem vinda você me fez sentir ontem a noite e
que agora eu sou uma Filha Negra.”
Afrodite hesitou por um segundo. Então ela sorriu de novo e imitou meu tom de voz
sem noção perfeitamente. “Sim, eu aposto que Neferet vai ficar feliz de saber que você se
juntou a nós, mas eu sou a líder das Filhas Negras e sei nosso horário de cor, então não
há necessidade para incomodar ela com perguntar bobas. Amanha é a celebração de
Samhain. Use o seu vestido,” ela enfatizou a palavra, e meu sorriso aumentou. Eu queria
acertar ela e acertei. “E me encontre no corredor da recreação depois do jantar, 4 da
manhã em ponto.”
“Ótimo. Estarei lá.”
“Ótimo, que surpresa agradável,” ela disse travessamente. Então, seguida por
Terrível e Pronta para guerra (que pareciam vagamente chocadas), as 3 saíram da
cozinha.
“Bruxas do inferno,” eu murmurei. Eu olhei para Stevie Rae, que estava me olhando
com uma expressão chocada.
“Você vai se juntar a elas?” ela sussurrou.
“Não é o que você acha. Anda, eu te conto no caminho para a aula.” Eu coloquei os
pratos do café da manha na lava louça e levei a muito quieta Stevie Rae, para fora. Nala
nos seguiu, ocasionalmente assobiando para qualquer gato que se atrevesse a andar
perto de mim na calçada. “Estou fazendo reconhecimento do inimigo, como você disse
ontem a noite,” eu expliquei.
“Não. Eu não gosto,” ela disse, balançando a cabeça com tanta força que fez seu
cabelo curto balançar feito louco.
“Você nunca ouviu falar do ditado ‘mantenha seus amigos perto, e seu inimigos mais
perto ainda?’ ”
“Sim, mas-“
“É tudo que estou fazendo. Afrodite se safa de muita coisa. Ela é maldosa. Ela é
egoísta. Ela não pode ser a próxima Alta Sacerdotisa de Nyx.”
Os olhos de Stevie Rae ficaram enormes. “Você vai impedir ela?”
“Bem, eu vou tentar.” E enquanto conversávamos eu senti a lua crescente na minha
cabeça formigar.
***
“Obrigado pelas coisas de gato que você conseguiu para Nala,” eu disse.
Neferet olhou para longe dos trabalhos que estava corrigindo e sorriu. “Nala – esse é
um bom nome para ela, mas você deveria agradecer Skylar não eu. Foi ele que me disse
que ela estava vindo.” Então ela olhou para a bola de pelos laranja que estava
impacientemente passando pelas minhas pernas. “Ela ficou bem próxima a você.” Os
olhos dela se ergueram de novo em direção aos meus. “Me diga, Zoey, você já ouviu a
voz dela dentro da sua cabeça, ou sabe exatamente onde ela está, mesmo quando ela
não está no mesmo lugar que você?”
Eu pisquei. Neferet achava que eu pudesse ter uma afinidade com gatos! “Não, eu –
eu não a ouço na minha cabeça. Mas ela reclama para mim bastante. E eu não saberia
dizer se sei onde ela está quando não esta comigo. Ela está sempre comigo.”
“Ela é incrível.” Neferet curvou o dedo em direção a Nala e disse, “Venha para mim,
criança.”
Instantaneamente, Nala pulou na mesa de Neferet, espalhando os papeis por todo
lado.
“Oh, deus, desculpe, Neferet.” Eu fui pegar Nala, mas Neferet me impediu. Ela
estava acariciando a cabeça de Nala, e a gata fechou os olhos e ronronou.
“Gatos são sempre bem vindos, e papeis são fáceis de organizar. Agora, o que você
queria realmente falar comigo, Zoeybird?”
Ela usou o apelido que vovó usava para me chamar e fez meu coração doer, e de
repente eu senti falta dela com uma intensidade que me fez piscar para impedir as
lagrimas.
“Você está sentindo falta do seu antiga casa?” Neferet perguntou suavemente.
“Não, na verdade não. Bem, com exceção de vovó, mas eu estive tão ocupada que
acho que só percebi agora,” eu disse culpadamente.
“Você não sente falta da sua mãe e pai.”
Ela não disse como se fosse uma pergunta, mas eu senti a necessidade de
responder. “Não. Bem, eu não tenho um pai de verdade. Ele nos deixou quando éramos
pequenas. Minha mãe casou novamente 3 anos atrás e, bem...”
“Você pode me dizer. Te dou minha palavra que vou entender,” Neferet disse.
“Eu odeio ele!” Eu disse com mais raiva do que esperei sentir. “Desde que ele se
juntou a nossa família,” – eu disse a palavra de forma sarcástica – “nada está certo. Minha
mãe mudou totalmente. É como se ela não pudesse mais ser a mulher dele e minha mãe.
Não tem sido meu lar a muito tempo.”
“Minha mãe morreu quando eu tinha 10 anos. Meu pai não casou de novo. Ao invés
disso, ele começou a me usar como sua esposa. Desde que eu tinha 10 até Nyx me salvar
me Marcando quando eu tinha 15 anos, ele abusou de mim.” Neferet pausou e então o
choque do que ela estava dizendo passou por mim antes dela continuar. “Então você vê,
quando digo que entendo o que é ver sua casa se transformar num lugar insuportável eu
não estou apenas falando superficialmente.”
“Isso é horrível.” Eu não sabia o que mais dizer.
“Era naquela época. Agora é simplesmente outra memória. Zoey, humanos do nosso
passado, e mesmo do presente e futuro, vão se tornar cada vez menos importantes para
você até que, eventualmente, você não vai sentir quase nada por eles. Você vai entender
isso mais enquanto sua Mudança continua.”
Tinha uma frieza na voz dela que me fez sentir estranha, e eu me ouvi dizendo, “eu
não quero parar de me importar com minha avó.”
“É claro que você não quer.” Ela disse voltando a ser quente e se importando. “É
apenas 9 horas, porque você não liga para ela? Você pode se atrasar para a aula de
teatro; eu vou avisar a professora Nola que você foi liberada.”
“Obrigada, eu gostaria disso. Mas não era isso que eu queria falar com você.” Eu
respirei fundo. “Eu bebi sangue ontem a noite.”
Neferet acenou. “Sim, as Filhas Negras freqüentemente misturam o sangue de um
calouro com o vinho. É algo que os jovens gostam de fazer. Isso te chateou, Zoey?”
“Bem, eu não soube até depois. Então, sim, me chateou.”
Neferet franziu a testa. “Não foi ético de Afrodite não te contar antes. Você deveria
ter tido a chance de rejeitar. Eu vou falar com ela.”
“Não!” eu disse um pouco rápido demais, e então me forcei a ficar calma. “Não, não
tem necessidade. Eu cuidei disso. Eu também decidi me juntar as Filhas Negras, então
não quero começar parecendo que eu quis colocar Afrodite em problemas.”
“Você provavelmente tem razão. Afrodite pode ser bem temperamental, e eu confio
que você possa cuidar de si mesma, Zoey. Nós gostamos de encorajar os calouros a
resolver os problemas que tem entre si sempre que possível.” Ela me estudou,
preocupação era obvia no rosto dela. “É normal para a primeira vez que você prova
sangue ser menos que apetitoso. Você saberia disso se estivesse conosco a mais tempo.”
“Não é isso. Era – era muito gostoso. Erik me disse que a minha reação foi bem
pouco comum.”
As perfeitas sobrancelhas de Neferet se ergueram. “É, de fato. Você também se
sentiu tonta e muito feliz?”
“Os dois,” eu disse suavemente.
Neferet olhou para a minha Marca. “Você é única, Zoey Redbird. Bem, eu acho que
seria melhor te tirar dessa sessão de sociologia, e te mover para Sociologia 415.”
“Eu preferia que você não fizesse isso,” eu disse rapidamente. “Eu já me sinto uma
aberração o suficiente com todos olhando para a minha Marca e observando para ver se
eu faço algo estranho. Se você me mudar de aula com garotos que estão aqui a 3 anos,
eles vão me achar bizarra.”
Neferet hesitou, coçando a cabeça de Nala enquanto ela considerava.
“Eu entendo o que você quer dizer, Zoey. Eu não sou uma adolescente a mais de 100
anos, mas vampiros tem longas e precisas memórias, e eu lembro como é passar pela
Mudança.” Ela suspirou. “Ok, que tal um compromisso? Eu permito que você fique na
turma dos terceiranistas, mas quero te dar os textos que usamos nas aulas mais
avançadas, e se você concordar em ler um capítulo por semana, e prometer que vai
discutir qualquer pergunta que tiver comigo.”
“Feito,” eu disse.
“Você sabe, Zoey, enquanto você Muda, você literalmente está se tornando um ser
inteiramente novo. Um vampiro não é humano, embora tenhamos sido humanos. Pode
soar censurável para você agora, mas seu desejo por sangue é tão normal para sua nova
vida quanto o seu desejo por” – ela parou e então sorriu – “coca-cola foi na sua vida
antiga.“
“Droga! Você sabe tudo?”
“Nyx me deu dons generosamente. Além da minha afinidade com nossos adoráveis
felinos e habilidade de cura, eu também sou intuitiva.”
“Você pode ler minha mente?” eu perguntei nervosa.
“Não exatamente. Mas eu pego partes das coisas. Por exemplo, eu sei que tem outra
coisa que você precisa me contar sobre ontem a noite.”
Eu respirei fundo. “Eu fique chateada depois que descobri sobre o sangue, e sai da
sala de recreação. Foi como encontrei Nala. Ela estava na árvore que fica perto do muro
da escola. Eu pensei que ela estava presa ali, então eu subi para pegar ela, e, bem,
enquanto eu estava falando com ela dois garotos da minha antiga escola me
encontraram.”
“O que aconteceu?” A mão de Neferet parou; ela não estava mais acariciando Nala, e
eu tinha toda a atenção dela.
“Não foi bom. Eles – eles estavam bêbados, altos.” Ok, eu não queria falar isso!
“Eles tentaram machucar você?”
“Não, nada disso. Foi minha ex melhor amiga e meu quase ex-namorado.”
Neferet levantou uma sobrancelha de novo.
“Bem, eu parei de sair com ele, mas ainda temos uma coisa um pelo outro.
Ela acenou como se tivesse entendido. “Continue.”
“Kayla e eu meio que brigamos. Ela me vê de forma diferente agora e eu acho que
eu também vejo ela de forma diferente. Nenhuma de nós gosta da nossa visão.” Enquanto
disse percebi que era verdade. Não era como se K tivesse mudado – na verdade, ela era
exatamente a mesma. Era só que as pequenas coisas que eu ignorava, como a falação
sem parar e seu lado maldoso, estavam agora me irritando pra falar. “De qualquer forma,
ela saiu e me deixou sozinha com Heath.” Eu parei ali, sem ter certeza de como dizer o
resto.
Os olhos de Neferet se estreitaram. “Você experimentou uma ânsia pelo sangue
dele.”
“Sim,” eu sussurrei.
“Você bebeu o sangue dele, Zoey?” A voz dela era afiada.
“Eu só provei uma gota. Eu aranhei ele. Eu não queria, mas quando ouvi o pulso dele
batendo – aquilo me fez arranhar ele.
“Então você não realmente bebeu do ferimento?”
“Eu comecei, mas Kayla voltou e nos interrompeu. Ela estava totalmente apavorada,
e foi como eu consegui fazer Heath ir embora.”
“Ele não queria?”
Eu balancei a cabeça. “Não. Ele não queria.” Eu senti como se fosse chorar de novo.
“Neferet, eu sinto muito! Eu não queria. Eu nem sabia o que eu estava fazendo até que
Kayla gritou.”
“É claro que você não percebeu o que estava acontecendo. Como uma recém
Marcada novata poderia saber sobre ânsia de sangue?” Ela tocou meu braço em um jeito
de mãe para dar segurança. “Você provavelmente não teve um Imprint* (*impressão)
com ele.”
“Imprint?”
“É o que freqüentemente acontece quando um vampiro bebe de um humano
diretamente, especialmente se há uma ligação que já estava estabelecida antes de se
beber o sangue. É por isso que é proibido para calouros beberem o sangue de humanos.
Na verdade, é extremamente desencorajado que vampiros adultos se alimentem de
humanos também. Tem uma parte toda de vampiros que acham moralmente errada e
gostariam de tornar ilegal,” ela disse.
Eu vi os olhos dela escurecerem enquanto ela falava. A expressão neles de repente
me deixou nervosa e me fez sentir um calafrio. Então Neferet piscou e os olhos dela
voltaram ao normal. Ou eu só tinha imaginado a estranha escuridão?
“Mas essa é uma discussão que deve ser deixada para a aula de sociologia dos
sestanistas.”
“O que eu faço sobre Heath?”
“Nada. Me avise se ele tentar de novo. Se ele ligar para você, não atenda. Se ele
começou o imprinting mesmo o som da sua voz ira afetar ele e funcionar como um
sedução para trazer ele até você.”
“Parece como algo vindo de Drácula,” eu murmurei.
“Não é nada parecido com aquele miserável livro!” Ela surtou. “Stoker difamou os
vampiros, o que causou a nossa gente vários problemas com humanos.”
“Eu sinto muito, eu não queria-”
Ela balançou a mão me dispensando. “Não, eu não deveria ter descontado minha
frustração sobre aquele velho e tolo livro em você. E não se preocupe com seu amigo
Heath. Eu tenho certeza que ele ficará bem. Você disse que ele estava fumando e
bebendo? Eu assumo que você quis dizer maconha?”
Eu acenei. “Mas eu não fumo,” eu adicionei. “Na verdade, ele também não
costumava e nem Kayla. Eu não entendo o que aconteceu com eles. Eu acho que eles
estão andando com alguns jogadores de futebol drogados do Union, e nenhum deles tem
senso o bastante para dizer não a eles.”
“Bem, a reação dele a você pode ter tido mais a ver com o nível de intoxicação que
um possível Imprint.” Ela pausou, tirando um bloco de notas da gaveta da mesa, e me
deu um lápis. “Mas só para prevenir, porque você não escreve o nome completo dos seus
amigos e onde eles vivem. Oh, e adicione o nome dos jogadores de futebol do Union
também, se você os conhece.”
“Porque você precisa de todos esses nomes?” Eu senti meu coração cair nos meus
pés. “Você não vai ligar para os pais deles, vai?”
Neferet riu. “Claro que não. O mal comportamento dos humanos adolescentes não é
da minha conta. Só pedi para concentrar meus pensamentos no grupo e talvez captar
algum vestígio de um possível Imprint entre eles.”
“O que acontece se você captar? O que acontece com Heath?”
“Ele é jovem e o imprint será fraco, então tempo e distancia deve fazer desaparecer
eventualmente. Se ele realmente imprinted totalmente, tem jeito de quebrar.” Eu estava
prestes a dizer que talvez ela devesse ir em frente e fazer o que pudesse para quebrar o
imprint quando ela continuou. “Nenhum dos jeitos é agradável.”
“Oh, ok.”
Eu escrevi os nomes e endereços de Kayla e Heath. Eu não fazia idéia de onde
viviam os jogadores do Union, mas eu lembrei o nome deles. Neferet levantou e foi para o
fundo da sala pegar um grosso livro cujo titulo era Sociologia 415.
“Comece com o capítulo 1 e continue até o fim. Até você ter terminado, vamos
considerar esse seu dever de casa ao invés daquele passado para o restante da turma.”
Eu peguei o livro. Era pesado e a capa parecia fria no meu quente e nervoso aperto.
“Se você tiver duvidas, qualquer um, venha me ver imediatamente. Se eu não estiver
aqui vá a meu apartamento no templo de Nyx. Entre na porta da frente e siga as escadas
na direita. Eu sou a única sacerdotisa da escola agora, então o segundo andar todo me
pertence. E não se preocupe em me perturbar. Você é minha caloura – é seu trabalho me
perturbar,” ela disse com um quente sorriso.
“Obrigado, Neferet.”
“Tente não se preocupar. Nyx tocou você e uma deusa cuida dos seus.” Ela me
abraçou. “Agora, vou contar a professora Nolan o que aconteceu com você. Vá em frente
e use o telefone da minha mesa para ligar para sua avó.” Ela me abraçou de novo e então
fechou a porta da sala de aula gentilmente atrás de dela e saiu.
Eu sentei na mesa dela e pensei sobre o quão incrível ela era, e o tempo que fazia
desde que minha mãe me abraçava daquele jeito. E por alguma razão, eu comecei a
chorar.
VINTE E UM
“Oi vovó, sou eu.”
“Oh! Minha Zoeybird! Você está bem, querida?”
Eu sorri para o telefone e limpei meus olhos. “Estou bem, vovó. Só sinto sua falta.”
“Pequena ave, eu também sinto sua falta.” Ela parou e então disse, “Sua mãe ligou
para você?”
“Não.”
Vovó suspirou. “Bem, querida, talvez ela não queira te incomodar enquanto você
ainda está se ajustando a nova vida. Eu disse a ela que Neferet me explicou que seus dias
e noites estariam virados.”
“Obrigado, vovó, mas eu não acho que seja por isso que ela não me ligou.”
“Talvez ela tenha tentado e você perdeu a ligação. Eu liguei para seu celular ontem,
mas caiu na caixa postal.”
Eu senti uma onda de culpa. Eu não cheguei minha caixa postal. “Eu esqueci de
carregar o telefone. Está no meu quarto. Desculpe por ter perdido a ligação, vovó.” Então,
para fazer ela se sentir melhor (e fazer ela parar de falar sobre isso), eu disse, “Vou
checar as mensagens quando voltar para meu quarto. Talvez mamãe tenha ligado.”
“Talvez ela tenha, querida. Então, me conte, como é aí?”
“É legal. Eu quero dizer, tem várias coisas que eu gosto. Minhas aulas são legais.
Hey, vovó, estou tendo aula até de esgrima e equitação.”
“Isso é maravilhoso! Eu lembro o quanto você gostava do Bunny.”
“Eu tenho um gato!”
“Oh, Zoeybird, estou tão feliz. Você sempre amou gatos. Você fez amizades?”
“Sim, minha colega de quarto, Stevie Rae, é ótima. E eu já gosto dos amigos dela
também.”
“Então, se você está se saindo também, porque as lagrimas?”
Eu deveria saber que não posso esconder nada da vovó. “É só que... algumas coisas
sobre a Mudança são difíceis de se lidar.”
“Você está bem, não está?” Preocupação passou pela voz dela. “Sua cabeça está
bem?”
“Sim, não é nada disso. É-” Eu parei. Eu queria contar a ela; eu queria contar a ela
tanto que eu poderia explodir, mas não sabia como. E eu estava com medo – medo dela
não me amar mais. Eu quero dizer, mamãe deixou de me amar, não deixou? Ou, no
mínimo, mamãe me trocou seu novo marido. Que, de certa forma, era pior do que ela ter
deixado de me amar. O que eu faria se vovó se afastasse de mim também?
“Zoeyburd você sabe que pode me contar qualquer coisa,” ela disse gentilmente.
“É difícil, vovó.” Eu mordi o lábio para me impedir de chorar.
“Então vamos facilitar. Não tem nada que você possa dizer que faria eu deixar de
amar você. Eu sou sua vovó hoje, amanha, e no ano que vem. Serei sua avó até mesmo
depois que me juntar a nossos ancestrais no mundo espiritual, e de lá ainda vou amar
você, Pequena Ave.”
“Eu bebi sangue e eu gostei!” Eu falei.
Sem hesitar, vovó disse, “Bem, querida, não é isso que vampiros fazem?”
“Sim, mas eu não sou uma vampira. Eu sou uma caloura a apenas alguns dias.”
“Você é especial, Zoey. Sempre foi. Porque isso deveria mudar agora?”
“Eu não me sinto especial. Eu me sinto uma aberração.”
“Então lembre de algo. Você ainda é você. Não importa que você tenha sido
Marcada. Não importa que você está passando pela Mudança. Por dentro, seu espírito
ainda é seu espírito. Por fora você pode parecer um estranho familiar, mas você precisa só
olhar dentro de si para descobrir o que você sabe a 16 anos.”
“O estranho familiar...,” eu sussurrei. “Como você sabia?”
“Você é minha garota, querida. Você é a filha do meu espírito. Não é difícil entender
o que você deve estar sentido – é muito parecido com o que eu imagino que eu estaria
sentido.”
“Obrigado, vovó.”
“De nada, U-we-tsi a-ge-hu-tsa.”
Eu sorri, amando como soa a palavra Cherokee para filha – tão mágica e especial,
como se fosse um titulo dado a uma deusa. Dado a uma deusa...
“Vovó, tem outra coisa.”
“Me conte, Pequena Ave.”
“Eu acho que eu sinto os 5 elementos quando o circulo é lançado.”
“Se isso é verdade, você tem um grande poder, Zoey. E você sabe que com grande
poder vem uma grande responsabilidade. Nossa família tem uma rica história de Anciões
Tribais, Homens da Medicina, e Mulheres Sábias. Tenha o cuidado, Pequena Ave, de
pensar antes de agir. A deusa não teria te dado poderes especiais para nada. Os use
cuidadosamente, e faz Nyx, assim como os seus ancestrais, olharem para você e
sorrirem.”
“Vou fazer meu melhor, vovó.”
“É tudo que peço de você, Zoeybird.”
“Tem uma garota aqui que também tem poderes especiais, mas ela é horrível. Ela é
implicante e ela mente. Vovó, eu acho... eu acho...” Eu respirei fundo e disse o que estava
batendo na minha mente a manhã toda. “Eu acho que sou mais forte que ela e eu acho
que talvez Nyx me Marcou para tirar ela da posição em que ela esta. Mas – mas isso iria
significar que eu tenho que tomar o lugar dela, e não sei se estou pronta para isso, agora
não. Talvez nunca.”
“Siga o que teu espírito te diz, Zoeybird.” Ela hesitou, e então disse. “Querida, você
lembra da reza purificadora da nossa gente?”
Eu pensei. Eu não conseguia contar o numero de vezes que eu fui com ela ao
pequeno rio atrás da casa da vovó e a observei se banhar ritualisticamente na água
corrente enquanto falava a reza de purificação. Às vezes eu entrava no rio com ela, e dizia
a reza também. A reza foi apresentada para mim em minha infância, falava da mudança
das estações, e agradecia pela colheita, eu pela preparação do inverno que estava por vir,
assim como o que quer que fosse quando vovó tinha que enfrentar uma decisão difícil. Às
vezes eu não sabia por que ela se purificava e falava a reza. Simplesmente sempre foi
assim.
“Sim,” eu disse. “Eu lembro.”
“Tem água corrente dentro do campus?”
“Eu não sei, vovó.”
“Bem, se não tiver use um galho de reza. Salva e lavanda misturados juntos é
melhor, mas você pode usar pinho fresco se você não tiver outra opção. Você sabe o que
fazer, Zoeybird?”
“Me esfregar, começando pelos pés e indo para cima, frente e costas,” eu recitei,
como se eu fosse uma criança de novo e vovó estava me ensinando o caminho da nossa
gente. “E então me virar para o leste e falar a reza da purificação.”
“Ótimo, você lembra. Peça para a deusa por ajuda, Zoey. Eu acredito que ela vai
ouvir você. Você pode fazer isso antes do nascer do sol amanha?”
“Acho que sim.”
“Eu vou fazer a reza também, e acrescentar a voz da sua avó para pedir a deusa que
guie você.”
E de repente eu me senti melhor. Vovó nunca estava errada sobre esse tipo de coisa.
Se ela acreditava que eu ficaria bem, então eu realmente ficaria bem.
“Eu vou fazer a reza de purificação antes do amanhecer. Eu prometo.”
“Ótimo, Pequena Ave. Agora é melhor essa velha mulher deixar você ir. Você está no
meio da aula, não está?”
“Sim, estou a caminho da aula de Teatro. E, vovó, você nunca será velha.”
“Não enquanto puder ouvir sua jovem voz, Pequena Ave. Eu amo você, U-we-tsi age-
hu-tsa.”
“Eu amo você também, vovó.”
Falar com vovó tirou um enorme peso do meu coração. Eu ainda estava assustada e
surtando sobre o futuro, e não estava certa sobre a idéia de derrubar Afrodite. Sem
mencionar que eu não tinha idéia do que fazer. Mas eu tinha um plano. Ok, talvez não
fosse um “plano”, mas pelo menos era algo para fazer. Eu completaria a reza de
purificação, e então... bem... eu descobriria o que fazer depois.
É, isso vai funcionar. Ou pelo menos foi o que fiquei dizendo a mim mesma na aula.
No almoço eu decidi o lugar para fazer o ritual – debaixo da árvore onde encontrei Nala.
Eu pensei sobre isso enquanto pegava a salada atrás das Gêmeas. Árvores, especialmente
carvalhos, eram sagradas para o povo Cherokee, então essa pareceu ser uma boa
escolha. Além do mais, era isolado e um lugar fácil de chegar. Claro, Heath e Kayla tinham
me encontrado lá, mas eu não estava planejando sentar no topo da parede de novo, e eu
não conseguia imaginar Heath aparecendo no amanhecer dois dias seguidos, tendo ele
imprinted ou não. Eu quero dizer, esse era o cara que dormia até duas da tarde no verão,
todo dia. Era necessário dois despertadores e a mãe dele gritar com ele para o fazer
levantar para ir a aula. O cara não iria levantar até antes do amanhecer de novo.
Provavelmente levaria meses para ele se recuperar de ontem. Não, na verdade, ele
provavelmente saiu de casa e encontrou K (sai de fininho sempre foi fácil para ela, os pais
dela são completamente sem noção), e estiveram acordados a noite toda. O que significa
que ele perdeu aula e provavelmente estaria se fingindo de doente e dormindo nos
próximos dois dias. De qualquer forma, eu não estava preocupada com ele aparecer.
“Você acha que milhos bebês são assustadores? Tem só algo errado sobre o corpo
pequeno deles.”
Eu dei um pulo e quase derrubei a concha de molho na vasilha com o liquido branco,
e olhei para os olhos azuis de Erik enquanto ele ria.
“Oh, olá,” eu disse. “Você me assustou.”
“Z, eu acho que estou fazendo um habito aparecer de fininho pra você.”
Eu ri nervosa, muito ciente de que as Gêmeas estavam observando cada movimento
nós fazíamos.
“Você parece que se recuperou de ontem.”
“Sim, sem problemas. Estou bem. E dessa vez não estou mentindo.”
“E eu fiquei sabendo que você se juntou as Filhas Negras.”
Shaunee e Erin sugaram o ar juntas. Eu fui cuidadosa para não olhar para elas.
“Sim.”
“Isso é legal. Aquele grupo precisa de sangue novo.”
“Você diz “aquele grupo” como se você não pertencesse. Você não é um Filho
Negro?”
“Sim, mas não é o mesmo que ser uma Filha Negra. Nós somos apenas ornamentais.
Meio que o oposto do que é no mundo humano. Todos os caras sabem que só estamos lá
para parecer bem e manter Afrodite divertida.”
Eu olhei para ele, lendo algo mais nos olhos dele. “E é isso que você ainda está
fazendo, divertido Afrodite?”
“Como eu disse ontem a noite, não mais, o que é uma das razões do porque eu
realmente não me considero parte do grupo. Eu tenho certeza que elas me expulsariam se
não fosse por aquela coisinha de atuação que eu faço.”
“Você quer dizer “pequena” como na Brodway e LA* (*Los Angeles) que já estão
interessados em você.”
“É o que eu quis dizer.” Ele riu para mim. “Não é real, você sabe. Atuar é fingir. Não
é o que eu realmente sou.” Ele se curvou e sussurrou no meu ouvido. “Na verdade, eu
sou um nerd.”
“Oh, por favor. Essa cantada funciona para você?”
Ele exagerou um olhar de estar ofendido. “Cantada? Não, Z. Essa não é uma
cantada, e eu posso provar.”
“Claro que você pode.”
“Eu posso. Venha ver o filme hoje a noite. Vamos assistir meu DVD favorito de todos
os tempos.”
“Como isso prova algo?”
“É Star Wars, os originais. Eu sei as falas de todas as partes.” Ele se inclinou para
perto e sussurrou de novo. “Eu consigo fazer até as partes do Chewbacaa.”
Eu ri. “Você está certo. Você é um nerd.”
“Eu disse a você.”
Chegamos no fim do Buffet de salada e ele andou comigo até a mesa onde Damien,
Stevie Rae, e as Gêmeas já estavam sentados. E, não, eles não estavam tentado esconder
que eles estavam totalmente nos olhando feito bobos.
“Então, você vai... comigo... hoje a noite?”
Eu consegui ouvir os 4 segurando a respiração. Literalmente.
“Eu gostaria, mas hoje a noite não posso. Eu-uh – já tenho planos.”
“Oh. Ok. Bem... da próxima vez. Vejo você por aí.” Ele acenou para mesa e se
afastou.
Eu sentei. Eles estavam me encarando. “O que?” eu disse.
“Você perdeu a cabeça,” Shaunee disse.
“Meus pensamentos exatos, Gêmea,” Erin disse.
“Eu espero que você tenha uma boa razão para dispensar ele,” Stevie Rae disse. “É
obvio que você o magoou.”
“Você acha que ele me deixaria confortá-lo?” Damien perguntou, ainda olhando
sonhador para Erik.
“Desista,” Erin disse.
“Ele não joga no seu time,” Shaunee disse.
“Quieta!” Stevie Rae disse. Ela virou para mim e olhou diretamente nos olhos.
“Porque você disse a ele não? O que poderia ser mais importante que um encontro com
ele?”
“Se livrar de Afrodite,” eu disse simplesmente.
VINTE E DOIS
“Ela tem razão,” Damien disse.
“Ela se juntou as Filhas Negras,” Shaunee disse.
“O que!” Damien gritou, a voz dele aumentando 20 oitavas.
“Deixe ela em paz,” Stevie Rae disse, instantaneamente vindo em minha defesa. “Ela
está fazendo reconhecimento.”
“Reconhecimento, o inferno! Se ela se juntar as Filhas Negras ela está batalhando
com o inimigo a toda,” Damien disse.
“Bem, ela se juntou,” Shaunee disse.
“Ouvimos ela,” Erin disse.
“Olá! Ainda estou aqui,” eu disse.
“Então o que você vai fazer?” Damien me perguntou.
“Eu realmente não sei,” eu disse.
“É melhor você ter um plano e arranjar um rápido ou aquelas bruxas vão te comer
no almoço,” Erin disse.
“Sim,” Shaunee disse, comendo sua salada viciosamente para dar efeito.
“Hey! Ela não tem que descobrir sozinha. Ela tem a nós.” Stevie Rae cruzou os
braços por cima do peito e olhou para as Gêmeas.
Eu sorri agradecida a Stevie Rae. “Bem, eu meio que tenho uma idéia.”
“Ótimo. Nos diga e vamos trabalhar em cima dela,” disse Stevie Rae. Todos olharam
com expectativa para mim. Eu suspirei. “Bem. Um...”
Eu comecei hesitante, com medo de soar como uma idiota, e então decidi que era
melhor falar o que estava na minha cabeça desde que falei com vovó, então terminei
apressadamente. “Eu pensei em fazer uma antiga purificação baseado no ritual Cherokee
e pedir a Nyx me ajudar com um plano.”
O silencio na mesa pareceu durar para sempre. Então Damien finalmente disse,
“Pedir ajuda para Nyx não é uma má idéia.”
“Você é Cherokee?” Shaunee disse.
“Você parece Cherokee,” Erin disse.
“Olá! O sobrenome dela é Redbird. Ela é Cherokee,” Stevie Rae disse com afinidade.
“Bem, isso é bom,” Shaunee disse, mas ela parecia com duvidas.
“Eu apenas acho que Nyx pode realmente me ouvir e – talvez – me dar alguma dica
sobre o que eu deveria fazer sobre a horrível Afrodite.” Eu olhei para cada um dos meus
amigos. “Algo dentro de mim diz que é errado deixar ela escapar de toda essa merda que
ela esta fazendo.”
“Me deixe contar a eles!” Stevie Rae disse de repente. “Eles não vão contar a
ninguém. Verdade. E vai ajudar se eles souberem.”
“O que diabos?” Erin disse.
“Ok, agora você não tem escolha,” Shaunee disse, apontando para Stevie Rae com
seu garfo. “Ela sabia que se dissesse isso iríamos te incomodar até você nos dizer do que
diabos ela está falando.”
Eu franzi a testa para Stevie Rae, que deu nos ombros e disse, “Desculpe.”
Relutantemente, eu baixei a voz e me inclinei para frente. “Prometam que não vão
contar a ninguém.”
“Prometemos,” eles falaram.
“Eu acho que eu posso sentir os cinco elementos quando o circulo é lençado.”
Silêncio. Eles apenas ficaram encarando. Três deles chocados, Stevie Rae presumida.
“Então, vocês ainda acham que ela não pode derrubar Afrodite?” Stevie Rae disse.
“Eu sabia que tinha mais sobre a sua Marca do que cair e bater a cabeça!” Shaunee
disse.
“Wow,” Erin disse. “Em falar em fofoca.”
“Ninguém pode saber!” eu disse rapidamente.
“Por favor,” Shaunee disse. “Só estamos dizendo que algum dia será fofoca.”
Damien ignorou as duas. “Eu não acho que existem registros de nenhuma Alta
Sacerdotisa que tenha afinidade com os 5 elementos.” A voz de Damien ficou mais
excitada quando ele falou. “Você sabe o que isso significa?” Ele não me deu chance de
responder. “Significa que você potencialmente pode ser a mais possante Alta Sacerdotisa
dos vampiros já conheceram.”
“Huh?” eu disse. Possante?
“Forte – poderosa,” ele disse impacientemente. “Você pode ser capaz de derrubar
Afrodite!”
“Agora, essa é uma noticia seriamente boa,” Erin disse, enquanto Shaunee acenava
entusiasmadamente em concordância.
“Então quando nós vamos fazer o negocio da purificação?” Stevie Rae perguntou.
“Nós?” eu disse.
“Você não vai fazer isso sozinha, Zoey,” ela disse.
Eu abri minha boca para protestar – eu quero dizer, eu nem tinha certeza do que eu
iria fazer. Eu não queria ver meus amigos misturados com algo que poderia ser – na
verdade, provavelmente seria – uma bagunça total. Mas Damien não me deu tempo de
dizer não a eles.
“Você precisa de nós,” ele disse simplesmente. “Até a mais possante Alta Sacerdotisa
precisa do seu circulo.”
“Bem, eu na verdade não pensei sobre fazer um circulo. Eu só vou fazer uma coisa
de reza purificadora.”
“Você não pode fazer um circulo e então rezar pela ajuda de Nyx?” Stevie Rae
perguntou.
“Parece lógico,” Shaunee disse.
“Além do mais, se você realmente tem uma afinidade para os 5 elementos, você será
capaz de sentir quando lançar seu próprio circulo. Certo, Damien?” Stevie Rae disse.
Todos olharem para o gay sábio do nosso grupo.
“Parece lógico para mim,” ele disse.
Eu ainda ia discutir, embora tudo dentro de mim se sentisse feliz e aliviado e
agradecido por meus amigos estarem lá por mim, que eles não iriam me deixar enfrentar
essa incerteza sozinha.
Os valorize; eles são perolas de um grande preço.
A voz familiar flutuou pela minha mente, e eu percebi que não deveria questionar o
novo instinto dentro de mim que pareceu ter nascido quando Nyx beijou minha testa e
mudou permanentemente minha Marca e minha vida.
“Ok, eu vou precisar de um galho de reza.” Eles olharam em branco para mim, e eu
expliquei. “É para a parte de purificação do ritual porque não tem água corrente por aqui.
Ou tem?”
“Você quer dizer um rio ou uma corrente ou algo assim?” Stevie Rae perguntou.
“Sim.”
“Bem, tem um pequeno rio que passa pelo jardim fora do salão de jantar e
desaparece em algum lugar debaixo da escola,” Damien disse.
“Isso não é bom; é muito publico. Vamos precisar de um galho de reza. O que
funciona melhor é lavanda seca e salva misturados juntos, mas se não tiver podemos usar
pinho.”
“Eu posso conseguir a salva e a lavanda,” Damien disse. “Eles tem esse tipo de coisa
no suplemento da escola para os quintanistas e os sestanistas para a aula de Feitiços e
Rituais. Vou apenas dizer que estou ajudando um estudante mais adiantado pegando um
pouco para ele. O que mais você precisa?”
“Bem, no ritual de purificação vovó sempre agradece as 7 sagradas direções que
povo Cherokee honra: norte, sul, leste, oeste, sol, terra, e a si próprio. Mas eu acho que
quero fazer a reza mais especifica para Nyx.” Eu mordi o lábio, pensando.
“Eu acho que isso é inteligente,” Shaunee disse.
“Sim,” Erin acrescentou. “Quero dizer, Nyx não é aliada do sol. Ela é a Noite.”
“Eu acho que você deve seguir seu instinto,” Stevie Rae disse.
“Confiar em si mesma é uma das primeiras coisas que uma Alta Sacerdotisa aprende
a fazer,” Damien disse.
“Ok, então também vou precisar de uma vela para cada elemento,” eu decidi.
“Fácil-fácil,” Shaunee disse.
“Sim, o templo nunca está fechado e tem um zilhão de velas do circulo lá.”
“Está tudo bem em pegar elas?” Roubar do templo de Nyx definitivamente não
parecia uma boa idéia.
“Está tudo bem desde que você devolva,” Damien disse. “O que mais?”
“Só isso.” Eu acho. Diabos, eu não tenho certeza. Não é como se eu realmente
soubesse o que estava fazendo.
“Quando e onde?” Damien perguntou.
“Depois do jantar. Cinco horas. E não podemos ir juntos. A última coisa que
precisamos é que Afrodite ou qualquer uma das Filhas Negras pensem que estamos indo
em algum tipo de reunião e ficar curiosa sobre nós. Então vamos nos encontrar no
enorme carvalho no muro oriental.” Eu dei um sorriso torto para eles. “É fácil encontrar se
você fingir que você saiu correndo da sala onde as Filhas Negras fazem seu ritual, e você
quer se afastar das bruxas.”
“Isso não é necessário fingir muito,” Shaunee disse.
Erin bufou.
“Ok, vamos trazer as coisas,” Damien disse.
“Sim, vamos trazer as coisas; você trás a potência,” Shaunee disse, dando um sorriso
de espertinha para Damien.
“Essa não é a correta forma da palavra, você realmente deveria ler mais. Talvez o
seu vocabulário melhorasse.” Damien disse.
“Sua mãe precisa ler mais.” Shaunne disse, e então ela e Erin deram risadinhas por
causa da péssima piada “sua mãe.”
Eu, estava feliz por eles mudarem de assunto e pude comer minha salada e pensar
com relativa privacidade brigavam. Eu estava mastigando e tentando lembrar as palavras
da reza de purificação quando Nala pulou no banco ao meu lado. Ela olhou para mim com
seus olhos grandes se inclinou na minha direção e começou a ronronar como o motor de
um jato. Eu não sei porque, mas ela me fez sentir melhor. E quando o sino tocou e todos
nos apressamos para aula, cada um dos meus quatro amigos sorriram para mim, me
dando uma secreta piscada, e disse, “Até mais, Z.” Eles também me fizeram sentir melhor,
embora a fácil adoção do apelido que Erik me deu fez meu coração doer.
A aula de espanhol voou: uma lição toda de como aprender a dizer que gostamos ou
não de uma coisa. Prof. Garmy estava me quebrando. Ela disse que mudaria nossas vidas.
Me gusta gatos. (Eu gosto de gatos.) Me gusta it de compras. (eu gosto de fazer
compras.) No me gusta cocinar. (Eu não gosto de cozinhar.) No meu gusta levantar el
gato. (Eu não gosto de lavar o gato.) Essas eram as frases favoritas da Prof. Garmy, e
passamos a aula inventando as nossas.
Eu tentei não escrever coisas como me gusta Erik... e no me gusta el bruxa Afrodite.
Ok, el bruxa não é como se diz “bruxa” em espanhol, mas ainda sim. De qualquer forma,
a aula foi divertida e eu na verdade entendi o que estávamos dizendo. A aula de equitação
não passou tão rápido. Estábulos sujos eram bom para pensar – eu repassei de novo e
novo a reza de purificação – mas a hora definitivamente pareceu levar uma hora. Dessa
vez Stevie Rae não precisou ir me pegar. Eu estava muito ansiosa para perder a noção do
tempo. Quando o sino tocou eu estava rapidamente arrumando as coisas, feliz por
Lenobia ter me deixado escovar Persephone de novo, e preocupada porque ela também
que disse que semana que vem eu realmente poderia montar nela. Eu me apressei para
sair do estábulo, desejando que não fosse não tarde no mundo “real.” Eu teria amado
ligar para vovó e contar a ela o quão bem estava me saindo com os cavalos.
“Eu sei o que está acontecendo.”
Eu juro que quase me engasguei. “Deus, Afrodite! Você não podia dar um avisou ou
algo assim! O que você é, parte aranha? Você quase me mata de susto.”
“Qual o problema?” ela disse. “Consciência culpada?”
“Uh, quando você passa de fininho por trás das pessoas, você as assusta. Culpa não
tem nada a ver.”
“Então você não está se sentindo culpada?”
“Afrodite, eu não sei do que você está falando.”
“Eu sei o que você está planejando para hoje a noite.”
“E ainda sim não sei do que você está falando.” Ah, merda! Como ela descobriu?
“Todos acham que você é tão fofa e tão inocente e estão tão impressionados pela
sua bizarra Marca. Todos menos eu.” Ela virou para me encarar, e paramos no meio da
calçada. Os olhos dela se estreitaram e seu rosto virou até ser assustadoramente feio.
Huh. Eu me perguntei (brevemente) se as Gêmeas perceberam o quão preciso era o
apelido que elas deram para ela. “Não importa que merda você ouviu ele ainda é meu. Ele
sempre será meu.”
Meus olhos se alargaram e eu senti uma onda de alivio tão intenso que me fez rir.
Ela estava falando sobre Erik, não sobre a reza de purificação! “Wow, você parece a mãe
do Erik. Ele sabe que você está cuidando dele?”
“Eu parecia com a mãe de Erik quando você me viu chupar o pau dele no corredor?”
Então ela sabia. Tanto faz. Eu suponho que essa conversa fosse inevitável. “Não,
você não parecia a mãe de Erik. Você parecia o que você é – desesperada – com sua
patética tentativa de se jogar para um cara que claramente estava dizendo a você que
não te queria mais.”
“Vadia fudida! Ninguém fala comigo assim!”
Ela levantou sua mão e, como um garra, a mexeu para cortar meu rosto. Então eu
senti que o mundo parou, deixando nos duas em um movimento lento. Eu peguei o pulso
dela, a parando com facilidade – com muita facilidade. Era como se ela fosse uma
pequena, e doente criança que tinha ficado irritada, mas que era muito fraca para me
machucar. Eu a segurei por um momento, encarando os olhos odiosos dela.
“Nunca mais tente me bater. Eu não sou um daqueles garotos que você pode
brincar. Entenda isso, e entenda isso agora. Eu não tenho medo de você.” Então joguei o
pulso dela para longe de mim, e fiquei totalmente chocada por ver que ela deu vários
passos para trás.
Esfregando o pulso, ela olhou para mim. “Não se incomode em aparecer amanha. Se
considere desconvidada e não mais uma Filha Negra.”
“Verdade?” Eu me senti incrivelmente calma. Eu sabia que a carta estava na minha
mão e a puxei. “Então você quer explicar a minha mentora, Alta Sacerdotisa Neferet, a
vampira que teve a idéia que eu me juntasse as Filhas Negras pra começo de conversa,
que você está me expulsando porque você está com inveja que seu ex-namorado gosta de
mim?”
O rosto dela empalideceu.
“Oh, e você pode ter certeza que eu vou estar totalmente e complemente arrasada
quando Neferet me perguntar.” Eu funguei e choraminguei como um pequeno choro falso.
“Você sabe como é querer fazer parte de algo e mais ninguém no grupo querer você
ali?” ela resmungou com seus dentes cerrados.
Eu senti meu estomago se contorcer e tive que me forçar a não deixar ela ver que
me atingiu. Sim, eu sabia exatamente como era fazer parte de algo – uma suposta família
– e sentir que ninguém me queria ali, mas Afrodite não ia saber disso. Ao invés eu sorri, e
com uma voz doce disse, “Porque, o que você quer dizer, Afrodite? Erik é parte dos Filhos
Negros e hoje mesmo no almoço ele me disse o quão feliz estava por eu ter me juntado
as Filhas Negras.”
“Vá ao ritual. Finja que você é parte das Filhas Negras. Mas é melhor você se lembrar
de algo. Elas são minhas Filhas Negras. Você é a forasteira; a que não é querida. E lembre
disso também, Erik Night e eu temos uma ligação que você nunca vai entender. Ele não é
meu ex nada. Você não ficou para ver o fim do nosso pequeno jogo no corredor. Ele
estava era lá como é agora exatamente onde eu quero que ele esteja. Meu.” Então ela
jogou seu enorme e cabelo loiro e se afastou.
Cerca de duas respirações depois Stevie Rae colocou a cabeça para fora de um
enorme carvalho que não era longe da calçada e disse, “Ela foi embora?”
“Graças a Deus.” Eu balancei minha cabeça para Stevie Rae. “O que você estava
fazendo ali?”
“Você está brincando? Eu me escondi. Ela me assusta para caramba. Eu estava vindo
me encontrar com você quando vi vocês discutindo. Cara, ela realmente tentou bater em
você!”
“Afrodite tem um sério problema para controlar a raiva.” Stevie Rae riu. “Uh, Stevie
Rae, você pode sair ai de atrás agora.” Ainda rindo, Stevie Rae praticamente pulou para o
meu lado e ligou seu braço com o meu. “Você realmente a enfrentou!”
“Eu realmente a enfrentei.”
“Ela realmente, realmente odeia você.”
“Ela realmente, realmente odeia.”
“Você sabe o que isso significa?” Stevie Rae disse.
“Sim. Eu não tenho escolha agora. Eu vou ter que derrubar ela.”
“Sim.”
Mas eu sabia que eu não tinha escolha mesmo antes de Afrodite tentar arrancar meu
olho para fora. Eu não tinha escolha desde que Nyx me Marcou. Enquanto Stevie Rae e eu
andávamos juntas na noite iluminada pelas luzes, as palavras da deusa se repetiram de
novo e de novo na minha cabeça: Você é velha além da sua idade, Zoeybird. Acredite em
você mesma e você encontrara um jeito. Mas lembre-se, a escuridão nem sempre equivale
ao mal, assim como a luz nem sempre trás o bem.
VINTE E TRÊS
“Eu espero que o resto do pessoal possa encotrar,” eu disse, olhando ao meu redor
enquanto Stevie Rae e eu esperávamos no enorme carvalho. “Não parecia tão escuro
ontem a noite.”
“Não estava. Tem muitas nuvens hoje, então a lua está tendo problemas em nos
iluminar. Mas não se preocupe, a Mudança está fazendo coisas muito boas com a nossa
visão noturna. Droga, eu acho que posso ver tão bem quando Nala.” Stevie Rae acariciou
a gata afeiçoadamente na cabeça e Nala fechou os olhos e ronronou. “Eles vão nos
encontrar.”
Eu me inclinei contra a árvore e me preocupei. O jantar estava bom – galinha
fervida, arroz temperado, e ervilhas (uma coisa que eu posso dizer desse lugar, eles
podem realmente cozinhar) - yeah, tudo estava ótimo. Até Erik passar na nossa mesa e
disse oi. Ok, não foi realmente um “oi, Z, eu ainda gosto de você”. Fui um “oi, Zoey.”
Ponto. Sim. Foi isso. Ele pegou a comida dele e estava andando com alguns outros caras
que as Gêmeas chamavam de gostosos. Eu admito que eu nem notei eles. Eu estava
ocupada demais notando Erik. Eles vieram para nossa mesa. Eu olhei para cima e sorri.
Ele encontrou meus olhos por um segundo, e disse, “Oi, Zoey,” e continuou passando. E
de repente a galinha não estava tão gostosa.
“Você feriu o ego dele. Seja gentil com ele e ele vai te pedir para sair de novo,”
Stevie Rae disse, trazendo eu e meus pensamentos de volta para o presente de baixo da
árvore.
“Como você sabia que eu estava pensando em Erik?” Eu perguntei. Stevie Rae
acariciou Nala silenciosamente, então eu me abaixei para acariciar a gata no topo da
cabeça antes dela começar a reclamar de novo.
“Porque era isso que eu estava pensando.”
“Bem, eu deveria estar pensando sobre o circulo que tenho que lançar, mas nunca
lancei antes na vida, e no ritual de purificação que eu tenho que fazer, e não em um
cara.”
“Ele não é um cara: ele é um ótimooo cara,” Stevie Rae babou, me fazendo rir.
“Você deve estar pensando em Erik,” Damien disse, saindo das sombras do muro.
“Não se preocupe. Eu vi o jeito que ele estava te olhando no almoço. Ele vai te pedir para
sair de novo.”
“Sim, vai por ele,” Shaunee disse.
“Ele é o nosso expert em Todas As Coisas de Homem,” Erin disse enquanto eles se
juntaram embaixo da árvore.
“Verdade,” Damien disse.
Antes deles fazerem minha cabeça doer mudei de assunto. “Pegaram as coisas que
precisávamos?”
“Eu tive que misturar a salva seca e misturar com a lavanda. Eu espero que esteja
tudo bem por ter amarrado elas assim.” Damien tirou o galho de ervas secas da manga da
jaqueta e me entregou. Era grosso e tinha quase 30 centímetros, e imediatamente eu
senti o cheiro da doce lavanda. Ele prendeu o maço com força junto numa ponta que
parecia mais grossa.
“Está perfeito.” Eu sorri para ele.
Ele pareceu aliviado, e então disse, um pouco tímido, “eu usei meu ponto de cruz
para prender.”
“Hey, eu já te disse antes que você não deve se sentir envergonhado que você goste
de costurar. Eu acho que é um hobby legal. Além do mais, você é muito bom nisso,”
Stevie Rae disse.
“Eu queria que meu pai achasse isso também,” Damien disse.
Eu odiei ouvir a tristeza na voz dele. “Eu queria que você me ensinasse algo. Eu
sempre quis saber como fazer ponto cruz,” eu menti, e fiquei feliz de ver o rosto de
Damien se iluminar.
“A qualquer hora, Z,” ele disse.
“E quanto as velas?” eu perguntei as Gêmeas.
“Hey, falamos pra você. Fácil...” Shaunee abriu a sua bolsa e pegou uma vela verde,
amarela e azul com seus copos de cor correspondente.
“Fácil.” Da bolsa dela Erin tirou a vela vermelha envolvida no mesmo recipiente.
“Ótimo. Ok, vamos ver. Vamos para cá, um pouco longe do tronco, mas perto o
bastante para ficarmos de baixo dos galhos.” Eles me seguiram enquanto dei alguns
passos para longe de árvore. Eu olhei para as velas. O que eu deveria fazer? Talvez eu
devesse... e enquanto eu pensava sobre isso, eu soube. Sem parar para me perguntar por
que ou como ou questionar o intuitivo conhecimento que tinham de repente vindo para
mim, eu simplesmente agi. “Vou dar a cada um vocês uma vela. Então, como aconteceu
com os vampiros no Ritual da Lua Cheia de Neferet, vocês vão representar um elemento.
Eu serei o espírito.” Erin me deu a vela púrpura. “Eu sou o centro do circulo. O resto de
vocês tomem seus lugares ao meu redor.” Sem hesitar eu peguei a vela vermelha de Erin
e entreguei para Shaunee. “Você será o fogo.”
“Parece bom para mim. Quero dizer, todos sabem o quanto sou quente.”
Ela riu e foi para a parte sul do circulo. A vela verde foi a próxima. Eu me virei para
Stevie Rae. “Você será a terra.”
“E verde é minha cor favorita!” ela disse, se movendo feliz do outro lado de Shaunee.
“Erin, você será água.”
“Ótimo. Eu costumava gostar de relaxar, o que envolvia nadar quando eu precisa me
acalmar.” Erin se moveu para a posição oeste. “Então eu devo ser o ar,” Damien disse,
pegando a vela amarela.
“Você é. Seu elemento abre o circulo.”
“Como eu queria poder abrir a mente das pessoas,” ele disse, se movendo para a
posição leste.
Eu dei um quente sorriso para ele. “Sim. Como isso.”
“Ok. E agora?” Stevie Rae perguntou.
“Bem, vamos usar a fumaça do galho para nos purificar.” Eu coloquei a vela púrpura
nos meus pés para poder me concentrar no galho de reza. Então virei os olhos. “Bem,
diabos. Alguém lembrou de trazer fósforo ou um isqueiro ou algo assim?”
“Naturalmente,” Damien disse, tirando um isqueiro do bolso. “Obrigada, ar,” eu
disse.
“Nem esquenta, Alta Sacerdotisa,” ele disse.
Eu não disse nada, mas quando ele me chamou assim um calafrio de excitação
passou pelo meu corpo.
“É assim que usamos um galho de reza,” eu disse, feliz por minha voz soar mais
calma do que eu me sentia. Eu fiquei na frente de Damien, decidido começar por onde o
circulo começava. Percebendo que eu estava seguindo as lições da minha avó dadas a
mim na infância, eu comecei a explicar o processo para os meus amigos. “Esse ritual serve
para limpar uma pessoa, lugar, ou um objeto de energia negativa, espírito, ou influencia.
A cerimônia envolve queimar plantas sagradas e especiais, então, passar o objeto pela
fumaça, ou passar a fumaça ao redor da pessoa ou lugar. O espírito da planta purifica o
que estiver sendo esfumaçado.” Eu sorri para Damien. “Pronto?”
“Afirmativo,” ele disse do seu jeito tipicamente Damien.
Eu acendi o galho e deixei o fogo queimar as ervas secas por um tempo, então eu a
assoprei para que tudo que sobrasse fosse uma agradável brasa de fumaça. Então,
começando pelos pés de Damien, eu passei a fumaça pelo corpo dele enquanto
continuava minha explicação sobre a antiga cerimônia.
“É realmente importante lembrar que estamos pedindo para o espírito das plantas
sagradas que estamos usando para nos ajudar, e deveríamos mostrar a elas o devido
respeito reconhecendo o poder delas.”
“O que lavanda e salva fazem?” Stevie Rae perguntou do outro lado do circulo.
Enquanto eu esfumaçava o corpo de Damien eu respondi a pergunta de Stevie Rae.
“Salva é usada em muitas das cerimônias tradicionais. Ela retira energias negativas,
espíritos, e influencias. Na verdade, a salva do deserto faz a mesma coisa, mas eu prefiro
a salva branca porque tem um cheiro melhor.” Eu cheguei na cabeça de Damien e ri para
ele. “Boa escolha, Damien.”
“Às vezes eu acho que sou um pouco intuitivo,” Damien disse. Erin e Shaunee
bufaram, mas nós ignoramos elas.
“Ok, vire no sentido do relógio e vou terminar com as suas costas,” eu disse a ele.
Ele virou e eu continuei. “Minha avó sempre usa lavanda em todos os seus galhos de reza.
Eu tenho certeza que é parte dos motivos dela ser dona de uma fazenda de lavanda.”
“Legal!” Stevie Rae disse.
“Sim, é um lugar incrível.” Eu sorri por cima do meu ombro para ela, mas eu
continuei fumegando Damien. “A outra parte do porque ela usa lavanda é porque é capaz
de restaurar o balanço e criar uma atmosfera pacifica. Também atrai energia amorosa e
espíritos positivos.” Eu dei uma batidinha no ombro de Damien então ele se virou. “Você
está pronto.” Então me movi até Shaunee, que estava representado o elemento de fogo, e
comecei a fumegar ela.
“Espíritos positivos?” Stevie Rae disse, parecendo jovem e assustada. “Eu não sabia
que iríamos chamar mais do que os elementos no circulo.”
“Por favor. Apenas, por favor, Stevie Rae.” Shaunee disse, franzindo através da
fumaça para Stevie Rae. “Você não pode ser uma vampira e ter medo de fantasmas.”
“Espera, Zoey não está falando sobre os espíritos Cherokee? Eles provavelmente não
vão prestar muita atenção para uma cerimônia feita por um bando de vampiros calouros
que não são descendentes de índios que supera a nossa Alta Sacerdotisa Cherokee em 4 a
1,” Damien disse.
Eu terminei com Shaunee e me movi para Erin. “Eu não acho que importa tanto o
que somos por fora,” eu disse, instantaneamente sentindo a certeza do que eu estava
dizendo. “Eu acho que o que importa é nossa intenção. E meio assim: Afrodite e seu
grupo são umas das mais bonitas, e mais talentosas garotas nessa escola, e as Filhas
Negras deveria ser um clube incrível. Mas ao invés disso, nós a chamamos de bruxas e
elas são basicamente um bando de valentonas e mimadas pirralhas.” Me pergunto como
Erik se encaixa nisso? Ele realmente era “tanto faz” em relação ao grupo, como ele me
disse, ou era algo mais profundo que isso, como Afrodite implicou?
“Ou garotos que foram obrigados a participar e estão juntos pacote,” Erin disse.
“Exato.” Eu mentalmente me repreendi. Agora não era a hora para sonhar acordada
com Erik. Eu terminei de esfumaçar Erin e fui até Stevie Rae. “O que eu quero dizer é que
acho que o espírito dos meus ancestrais podem nos ouvir, como eu acho que o espírito da
salva e da lavanda funcionam em nós. Mas não acho que temos nada para ter medo,
Stevie Rae. A nossa intenção não é chamar eles aqui para chutarmos a bunda de
Afrodite.” Eu parei rindo e acrescentei, “embora a garota definitivamente precise de um
bom chute na bunda. E eu não acho que vá haver fantasmas assustadores andando por
aqui hoje a noite,” eu disse firmemente, então entreguei o galho para Stevie Rae e disse,
“Ok, agora você faz em mim.” Ela começou a imitar minhas ações e eu relaxei com a doce
fumaça famíliar enquanto ela era passada ao meu redor.
“Não vamos pedir a ajuda deles para chutar a bunda dela?” Shaunee definitivamente
parecia desapontada.
“Não. Estamos nos purificando para pedir que Nyx nos guie. Eu não quero bater em
Afrodite.” Eu me lembrei o quão bem me senti ao jogar ela pra longe de mim e dizer para
ela pastar. “Bem, ok, eu posso gostar da idéia, mas a verdade é que isso não resolve o
problema das Filhas Negras.”
Stevie Rae terminou de me esfumaçar e eu peguei o galho dela e cuidadosamente o
esfreguei no chão. Então voltei para o centro do circulo onde Nala estava enrolada
contente em uma pequena bola de pelos laranja ao lado da vela de espírito. Eu olhei ao
redor para os meus amigos. “É verdade que não gostamos de Afrodite, mas acho
importante não se concentrar em coisas negativas como chutar a bunda dela ou a
expulsar das Filhas Negras. Isso é o que ela faria em nosso lugar. O que queremos é o
que é certo. Mais justiça do que vingança. Somos diferentes dela, e se de alguma forma
formos capazes de tomar o lugar dela nas Filhas Negras, esse grupo será diferente
também.”
“Vê, é por isso que você será a Alta Sacerdotisa e Erin e eu seremos sua atraentes
ajudantes. Porque somos superficiais e só queremos arrancar a cabeça de vento dela,”
Shaunee disse enquanto Erin acenava.
“Apenas pensamentos positivos, por favor,” Damien disse afiadamente. “Estamos no
meio de um ritual de purificação!”
Antes de Shaunee poder fazer algo além de olhar para Damien, Stevie Rae disse,
“Kay! Estou pensando apenas em coisas positivas, como o quão incrível seria se Zoey
fosse a líder das Filhas Negras!”
“Boa idéia, Stevie Rae,” Damien disse. “Estou pensando o mesmo.”
“Hey! Esse é meu pensamento feliz também,” Erin disse. “Peter Pan* comigo,
Gêmea,” (*pra quem não lembra, para voar no mundo de Peter Pan pensamentos felizes
eram necessários).
Ela chamou Shaunee, que parou de olhar com raiva para Damien e disse, “Você sabe
que sempre estou afim de pensamentos felizes. E seria ótimo se Zoey estivesse no
comando das Filhas Negras e no caminho para se transformar numa Alta Sacerdotisa de
verdade.”
Alta Sacerdotisa de verdade... Eu imaginei brevemente se era uma coisa boa ou ruim
que essas palavras me faziam sentir que eu estava prestes a vomitar. De novo.
Respirando, eu acendi a vela roxa. “Prontos?” eu perguntei para os 4.
“Prontos!” Eles falaram juntos.
“Ok, peguem seus velas.”
Sem hesitar (o que significa que eu também não estava me dando tempo para
amarelar), eu carreguei a vela até Damien. Eu não era experiente e brilhante como
Neferet era, ou sedutora e confiante como Afrodite. Eu era apenas eu. Apenas Zoey – a
estranha familiar que passou de ser uma quase normal estudante do colegial para uma
estranha vampira caloura. Eu respirei fundo. Como vovó diria, tudo o que eu podia fazer
era o meu melhor.
“Ar está em toda parte, então apenas faz sentido que você seja o primeiro elemento
a ser chamado no circulo. Eu peço que você me ouça, ar, e eu o convoco para esse
circulo.” Eu acendi a vela amarela de Damien com a minha púrpura e instantaneamente a
chama começou a queimar como louca. Eu observei os olhos de Damien ficarem grandes
e redondos e encarando quando o vento de repente apareceu eu um mini redemoinho ao
redor de nossos corpos, levantando nosso cabelo e passando suavemente contra a nossa
pele.
“É verdade,” ele sussurrou, me encarando. “Você pode realmente manifestar os
elementos.”
“Bem,” eu sussurrei de volta, me sentindo mais leve, “um deles pelo menos. Vamos
tentar dois.”
Eu fui até Shaunee. Ela ergueu a vela dela para mim e me fez sorrir quando ela
disse, “estou pronta para o fogo – pode mandar ver!”
“Fogo me lembra das noites frias de inverno e o calor e a segurança da lareira que
esquentava o chalé da minha avó. Eu peço que você me ouça, fogo, e eu te convoco para
este circulo.” Eu acendi a vela vermelha e a chama queimou, muito mais brilhante do que
deveria ser possível para uma vela comum. O ar ao redor de Shaunee e eu de repente foi
preenchido com um rico, cheiro de madeira e o calor de uma lareira acessa.
“Wow!” Shaunee exclamou, os olhos escuros dela dançando com o reflexo da
brilhosa chama da vela. “Agora, isso é legal!”
“São dois,” eu ouvi Damien dizer.
Erin estava rindo quando tomei meu lugar na frente dela. “Estou pronta para água,”
ela disse rapidamente.
“Água é o alivio do quente verão de Oklahoma. É o incrível oceano que eu realmente
gostaria de ver algum dia, e é a chuva que faz a lavanda crescer. Eu peço que você me
ouça, água, e eu te convoco para este circulo.”
Eu acendi a vela azul e senti frio instantaneamente contra a minha pele, assim como
cheiro limpo, e salgado do que só poderia ser o oceano que eu nunca vi.
“Incrivel, muito, muito incrível,” Erin disse, respirando fundo o ar do oceano.
“São três,” Damien disse.
“Eu não estou mais assustada,” Stevie Rae disse quando parei na frente dela.
“Ótimo,” eu disse. Então foquei minha mente no quarto elemento, terra. “A terra nos
suporta e nos rodeia. Não seriamos nada sem ela. Eu peço que você me ouça, terra, e eu
te convoco para este circulo.” Então acendi a vela verde com facilidade, e de repente
Stevie Rae e eu estamos sobrepujadas pelo doce aroma da grama recém cortada. Eu ouvi
o ruído das folhas do carvalho e olhamos para cima para ver o grande carvalho
literalmente baixando seus galhos até nós como se pudesse nos proteger do perigo.
“Totalmente incrível,” Stevie Rae disse.
“Quatro,” Damien disse, sua voz cheia de excitação.
Eu andei rapidamente para o centro do circulo e levantei minha vela púrpura.
“O último elemento é o que preenche tudo e todos. Nos faz únicos e respira vida em
tudo. Eu peço que você me ouça, espírito, e eu te convoco para este circulo.”
Inacreditavelmente, parecia que de repente eu estava cercada pelos quatro
elementos, que eu estava no meio de um redemoinho feito de ar e fogo, água e terra.
Mas não foi assustador, nenhum pouco. Me encheu de paz, e ao mesmo tempo eu senti a
tempestade de um poder quente e branco e tive que pressionar os lábios com força para
não rir de pura alegria.
“Olhem! Olhem para o circulo!” Damien gritou.
Eu pisquei minha visão clara e instantaneamente senti os 4 elementos se
assentarem, como se fossem gatinhos que brincavam ao meu redor, esperando felizes que
eu os chamasse para bater no barbante e fazer algo. Eu estava sorrindo para eles com a
comparação quando eu vi a luz brilhante que apareceu ao redor da circunferência do
circulo, iluminando Damien, Shaumee, Erin e Stevie Rae. Era brilhante e clara, e a
luminosidade prateada da lua cheia.
“E são cinco,” Damien disse.
“Puta merda!” eu disse, muito como um – uma Alta Sacerdotisa, e os 4 riram,
enchendo a noite com o som da felicidade. E eu entendi, pela primeira vez, porque
Neferet e Afrodite tinham dançado durante seus rituais. Eu queria dançar e rir e gritar de
felicidade. Outra hora, eu disse a mim mesma. Hoje a noite havia um trabalho mais sério
a ser feito.
“Ok, eu vou fazer a reza da purificação,” eu disse a meus amigos. “E enquanto eu
digo a reza eu vou olhar para cada um dos elementos, um por vez.”
“O que você quer que a gente faça?” Stevie Rae perguntou.
“Se concentrem na reza. Concentração. Acredite que o elemento será carregado para
Nyx, e que a deusa ira responder me ajudando a saber o que fazer,” eu disse com muito
mais certeza do que eu sentia.
De novo eu olhei para o leste. Damien deu um sorriso de encorajamento para mim. E
eu comecei a recitar a antiga reza de purificação que eu disse tantas vezes com vovó –
com algumas mudanças que decidi mais cedo.
Grande deusa da Noite, cuja voz eu ouço no vento, que respira o ar da vida para
seus filhos. Me ouça; eu preciso da sua força e sabedoria.
Eu parei brevemente e me virei para o sul.
Me deixe andar na beleza, e faça meus olhos contemplarem o vermelho e púrpura
pôr do sol que vem antes da beleza da nossa noite. Faça minhas mãos respirar as coisas
que você fez e meus ouvidos afiados para ouvirem sua voz. Me faça sábia para que eu
possa entender as coisas que você ensinou para as pessoas.
Eu me virei de novo para a direita, e minha voz ficou mais forte enquanto eu entrava
no ritmo da oração.
Me ajude a permanecer calma e forte e a encarar tudo que vier em minha direção.
Me permita aprender a lição que você tem escondido em cada folha e pedra. Me ajude a
procurar pensamentos puros e agir com a intenção de ajudar outros. Me ajude a
encontrar a compaixão sem que a simpatia me sobrepuje.
Eu virei para Stevie Rae, cujos olhos estavam fechados enquanto ela continuava a se
concentrar na mente dela.
Eu procuro força, não para ser mais que os outros, mas para lutar contra meu
grande inimigo, as duvida dentro de mim.
Eu voltei para o centro do circulo e terminei a reza, e pela primeira vez na vida, eu
senti uma onda de sensação enquanto o poder das antigas palavras passavam por mim
pelo que eu esperava que fosse meu coração e alma que estivesse ouvindo a deusa.
Me faça estar sempre pronta para vir até você com mãos limpas e olhos fortes. Para
que quando a vida desaparecer, assim como o pôr do sol que desaparece, meu espírito
possa ir até você sem vergonha.
Tecnicamente, essa era a conclusão da reza Cherokee que vovó me ensinou, mas
senti a necessidade de acrescentar: “E Nyx, eu não entendo porque você me Marcou e
porque você me deu o dom e afinidade com os elementos. Eu nem preciso saber. O que
eu quero pedir é que você me ajude a saber a coisa certa a fazer, e então me de a
coragem para fazê-la.” E eu terminei a oração do jeito que eu lembrei que Neferet
completou o ritual dela:
“Abençoada seja!”
VINTE E QUATRO
“Esse foi realmente o mais prodigioso circulo que eu já experimentei!” Damien disse
emocionado depois que o circulo foi fechado e estávamos juntando as velas e o galho de
reza.
“Eu achei que “prodigioso” significasse “grande,”” Shaunee disse.
“Também pode mostrar excitação e se referenciar para algo estupendo e
monumental,” Damien disse.
“Pela primeira vez não vou discutir com você,” Shaunee disse, surpreendendo todos
menos Erin.
“Yeah, o circulo foi prodigioso,” Erin disse.
“Sabe que eu realmente consegui sentir a terra quando Zoey a chamou?” Stevie Rae
disse. “Foi como se de repente eu estivesse cercada por um campo de trigo. Não, foi mais
que ser cercada por isso. Era como se de repente eu fosse parte disso.”
“Eu sei exatamente o que você quer dizer. Quando ela chamou a chama foi como se
fogo explodisse dentro de mim," Shaunee disse.
Eu tentei entender o que eu estava sentindo enquanto os quatro conversam juntos
alegremente. Eu estava definitivamente feliz, mas sobrepujada e um pouco mais do que
um pouco confusa. Então era verdade, eu tinha algum tipo de afinidade com os 5
elementos.
Por quê?
Só pra derrubar Afrodite? (O que, por sinal, eu ainda não fazia idéia de como fazer.)
Não, eu acho que não. Porque Nyx iria me conceder um poder tão raro só para poder
chutar a bunda da mimada líder de um grupo?
Ok, as Filhas Negras eram mais do que um conselho estudantil ou tanto faz, mas
ainda sim.
“Zoey, você está bem?”
A voz preocupada de Damien me fez tirar os olhos de Nala, e eu percebi que estava
sentada no meio do que costumava ser o circulo, com meu gato no colo, completamente
envolta e meus próprios pensamentos enquanto acariciava a cabeça dela.
“Oh, sim. Desculpe. Estou bem, só um pouco distraída.”
“Deveríamos voltar. Está ficando tarde,” Stevie Rae disse.
“Ok. Você está certa,” eu disse, e levantei, ainda segurando Nala. Mas não consegui
fazer meus pés os seguirem quando eles começaram a andar de volta para o dormitório.
“Zoey?”
Damien, o primeiro a notar minha hesitação, parou e me chamou, e então meus
outros amigos pararam, e viraram para mim com expressões que variavam de
preocupação a confusão.
“Uh, vocês podem ir na frente? Eu vou ficar aqui um pouco mais.”
“Poderíamos ficar com você e -” Damien começou, mas Stevie Rae (abençoado seja o
coração caipira dela) o interrompeu.
“Zoey precisa pensar sozinha. Você não precisaria se você tivesse acabado de
descobrir que você é o único calouro conhecido na história que tem uma afinidade pelos 5
elementos?”
“Eu suponho que sim,” Damien disse relutantemente.
“Mas não esqueça que vai amanhecer logo,” Erin disse.
Eu sorri os ressegurando. “Não vou. Vou voltar para o dormitório logo.”
“Vou fazer um sanduíche pra você e tentar conseguir umas batatinhas para
acompanhar sua coca não dietética. É importante que a Alta Sacerdotisa coma depois que
ela faz um ritual,” Stevie Rae disse com um sorriso e um aceno enquanto ela levava os
outros 3 com ela.
Eu agradeci a Stevie Rae enquanto eles desapareciam na escuridão. Então andei até
a árvore e sentei, colocando minhas costas contra o grosso tronco. Eu fechei os olhos e
acariciei Nala. O ronronar dela era normal e familiar e incrivelmente tranqüilizador, e
pareceu me ajudar a me por no chão.
“Ainda sou eu,” eu sussurrei para minha gata. “Como vovó disse. Todas as outras
coisas podem mudar, mas a Zoey verdadeira – a que eu tenho sido a 16 anos – ainda é
Zoey.”
Talvez se eu repetisse de novo e de novo o suficiente para mim mesma, eu
realmente acreditasse. Eu descansei meu rosto em uma mão e acariciei minha gata com a
outra, e disse a mim mesma que ainda era eu... ainda eu... ainda eu...
“Vê como ela inclina sua bochecha contra a mão dela! O, eu uso uma luva nessa
mão, para poder tocar essa bochecha!”
Nala "me-eeh-uf-owed" reclamando enquanto eu pulei surpresa.
“Parece que eu continuo a te encontrar perto dessa árvore,” Erik disse, sorrindo para
mim parecendo bem.
Ele me fez sentir uma agitação no meu estomago, mas hoje a noite ele também me
fez sentir algo mais. Porque exatamente ele continuava me “achando”? E exatamente a
quanto tempo ele estava me vendo?”
“O que você está fazendo aqui, Erik?”
“É bom ver você também. E, sim, eu gostaria de sentar, obrigado,” ele disse e
começou a sentar do meu lado.
Eu levantei, fazendo Nala ronronar de novo.
“Na verdade, eu ia voltar para o meu dormitório.”
“Hey, não quis me intrometer nem nada. Eu só não consegui me concentrar no dever
de casa então vim dar uma volta. Eu acho que meus pés me trouxeram para cá sem que
eu mandasse neles, porque a próxima coisa que eu vi eu estava aqui do seu lado. Eu
realmente não estou te perseguindo. Juro.”
Ele colocou a mão nos bolsos e parecia totalmente embaraçado. Bem, totalmente
fofo e embaraçado, e eu lembrei o quando eu queria dizer sim para ele mais cedo quando
ele me convidou para assistir filmes nerds com ele. E agora aqui estava eu, rejeitando ele
e o fazendo ficar desconfortável de novo. Era de se admirar que o cara sequer falasse
comigo. Claramente, eu estava levando o negocio da Alta Sacerdotisa a serio demais.
“Então que tal me levar de volta para meu dormitório? De novo,” eu perguntei.
“Parece bom.”
Dessa vez Nala reclamou quando eu tentei carregar ela. Ao invés disso ela trotou
junto conosco enquanto Erik e eu andávamos juntos tão fácil quanto tinha sido antes. Ele
não disse nada por um tempo. Eu queria perguntar a ele sobre Afrodite, ou pelo menos
dizer a ele o que ela me disse sobre ele, mas eu não consegui inventar um bom jeito de
dizer algo que eu provavelmente não deveria perguntar para ele.
“Então o que você estava fazendo aqui a essa hora?” ele perguntou.
“Pensando,” eu disse, o que tecnicamente não era uma mentira. Eu estava
pensando. Muito. Antes, durante, e depois do circulo que eu convincentemente não iria
mencionar.
“Oh. Você está preocupada com aquele cara Heath?”
Na verdade, eu não pensei muito em Heath e Kayla desde que falei com Neferet,
mas eu dei nos ombros, sem querer especificar sobre o que eu estava pensando.
“Eu quero dizer, eu acho que é provavelmente difícil terminar com alguém só porque
você foi Marcada,” ele disse.
“Eu não terminei com ele porque fui Marcada. Ele e eu basicamente terminamos
antes disso. A Marca só fez ser uma decisão mais final.” Eu olhei para Erik e respirei
fundo. “E quanto a você e Afrodite?”
Ele piscou surpreso. “Como assim?”
“Hoje ela me disse que você nunca será o ex dela porque você sempre será dela.”
Os olhos dele se estreitaram e ele parecia realmente fulo. “Afrodite tem um sério
problema para dizer a verdade.”
“Bem, não que seja da minha conta, mas-“
“É da sua conta,” ele disse rapidamente. E então, me chocando totalmente, ele
pegou minha mão. “Pelo menos eu gostaria que você da sua conta.”
“Oh,” eu disse. “Ok, bem, ok.” De novo, eu estava certa que eu o estava
impressionando com minha habilidade de conversação.
“Então você não estava só me evitando hoje a noite; você realmente tinha algo para
fazer?” Ele perguntou devagar.
“Eu não estava evitando você. Só tem...” eu hesitei, sem ter certeza de como diabos
explicar algo que eu tinha certeza que não deveria explicar para ele. “Tem muita coisa
acontecendo comigo agora. Essa Mudança é bem confusa às vezes.”
“Melhora,” ele disse, apertando minha mão.
“De alguma forma, para mim, eu duvido,” eu murmurei.
Ele riu e bateu na minha Marca com seu dedo. “Você está na frente do resto de nós.
Isso é difícil no começo, mas, acredite em mim, vai ficar mais fácil – mesmo para você.”
Eu suspirei. “Eu espero que sim.” Mas eu duvidava.
Paramos na frente do dormitório, e ele se virou para mim, a voz dele de repente
baixa e séria. “Z, não acredite na merda que a Afrodite diz. Ela e eu não ficamos juntos a
meses.”
“Mas vocês costumavam ficar,” eu disse.
Ele acenou e o rosto dele parecia cansado.
“Ela não é uma pessoa muito legal, Erik.”
“Eu sei disso.”
E então eu percebi o que realmente estava me incomodando e decidi, oh, bem, que
diabos, eu só vou dizer.
“Eu não gosto que você tenha ficado com alguém maldoso. Me faz sentir estranha
sobre querer ficar com você.” Ele abriu a boca para dizer algo e eu continuei falando, sem
querer ouvir uma desculpa que eu não tinha certeza se devia ou não acreditar. “Obrigado
por me trazer para casa. Fico feliz que você tenha me encontrado de novo.”
“Estou feliz por ter te encontrado também,” ele disse. “Eu gostaria de te ver de novo,
Z, e não só por acidente.”
Eu hesitei. E me perguntei do porque eu estava hesitando. Eu queria ver ele de novo.
Eu precisava esquecer Afrodite. Serio, ela é realmente bonita e ele é um cara. Ele
provavelmente caiu nas feias (e quentes) garras delas antes de saber o que estava
acontecendo. Eu quero dizer, ela realmente meio que me lembrava uma aranha. Eu
deveria ficar feliz por ela não ter arrancado a cabeça dela, a dar ao cara uma chance.
“Ok, que tal eu assistir aqueles DVDs nerds com você no sábado?” Eu disse de
conseguir me convencer a não sair com o cara mais lindo dessa escola.
“É um encontro,” ele disse.
Obviamente me dando tempo para me afastar se eu quisesse, Erik devagar se curvou
para me beijar. Os lábios dele eram quentes e ele cheirava muito bem. O beijo foi suave e
bom. Honestamente, me fez querer beijar ele mais. Acabou muito rápido, mas ele não se
afastou de mim. Estávamos parados bem perto um do outro, e eu percebi que tinha posto
minha mão no peito dele. A mão dele estava descansando nos meu ombro. Eu sorri para
ele.
“Estou feliz que você tenha me convidado para sair de novo,” eu disse.
“Estou feliz por você finalmente ter dito sim,” ele disse.
Então ele me beijou de novo, só que dessa vez ele não hesitou. O beijo se
aprofundou, e meus braços passaram ao redor dos ombros dele. Eu senti, mais do que
ouvi, ele gemeu e enquanto nos beijávamos longamente e com força foi como se ligou um
botão dentro de mim, e um quente e elétrico desejo passou por mim. Era louco e incrível,
e mais do que o beijo de qualquer outro já me fez sentir.
Eu adorava o jeito que meu corpo se encaixava no dele, duro e suave, e eu me
pressionei contra ele, esquecendo sobre Afrodite e o circulo que tinha acabado de lançar o
todo o resto do mundo. Dessa vez quando quebramos o beijo estávamos respirando com
força, e nos encaramos. Quando meus sentidos começaram a voltar eu percebi que eu
estava totalmente esmagada contra ele e eu estava parada ali na frente do dormitório me
agarrando com ele feito uma vadia. Eu comecei a afastar os braços dele.
“Qual o problema? Porque você de repente parece diferente?” ele disse, apertando
seus braços ao meu redor.
“Erik, não sou como Afrodite.” Eu me afastei com mais força e ele me soltou.
“Eu sei que você não é. Eu não gostaria de você se fosse igual a ela.”
“Não estou falando da minha personalidade. Eu quero dizer ficar parada aqui me
agarrando com você não é um comportamento normal para mim.”
“Ok.” Ele colocou uma mão em minha direção como se ele quisesse me puxar de
volta para os braços dele, mas então ele pareceu mudar de idéia e a mão dele caiu no
lado dele. “Zoey, você me faz sentir diferente do que qualquer um já tenha feito antes.”
Eu senti meu rosto ficar vermelho e eu não soube dizer se era raiva ou
embaraçamento. “Não me idealize, Erik. Eu vi você no corredor com Afrodite. Você
claramente sentiu esse tipo de coisa antes, e mais.”
Ele balançou a cabeça e eu vi magoa nos olhos dele. “O que Afrodite me faz sentir é
físico. O que você me faz sentir é tocar meu coração. Eu sei a diferença, Zoey, e eu pensei
que você também sabia.”
Eu olhei para ele – para aqueles lindos olhos azuis que pareceram me tocar da
primeira vez que ele me viu. “Eu sinto muito,” eu disse suavemente. “Isso foi maldade
minha. Eu sei a diferença.”
“Prometa que não vai deixar Afrodite se intrometer entre nós.”
“Eu prometo.” Me assustou, mas falei sério.
“Ótimo.”
Nala se materializou da escuridão e começou a andar pelas minhas pernas e
reclamar. “É melhor levar ela para dentro e colocar ela na cama.”
“Ok.” Ele sorriu e me deu um rápido beijo. “Vejo você no sábado, Z.”
Meus lábios formigaram o caminho todo para meu quarto.
VINTE E CINCO
O outro dia começou com o que olhando para trás uma suspeita normalidade. Stevie
Rae e eu tomamos café da manhã, ainda sussurrando uma boa fofoca sobre o quão
gostoso Erik era e tentando descobrir o que eu iria usar no encontro no sábado. Nem
vimos Afrodite ou as três bruxas, Terrivel, Pronta para guerra e vespa. A aula de
sociologia era tão interessante – saímos das Amazonas para aprender sobre um antigo
festival dos vampiros gregos chamado Correia – que eu parei de pensar sobre ao ritual
das Filhas Negras planejado para mais tarde, e por um tempo eu realmente parei de me
preocupar sobre o que eu iria fazer com Afrodite. A aula de teatro também foi boa. Eu
decidi fazer um dos solilóquio de Kate de O amansar da Víbora (amo essa peça desde que
vi o antigo filme estrelado por Elizabeth Taylor e Richard Burton). Então quando estava
saindo da aula Neferet esbarrou em mim no corredor e perguntou até onde eu tinha ido
com o livro de sociologia avançado. Eu tive que dizer a ela que não tinha lido muito
(Tradução: não li nada) ainda, e eu estava totalmente distraída pelo desapontamento
obvio dela em relação a mim quando corri para a aula de inglês. Eu tinha acabado de
sentar entre Damien e Stevie Rae quando começou a confusão, e tudo parecendo
vagamente a algo normal sobre aquele dia terminou.
Pehthesilea estava lendo “Você vai e eu fico um pouco Capitulo Quatro” de Uma
noite para lembrar. É um livro muito bom, e estávamos todo escutando como sempre, e
então aquele estúpido garoto Elliott começou a tossir. Droga, o garoto era totalmente e
completamente irritante.
Em alguma parte no meio do capitulo e obvia tosse eu comecei a sentir o cheiro de
algo. Era rico e doce, delicioso e sedutor. Automaticamente, eu inalei profundamente,
ainda tentando me concentrar no livro.
A tosse de Elliott ficou pior, e com o resto da turma eu me virei para dar a ele um
olhar seco. Eu quero dizer, por favor. Ele não podia tomar um remédio para tosse ou
beber água ou algo assim?
E então eu vi sangue.
Elliott não estava na sua preguiçosa posição para dormir. Ele estava sentado direito,
olhando para a mão, que estava coberta com sangue fresco. Enquanto eu o observava,
ele tossiu de novo, fazendo um horrível, som molhado que me lembrou do dia em que eu
fui Marcada. Só que quando Elliott tossiu, sangue brilhante e vermelho saiu da boca dele.
“O que-” ele gargarejou.
“Chame Neferet!” Pehtehsilea surtou a ordem enquanto ela abria uma das gavetas da
sua mesa, pegava uma toalha muito bem dobrada, e se movia rapidamente para o lado de
Elliott. O garoto que estava sentado perto da porta saiu correndo.
Em absoluto silencio vimos Penthesilea chegar em Elliott logo a tempo da próxima
tosse de sangue, que ela pegou com a toalha. Ele agarrou com força a toalha no rosto, se
agarrando e cuspindo e vomitando. Quando ele finalmente olhou para cima, lagrimas de
sangue estavam correndo por seu rosto pálido e redondo, e sangue estava escorrendo do
nariz dele como se fosse uma torneira que alguém deixou aberta. Quando ele virou sua
cabeça para olhar para Penthesilea, eu pude ver que tinha uma corrente vermelha saindo
da orelha dele também.
“Não!” Elliott disse com mais emoção do que eu já o vi demonstrar. “Não! Eu não
quero morrer!”
“Sssh,” Penthesilea gritou, tirando o cabelo laranja dele do rosto suado. “Sua dor vai
acabar em breve.”
“Mas – mas, eu não eu -” Ele começou a protestar de novo, com uma voz irritante
que parecia mais com a dele, e então ele foi interrompido por outra rodada de tosse. Ele
vomitou de novo, dessa vez sangue na já encharcada toalha.
Neferet entrou na sala com dois altos e parecendo muito poderosos homens atrás
dela. Eles carregavam uma maca e um cobertor; Neferet só carregava um vidro cheio de
um liquido cor de leite. Não dois suspiros atrás deles, Dragon Lankford entrou na sala.
“Esse é o mentor dele,” Stevie Rae sussurrou baixinho. Eu acenei, lembrando quando
Penthesilea tinha brigado com Elliott por desapontar Dragon.
Neferet deu o frasco que estava segurado para Dragon. Então ela parou atrás de
Elliott. Ela pos as mãos nos ombros dele. Instantaneamente, o vomito e a tosse
diminuíram.
“Beba isso rapidamente, Elliott,” Dragon disse a ele. Quando ele começou a
fracamente balançar a cabeça dizendo não, ele acrescentou gentilmente, “vai fazer sua
dor terminar.”
“Você – você vai ficar comigo?” Elliott disse.
“É claro,” Dragon disse. “Não vou deixar você ficar sozinho nem por um segundo.”
“Você vai ligar para minha mãe?” Elliott sussurrou.
“Eu vou.”
Elliott fechou os olhos por um segundo, e então, com as mãos tremulas colocou o
frasco nos lábios e bebeu. Neferet acenou para os dois homens, e eles o pegaram e o
deitaram na maca como se ele fosse uma boneca e não um garoto morrendo. Com
Dragon ao lado, eles se apressam para fora da sala. Antes de Neferet os seguir ela virou
para olhar para a chocada turma de terceiranistas.
“Eu poderia dizer que Elliott vai ficar bem – que ele vai se recuperar, mas isso seria
uma mentira.” A voz dela era serena, mas cheia de uma controlada força. “A verdade é
que o corpo dele rejeitou a Mudança. Em minutos ele vai morrer a permanente morte e
não ira se transformar em um vampiro maduro. Eu poderia dizer a vocês não se
preocuparem, que não ira acontecer com vocês. Mas isso também seria uma mentira. Em
média, um a cada dez de vocês não vai fazer a Mudança. Alguns calouros morrem cedo
quando são terceiranistas, como Elliott. Alguns de vocês serão mais fortes e durar até o
serem sestanistas, e então vão adoecer e morrer de repente. Eu digo isso a vocês não
para que vivam com medo. Eu digo por duas razões. A primeira, eu quero que saibam que
como sua Alta Sacerdotisa não vou mentir para vocês, mas vou ajudar a facilitar a ida
para o próximo mundo se hora chegar. E segundo, eu quero que vocês vivam como se
lembrassem que podem morrer amanha, porque vocês podem. Então se vocês realmente
morrem seu espirito poderá descansar pacificamente sabendo que deixaram para trás uma
memória honrável. Se você não morrer, então terá feito a fundação para uma longa e rica
vida com integridade.” Ela olhou diretamente para os meus olhos e então terminou
dizendo, “eu peço que a benção de Nyx os confortem hoje, e que vocês lembrem que a
morte é uma parte natural da vida, mesmo para a vida de um vampiro. Pois algum dia
todos voltamos para o seio da deusa.” Ela fechou a porta atrás dela com um som que
pareceu ecoar infinitamente.
Penthesilea trabalhou rápida e eficientemente. Na verdade ela limpou as manchas de
sangue que mancharam a mesa de Elliott. Quando todas as evidencias do garoto
moribundo desapareceram, ela voltou para a frente da sala e fez um momento de silencio
por Elliott. Então ela pegou o livro e voltou a ler de onde ela parou. Eu tentei prestar
atenção. Eu tentei bloquear a visão de Elliott sangrando pelos olhos e ouvidos e nariz e
boca. E eu também tentei não pensar sobre o fato de que o cheiro delicioso que eu tinha
sentido tinha sido, sem duvidas, o sangue de Elliott saindo do corpo moribundo dele.
***
Eu sei que as coisas deveriam continuar normalmente depois que calouros morrem,
mas aparentemente era raro para dois garotos morrem em um período de tempo tão
curto, e todos ficaram nada naturalmente silenciosas pelo resto do dia. O almoço foi
silencioso e deprimente, e eu notei que a maior parte da comida foi mais remexida do que
comida. As Gêmeas nem incomodaram Damien, o que teria sido uma boa mudança se eu
não soubesse a horrível razão por trás disso. Quando Stevie Rae inventou alguma
desculpa esfarrapada para sair do almoço mais cedo e voltar para o quarto antes do
quinto período começar, eu estava mais que feliz de dizer que iria com ela.
Andamos na calçada na grossa escuridão de outra noite com nuvens. Hoje as luzes
não pareciam alegres e quentes. Ao invés disso elas pareciam frias e não claras o
bastante.
“Ninguém gostava de Elliott, o que de algum jeito eu acho que piora as coisas,”
Stevie Rae disse. “Foi mais fácil com Elizabeth. Pelo menos podíamos honestamente nos
sentir triste por ela ter morrido.”
“Eu sei o que você quer dizer. Eu me sinto chateada, mas sei que estou realmente
chateada por ter visto o que pode acontecer conosco e agora não consigo tirar isso da
cabeça, e não chateada porque o garoto morreu.”
“Pelo menos foi rápido,” ela disse suavemente.
Eu tremi. “Me pergunto se dói.”
“Eles te dão algo –aquela coisa branca que Elliott bebeu. Faz parar de doer, mas
deixa você ficar consciente até o final. E Neferet sempre ajuda com a parte de estar
morrendo.”
“É assustador não é?” eu disse.
“Sim.”
Não falamos nada por um tempo. Então a lua apareceu através das nuvens, pintando
as folhas das arvores com uma levemente prateada, e me lembrou de repente de Afrodite
e do ritual dela.
“Alguma chance de Afrodite cancelar o ritual de Samhain hoje a noite?”
“De jeito nenhum. Os rituais das Filhas Negras nunca são cancelados.”
“Bem, diabos,” eu disse. Então olhei para Stevie Rae. “Ele foi o refrigerador deles.”
Ela me deu um olhar assustado. “Elliott?”
“Sim, foi muito nojento, e ele agiu como se estivesse drogado e estranho. Ele deve
ter começado a rejeitar a Mudança mesmo naquela época.” Houve um silencio
desconfortável, e então acrescentei, “eu não quis dizer nada antes para você,
especialmente depois que você me contou sobre... bem... você sabe. Tem certeza que
Afrodite não vai cancelar hoje a noite? Eu quero dizer, com Elizabeth e agora Elliott.”
“Não importa. E as Filhas Negras não se importam com os garotos que usam para ser
um refrigerador. Eles apenas vão conseguir outra pessoa.”
Ela hesitou. “Zoey, eu estive pensando. Talvez você não devesse ir hoje a noite. Eu
ouvi o que Afrodite disse para você ontem. Ela vai se certificar que ninguém aceite você.
Ela vai ser muito, muito maldosa.”
“Eu ficarei bem, Stevie Rae.”
“Não, eu tenho um mal pressentimento. Você ainda não tem um plano, tem?”
“Bem, não. Eu ainda estou no estagio de reconhecimento,” eu disse, tentando tornar
a conversa mais leve.
“Faça o reconhecimento depois. Hoje foi horrível. Todos estão chateados. Eu acho
que você deveria esperar.”
“Eu não posso não aparecer, especialmente depois do que Afrodite disse para mim
ontem. Ela vai achar que pode me intimidar.”
Stevie Rae respirou fundo. “Bem, então acho que você deveria me levar com você.”
Eu comecei a balançar a cabeça, mas ela continuou falando. “Você é uma Filha Negra
agora. Tecnicamente, você pode convidar as pessoas para o ritual. Então me convide. Eu
vou te dar auxilio.”
Eu pensei sobre o negocio de beber sangue e gostar tanto que foi obvio até para
Pronta pra Guerra e Terrível. E eu tentei, e falhei, não pensar sobre o cheiro de sangue –
o de Heath e Erik e Elliott. Stevie Rae iria descobrir algum dia o quanto o sangue me
afetava, mas não seria hoje a noite. Na verdade, se eu pudesse impedir, não seria tão
cedo. Eu não queria me arriscar em perder ela ou as Gêmeas ou Damien – e eu estava
com medo que eu fosse. Sim, eles sabiam que eu era “especial,” e eles me aceitaram essa
raridade significa Alta Sacerdotisa para eles, e é algo bom. Minha ânsia por sangue não
era tão boa. Eles aceitariam tão fácil?
“De jeito nenhum, Stevie Rae.”
“Mas, Zoey, você não deveria entrar naquele bando de bruxas sozinha.”
“Não estarei sozinha. Erik estará lá.”
“Sim, mas ele costumava ser o namorado de Afrodite. Quem sabe o quão bom ele
será para te defender se ela agir de forma horrível com você.”
“Querida, eu posso cuidar de mim mesma.”
“Eu sei, mas -” Ela parou e então me deu um olhar engraçado. “Z, você está
vibrando?”
“Huh? Estou o que?” E então eu ouvi também, e comecei a rir. “É meu celular. Eu
coloquei na minha bolsa depois de carregar ontem a noite.” Eu tirei ele da bolsa, olhando
para a hora no display. “Já passa da meia noite, quem diabos...” Abrindo o telefone fiquei
chocada por ver que tinha 15 novas mensagens e 5 ligações perdidas. “Droga, alguém
esteve me ligando e ligando, e eu nem notei.” Eu chequei as mensagens de texto antes, e
então meu estomago começou a se apertar enquanto eu as lia.
Zo me liga eu ainda amo vc
Zo me liga p. favor
Tenho q ver vc
Vc e eu
Vc vai ligar?
Eu quero fala com vc Zo!
Me ligue de volta
Eu não precisei ler mais nenhuma delas. Elas eram basicamente a mesma coisa. “Ah,
merda. São todas do Heaht.”
“Seu ex?”
Eu suspirei. “Sim.”
“O que ele quer?”
“Aparentemente, eu.” Relutantemente, eu pus o código para acessar minha caixa de
mensagens, e a voz boba e fofa de Heath me chocou por estar tão alta e animada.
“Zo! Me ligue. Tipo, eu sei que é tarde, mas... espera. Não é tarde para você, mas é
tarde para mim. Mas está tudo bem porque eu não me importo. Eu só quero que você me
ligue. Ok. Então. Tchau. Me liga.”
Eu gemi e a deletei. A outra parecia ainda mais maníaca.
“Zoey! Ok. Você precisa me ligar. Verdade. E não fique brava. Hey, eu nem gosto de
Kayla. Ela é chata. Eu ainda amo você, Zo, só você. Então me liga. Não me importa
quando. Eu vou apenas acordar.”
“Cara oh cara,” Stevie Rae disse, facilmente ouvindo a falação de Heath. “O cara está
obcecado. Não é de se admirar que você chutou ele.”
“Sim,” eu murmurei, rapidamente deletando a segunda mensagem. A terceira era
muito parecida com as outras duas, só que mais desesperada. Eu baixei o volume e bati o
pé impacientemente enquanto passava pelas 5 mensagens, sem ouvir a não ser para ver
quando eu podia a deletar e ir para a próxima. “Eu preciso ir ver Neferet,” eu disse, mais
para mim mesma do que Stevie Rae.
“Por quê? Você precisa impedir ele de te ligar ou algo assim?”
“Não. Sim. Algo assim. Eu só preciso falar com ela sobre, bem, sobre o que eu
deveria fazer.” Eu evitei o olhar curioso de Stevie Rae.
“Eu quero dizer, ele já apareceu aqui uma vez. Eu não quero que ele passe aqui de
novo e cause algum problema.”
“Oh, sim, é verdade. Será ruim se ele se encontrar com Erik.”
“Será horrível. Ok, é melhor eu me apressar e tentar pegar ela antes do quinto
período. Te vejo depois da aula.”
Eu não esperei pelo tchau de Stevie Rae, mas sai correndo na direção da sala de
Neferet. Esse dia poderia ficar pior? Elliot morre e eu me sinto atraída pelo sangue dele.
Eu tenho que ir para o ritual de Samhain hoje a noite com um bando de garotas que me
odeiam e querem se certificar de que eu saiba disso, e eu provavelmente imprinted no
meu quase ex-namorado.
Sim. Hoje realmente, realmente está sendo uma merda.
VINTE E SEIS
Se o assovio e ronronar de Skylar não tivesse chamado minha atenção, eu nunca
teria visto Afrodite caida no pequeno canto do corredor da sala de Neferet.
“O que é Skylar?” Eu ergui as mãos cuidadosamente lembrando o que Neferet disse
sobre seu gato ser um mordedor conhecido. Eu também estava sinceramente feliz por
Nala não estar comigo como sempre – Skylar provavelmente comeria minha pobre gata no
almoço. “Gatinho-gatinho,” o enorme e laranja Tom me deu um olhar considerado
(provavelmente considerando se iria ou não morder minha mão). Então ele tomou sua
decisão, e se mexeu até a minha direção. Ele se esfregou nas minhas pernas, então ele ao
contra um ótimo assovio antes de desaparecer pelo corredor na direção da sala de
Neferet.
“Qual diabos é o problema dele?” Eu olhei hesitante para o canto, me perguntando o
que faria um gato com Skylar baforar e assoviar, e então senti uma onda de choque. Ela
estava sentada no chão, difícil de ver na sombra embaixo da beirada da estatua de Nyx. A
mão dela estava virada para trás, e os olhos dela estavam virados então só a parte branca
estava aparecendo. Ela quase me matou de susto. Eu me senti congelar, esperando a
qualquer segundo ver o sangue derramando pelo rosto dela. Então ela gemeu e
murmurou algo que eu não consegui entender enquanto os globos oculares dela viravam
pelos olhos vejados dela como se ela estivesse vendo algo. Eu percebi o que deveria estar
acontecendo. Afrodite estava tendo uma visão. Ela provavelmente a sentiu vindo e se
encondeu no conta para que ninguém a visse e pudesse manter a informação sobre morte
e destruição que ela podia impedir, para ela mesma. Vaca. Bruxa.
Bem, eu não iria mais deixar ela escapar com essa merda. Eu me abaixei e agarrei
pelo braço, a levantando. (Deixe-me te dizer, ela é muito mais pesada do que parece.)
“Anda,” eu rugi, meio que carregando ela enquanto ela ela se lançava cegamente
para frente comigo. “Vamos dar uma volta pelo corredor e ver que tipo de tragédia você
não queria comentar.”
Graças a Deus, o quarto de Neferet não era muito longe. Nós entramos e Neferet
pulou de trás da sua mesa e se apressou em nossa direção.
“Zoey! Afrodite! O que?” Mas assim que ela olhou para Afrodite, o alarme dela
mudou para um calmo entendimento. “Me ajude a colocar ela aqui na minha cadeira. Ela
ficará mais confortável lá.”
Levamos Afrodite para enorme cadeira de couro de Neferet, e a deixamos se afundar
nela. Então Neferet se abaixou para o lado dela e pegou a mão dela.
“Afrodite, com a voz da deusa eu te suplico que conte a Sacerdotisa dela o que você
vê.” A voz de Neferet era suave, mas que compelida, e eu podia sentir o poder no
comando dela.
As pálpebras de Afrodite imediatamente começaram a se abrir, e ela deu um
profundo suspiro. Então ela as abriu de repente. Os olhos dela pareciam enormes e
vidrados.
“Tanto sangue! Tinha tanto sangue saindo do corpo dele!”
“Quem, Afrodite? Se concentre. Se foque e limpe a visão,” Neferet ordenou.
Afrodite deu outro profundo suspiro. “Eles estão mortos! Não. Não. Isso não pode
ser! Não está certo. Não. Não é natural! Eu não entendo... eu não...” Ela piscou os olhos
de novo, e o deslumbre dela pareceu clarear. Ela olhou pela sala, como se não
reconhecesse nada. Os olhos dela tocaram os meus. “Você...” ela disse fracamente. “Você
sabe.”
“Sim” eu disse, pensando que eu sabia que ela estava tentado esconder sua visão,
mas tudo que eu disse foi, “eu te encontrei no corredor e -” Neferet ergueu a mão para
me parar.
“Não, ela não terminou. Ela não deveria estar voltando a si tão cedo. A visão ainda é
muito abstrata,” Neferet me disse rapidamente, e então abaixou a voz de novo e assumiu
o tom de comando compeledor. “Afrodite, volte. Veja o que é que você testemunhou, e o
que você deve mudar.”
Há! Te peguei agora. Eu não pude me impedir de ficar um pouco presunçosa. Afinal
de contas, ela tinha tentado arrancar meu olho ontem.
“O morto...” Ficando cada vez mais difícil de entender, Afrodite murmurou algo que
soava como “Túneis... eles... mataram... alguém... lá... eu... não... eu... não posso...” Ela
estava frenética, e eu quase senti pena dela. Claramente, o que quer que fosse que ela
estivesse vendo estava assustando ela também. Então os olhos dela encontraram Neferet,
e eu vi reconhecimento passar por eles e comecei a relaxar. Ela estava voltando e toda
essa coisa estranha seria esclarecida. E quando pensei nisso, os olhos de Afrodite, que
pareciam estar trancados no de Neferet, se alargaram sem acreditar. Um olhar de terror
passou pelo rosto dela e ela gritou.
Neferet bateu as mãos nos ombros trêmulos de Afrodite. “Acorde!” Ela mal olhou
pelos ombros para me dizer, “Vá agora, Zoey. A visão dela é confusa. A morte de Elliott a
chateou. Eu preciso ter certeza que ela voltou a si novamente.”
Eu não precisava ser mandada duas vezes. Com a obsessão de Heath esquecida, eu
sai correndo de lá e fui para a aula de espanhol.
Eu não conseguia me concentrar na aula. Eu continuava repassando a estranha cena
com Neferet e Afrodite de novo e de novo. Ela obviamente estava tendo uma visão sobre
pessoas morrendo, mas pela reação de Neferet não tinha sido uma visão normal (se existe
tal coisa). Stevie Rae tinha dito que as visões de Afrodite eram tão claras que ela pode
direcionar as pessoas para o aeroporto certo e especificar até o avião que iria cair. Ainda
sim hoje, de repente, nada estava claro. Bem, nada a não ser me vendo e dizer aquelas
coisas estranhas, e gritando pra caramba com Neferet. Não fazia sentido. Eu estava quase
ansiosa para ver como ela iria agir essa noite. Quase.
Eu guardei a escova de Persephone e peguei Nala, que estava empoleirada no topo
do cocho do cavalo observando e fazendo seus estranhos me-eeh-uf-ows para mim, e
comecei a devagar voltar para o dormitório. Dessa vez Afrodite não brigou comigo, mas
quando passei pelo canto do carvalho Stevie Rae, Damien, e as Gêmeas estavam
empoleirados juntos conversando muito – que de repente parou quando eu apareci. Todos
eles olharam de forma culpada para mim. Era bem fácil adivinhar sobre o que eles
estavam falando.
“O que?” eu perguntei.
“Estávamos esperando por você,” Stevie Rae disse. A felicidade usual dela está
desaparecida.
“Qual o problema com você?” eu perguntei.
“Ela está preocupada com você,” Shaunee disse.
“Nós estamos preocupados com você,” Erin disse.
“O que está acontecendo com seu ex?” Damien perguntou.
“Ele está incomodando, só isso. Se ele não incomodasse, não seria meu ex.” Eu
tentei falar indiferente, sem olhar para nenhum dos olhos dele por muito tempo. (Embora
nunca tenho sido uma boa mentirosa.)
“Achamos que eu deveria ir com você hoje a noite,” Stevie Rae disse.
“Na verdade, achamos que nós deveríamos ir com você hoje a noite,” Damien
corrigiu.
Eu franzi a testa para eles. De jeito nenhum eu iria querer que todos eles me vissem
beber o sangue do perdedor que eles conseguissem arranjar misturado com o vinho hoje
a noite.
“Não.”
“Zoey, foi um péssimo dia. Todos estão estressados. Além do mais, Afrodite está
querendo te pegar. Faz sentido que fiquemos juntos hoje a noite,” Damien disse
logicamente.
Sim, era lógico, mas eles não sabiam a história toda. Eu não queria que eles
soubessem a história toda. Ainda. A verdade era, que eu me importava demais com eles.
Eles me fizeram sentir aceita e segura – eles me fizeram sentir como se eu encaixasse
aqui. Eu não podia arriscar perder isso agora, não quando tudo isso ainda era tão novo e
assustador. Então eu fiz o que aprendi a fazer bem demais em casa quando estava
assustada e chateada e não queria que ninguém soubesse – eu fiquei fula e na defensiva.
“Vocês dizem que eu tenho poderes que algum dia vão fazer de mim Alta
Sacerdotisa?” Todos acenaram com vontade e sorriram para mim, o que fez meu coração
se apertar. Eu cerrei os dentes e fiz minha voz soar realmente fria. “Então vocês precisam
ouvir quando eu digo não. Eu não quero vocês lá hoje a noite. Isso é algo que eu tenho
que lidar. Sozinha. E não quero falar mais sobre isso.”
E então me afastei deles.
Naturalmente, dentro de meia hora eu me senti culpada por ter sido tão má. Eu
andei de um lado para o outro de baixo do grande carvalho que de alguma forma tinha
virado meu santuário, irritando Nala e desejando que Stevie Rae aparecesse para que eu
pudesse me desculpar. Meus amigos não sabiam por que eu não os queria lá. Eles só
estavam cuidando de mim. Talvez... talvez eles entendessem o negocio do sangue. Erik
pareceu entender. Ok, claro, ele era um quintanista, mas ainda sim. Todos deveríamos
passar por isso. Todos deveríamos desejar sangue – ou morremos. Eu me alegrei um
pouco e acariciei a cabeça de Nala.
“Quando a alternativa é a morte, beber sangue não parece tão ruim. Certo?”
Ela ronronou, então eu aceitei isso como um sim. Eu olhei a hora no relógio. Merda.
Eu tinha que voltar para o dormitório, mudar de roupa, e ir me encontrar com as Filhas
Negras. Com indiferença eu comecei a seguir o muro para trás. Era uma noite com nuvens
de novo, mas não me importei com a escuridão. Na verdade, eu estava começando a
gostar da noite. Eu deveria. Seria meu elemento por um longo tempo. Se eu vivesse.
Como se pudesse ler meu pensamento mórbido, Nala "me-eeh-uf-owed" emburrada para
mim enquanto ela andava ao meu lado.
“Sim, eu sei. Eu não deveria ser tão negativa. Eu vou trabalhar nisso logo depois que
eu –“
O baixo rosno de Nala me surpreendeu. Ela parou. As costas dela estavam arqueadas
e o pelo dela estava erguido, fazendo ela parecer uma gorda bola de pelos, mas os olhos
afiados dela não eram brincadeira, e nem a feroz assovio que saiu da boca dela. “Nala, o
que...”
Um terrível calafrio passou pela minha espinha mesmo antes deu virar para olhar na
direção que minha gata estava encarando. Mais tarde, eu não pude descobrir porque eu
não gritei. Eu lembro da minha boca abrir para buscar ar, mas eu estava absolutamente
silenciosa. Eu parecia estar entorpecida, mas isso era impossível. Se eu estivesse
entorpecida não tem como eu ter ficado tão perfeitamente petrificada.
Elliott estava parado a menos de um metro de distancia de mim na escuridão que
engolia o espaço próximo ao muro. Ele deveria estar indo na mesma direção que Nala e
eu estávamos andando. Então ele ouviu Nala, e meio que se virou na nossa direção. Ela
assoviou de novo para ele e, com um rápido movimento assustado ele se virou para nos
olhar diretamente.
Eu juro que eu não conseguia respirar. Ele era um fantasma – ele tinha que ser, mas
ele parecia solido, tão real. Se eu não tivesse visto o corpo dele rejeitar a Mudança, eu
teria pensando que ele só estava muito pálido e... e... estranho. Ele estava anormalmente
branco, mas tinha mais coisas erradas com ele do que isso. Os olhos dele tinham mudado.
Eles refletiam a pouca luz que tinha e brilhavam em um terrível vermelho rústico, como
sangue seco.
Exatamente do jeito que os olhos do fantasma de Elizabeth brilhavam.
Tinha mais alguma coisa diferente nele também.
O corpo dele parecia estranho – mais magro. Como isso era possível? O cheiro veio
até mim. Velho e seco e deslocado, como um armário que não era aberto a muitos anos
ou um porão assustador. Era o mesmo cheiro que eu notei logo antes de ver Elizabeth.
Nala rugiu e Elliott jogado de um jeito estranho e meio corcunda assoviou de volta
para ela. Então ele juntou os dentes e eu pude ver que ele tinha presas! Ele deu um passo
em direção a Nala como se ele fosse atacar ela. Eu não pensei, eu só reagi.
“Deixe ela em paz e sai daqui!” Me surpreendi como eu soei como se eu não
estivesse fazendo nada mais excitante do que gritar com um cachorro mau, porque eu
totalmente estava apavorada.
A cabeça dele virou na minha direção e o brilho nos olhos dele tocaram os meus pela
primeira vez. Errado! A voz intuitiva dentro de mim que tinha se tornado familiar estava
gritando. Isso é uma abominação!
“Você...” A voz dele era horrível. Era áspera e grossa, como se algo tivesse
machucado a garganta dele. “Eu vou ter você!” E ele começou a vir na minha direção.
O medo me engolfou como um vento amargo.
A batalha de rugidos de Nala rasgou a noite quando ela se jogou contra o fantasma
de Elliott. Em completo choque eu assisti, esperando que a gata atravessasse o ar vazio.
Ao invés disso ela pousou na cocha dele, as garras estendidas, arranhado e ganindo como
um animal 3 vezes do tamanho dela. Ele gritou, agarrou ela pela nuca, e a jogou para
longe. Então, com uma velocidade impossível e força ele literalmente pulou para o topo do
muro, e desapareceu na noite que cercava a escola.
Eu estava tremendo tanto que eu tropecei. “Nala!” Eu chorei. “Onde você está,
garotinha?”
Bufando e rosnando, ela se aproximou de mim, mas os olhos cortantes dela ainda
estavam focados no muro. Eu me arrastei para o lado dela, e com as mãos tremendo a
chequei para me certificar que ela estava inteira. Ela parecia não ter quebrado nada,
então eu a coloquei para cima e comecei a me afastar do muro o mais rápido que eu
pude.
“Está tudo bem. Estamos bem. Ele foi embora. Que garota corajosa você é.” Eu
fiquei falando para ela. Ela se empoleirou no meu ombro para poder ver atrás de nós, e
continuou a rosnar.
Quando eu vi a primeira luz, não muito longe da sala de recreação, eu parei e mudei
a posição de Nala para olhar mais perto se ela estava bem. O que eu encontrei fez meu
estomago se apertar com tanta força que eu pensei que fosse vomitar. Nas patas dela
havia sangue. Mas não eram de Nala. E não tinha um cheiro delicioso como outros
sangues que eu tinha cheirado. Ao invés disso carregava o cheiro de um mofado e seco,
velho porão. Eu me forcei a não tentar vomitar enquanto limpava as patas dela na grama.
Então eu a ergui de novo e me apressei pela calçada que levava para o dormitório. Nala
nunca parou de olhar para trás de nós e rosnar.
Stevie Rae, as Gêmeas, e Damien estavam suspeitosamente ausentes do dormitório.
Eles não estavam assistindo TV – não estavam na sala do computador ou na biblioteca, e
também não estavam na cozinha. Eu subi rapidamente pelas escadas, esperando
desesperadamente que pelo menos Stevie Rae estivesse no quarto. Não tive sorte.
Eu sentei na cama, acariciando a ainda distraída Nala. Eu deveria tentar encontrar
meus amigos? Ou deveria apenas ficar aqui?
Stevie Rae iria eventualmente voltar para o quarto. Eu olhei para o relógio do Elvis
dela. Eu tinha cerca de 10 minutos para me trocar e ir para a sala de recreação. Mas como
eu podia seguir com o ritual depois do que tinha acontecido?
O que tinha acontecido?
Um fantasma tentou me atacar. Não. Não estava certo. Como poderia haver um
fantasma que sangra? Mas tinha sido sangue? Não cheirava a sangue. Eu não fazia idéia
do que estava acontecendo.
Eu deveria ir diretamente até Neferet e dizer a ela o que tinha acontecido. Eu deveria
levantar agora e me levar e minha gata surtada para Neferet e contar a ela sobre
Elizabeth na noite passada e agora Elliott hoje a noite. Eu deveria... eu deveria...
Não. Dessa vez não foi um grito dentro de mim. Foi uma certeza. Eu não podia
contar a Neferet, pelo menos não agora.
“Eu tenho que ir para o ritual.” Eu disse em voz alta as palavras que estavam
ecoando na minha mente. “Eu tenho que estar nesse ritual.”
Enquanto eu colocava o vestido preto e procurava no armário pelo minha rasteirinha
eu me senti ficando muito calma. As coisas aqui não jogavam as mesmas regras do meu
antigo mundo – na minha vida antiga – e era hora deu aceitar isso e começar a me
acostumar.
Eu tinha uma afinidade com os 5 elementos, o que significava que eu tinha sido
presenteada com incríveis poderes por uma antiga deusa. Como vovó me lembrou, grande
poder trás grande responsabilidade. Talvez eu estivesse sendo permitida de ver essas
coisas – por uma razão. Eu não sabia o que isso significa ainda. Na verdade, eu não sabia
muito a não ser os dois pensamentos que estavam clareando na minha mente: eu não
podia contar a Neferet, e eu tinha que ir para o ritual.
Me apressando para a sala de recreação, eu tentei pelo menos pensar positivamente.
Talvez Afrodite não aparecesse hoje a noite, ou estivesse lá, mas esquecesse de me
perseguir.
Acabou, como mandava minha sorte, não ser nenhum dos casos.
VINTE E SETE
“Ótimo vestido, Zoey. Parece com o meu. Oh, espere! Costumava ser meu.” Afrodite
riu uma rouca, eu-sou-tão-crescida-e-você-é-só-uma-criança risada. Eu realmente odeio
quando garotas fazem isso. Eu quero dizer, sim, ela é mais velha, mas eu também tenho
peitos.
Eu sorri, propositadamente colocando uma dose extra de sem noção na minha voz e
lançando uma gigantesca mentira, que eu acho que eu fiz muito bem considerando o
quanto eu mentia mal, e tinha acabado de ser atacada por um fantasma, e todos estavam
nos encarando e nos ouvindo.
“Oi, Afrodite! Deus, Eu estava lendo o capitulo do livro de Sociologia 415 que Neferet
me deu sobre o quão importante é para a líder das Filhas Negras fazer todo membro novo
do grupo se sentir bem vindo e aceito. Você deve se sentir orgulhosa por estar se saindo
tão bem nesse trabalho.” Quando eu me aproximei um pouco mais perto dela baixei
minha voz para que só ela me ouvisse. “E eu devo dizer você parece melhor do que da
ultima vez que eu te vi.” Eu vi ela empalidecer e estava certa de que medo passou pelos
olhos dela. Surpreendentemente, não me fez sentir vitoriosa ou presunçosa. Só me fez
sentir maldosa e superficial e cansada. Eu suspirei. “Desculpe. Eu não deveria ter dito
isso.”
O rosto dela ficou duro. “Vai se fuder, aberração,” ela assoviou. Então ela riu como
se tivesse feito uma enorme piada (as minhas custas), e se virou de costas para mim, e
com uma odiosa virada de cabelo andou até o meio da sala.
Ok, eu não me sentia mais ruim. Vaca odiosa. Ela ergueu um braço fino, e todos que
estavam rindo para mim viraram sua atenção (graças a Deus) para ela. Hoje a noite ela
estava usando um vestido vermelho de seda que parecia antigo que a servia como se ela
tivesse nascido nele. Eu gostaria de saber da onde ela consegue as roupas dela. Loja das
vadias góticas?
“Um calouro morreu ontem, e outro morreu hoje.”
A voz dela era forte e clara, e soava quase com compaixão, o que me surpreendeu.
Por um segundo ela realmente me lembrou Neferet, e eu me perguntei se ela iria dizer
algo profundo como um líder faria.
“Todos conhecíamos os dois. Elizabeth era legal e quieta. Elliott foi nosso refrigerador
pelos últimos vários rituais.” Ela sorriu de repente; era selvagem e maldoso, e qualquer
semelhança que ela pudesse ter com Neferet terminou. “Mas eles eram fracos, e vampiros
não precisam de fraqueza em seu grupo.” Ela deu nos ombros que estavam cobertos com
a cor escarlate. “Se fossemos humanos chamaríamos da sobrevivência do mais forte.
Graças a deusa não somos humanos, então vamos apenas chamar de Destino, e ficar feliz
que ele não tenha chutado a bunda de nenhum de nós.”
Eu fiquei totalmente enojada por ouvir o som da concordância geral. Eu realmente
não conhecia Elizabeth, mas ela foi gentil comigo. Ok, eu admito que não gostava de Elliot
– ninguém gostava. O garoto era irritante e nada atraente (e o fantasma dele ou o que
quer que fosse parecia carregar os traços dele), mas eu não estava feliz por ele ter
morrido. Se eu for a líder das Filhas Negras eu não vou gozar da morte de um calouro,
não importa o quão insignificante ele seja. Eu fiz a promessa a mim mesma, mas também
estava consciente de que a falei como uma reza. Eu espero que Nyx me ouça, e dê sua
aprovação.
“Mas chega de obscuridade e morte,” Afrodite estava dizendo. “É Samhain! A noite
em que celebramos o fim da estação da colheita, e, até melhor, é quando lembramos dos
nossos ancestrais – todos os grandes vampiros que viveram e morreram antes de nós.” O
tom da voz dela era assustador, como se ela estivesse aproveitando o show que ela
estava fazendo demais, e eu virei os olhos enquanto ela continuou. “É a noite quando o
véu entre a vida e a morte é mais fino e quando os espíritos mais provavelmente vão
andar na terra.” Ela parou e olhou ao redor para a audiência, tento o cuidado de me
ignorar (como todo mundo). Eu tive um momento para pensar sobre o que ela disse. Pode
o que tinha acontecido com Elliott ter algo a ver com o véu entre a vida e a morte estar
mais fino, e o fato que ele morreu no dia de Samahain? Eu não tive para pensar mais
porque Afrodite ergueu a voz e gritou, “então o que vamos fazer?”
“Sair!” As Filhas Negras e os Filhos gritaram em resposta. Afrodite riu de forma
sexual demais para ser apropriada, e eu juro que ela se tocou. Ali na frente de todo
mundo. Droga, ela era nojenta.
“Isso mesmo. Escolhemos um lugar incrível para nós essa noite, e temos até mesmo
um refrigerador novo esperando por nós lá com as garotas.”
Ugh. Por “garotas” ela queria dizer Pronta para Guerra, Terrível, e Vespa? Eu olhei
rapidamente ao redor da sala. Não as vi em lugar nenhum. Ótimo. Eu só podia imaginar o
que aquelas três mais Afrodite iriam considerar “incrível.” E eu não queria pensar no pobre
garoto que tinha de algum jeito sido convencido a ser o refrigerador delas.
E, sim, eu iria ficar totalmente em negação sobre o fato de que minha boca começou
a salivar quando Afrodite mencionou que havia um novo refrigerador esperando por nós, o
que significa que eu iria beber sangue de novo.
“Então vamos sair daqui. E lembrem-se, fiquem quietos. Foquem as mentes em ser
invisíveis, e qualquer humano que ainda estiver acordado simplesmente não nos vera.”
Então ela olhou diretamente para mim. “E que Nyx tenha piedade de qualquer um que nos
entregue, porque nós certamente não teremos.” Ela sorriu travessamente para o grupo.
“Me sigam, Filhas e Filhos Negros!”
Em pares silenciosos e em pequenos grupos, todos seguiram Afrodite pela porta dos
fundos da sala de recreação. Naturalmente, eles me ignoraram. Eu quase não os segui. Eu
realmente não queria. Quer dizer, eu tive excitação o suficiente por uma noite. Eu deveria
voltar para o dormitório e pedir desculpas a Stevie Rae. Então poderíamos encontrar as
Gêmeas e Damien, e eu poderia contar a eles sobre Elliott (eu pausei considerando se
minhas entranhas diziam me avisavam sobre contar a meus amigos, mas ela ficou queita).
Ok. Então. Eu podia contar a eles. Isso parecia uma idéia melhor do que seguir a vaca da
Afrodite e um grupo de garotos que não me agüentavam. Mas minha intuição, que estava
quieta quando eu pensei sobre falar com meus amigos, de repente se levantou de novo.
Eu tinha que ir ao ritual. Eu suspirei.
“Anda, Z. Você não quer perder o show, quer?”
Erik estava parado perto da porta dos fundos, parecendo o Superman com seus
olhos azuis e sorrindo para mim.
Bem, diabos.
“Você está brincando? Garotas odiosas, um totalmente isolado drama traumático, e a
possibilidade de embaraçamento e derramamento de sangue? O que tem para não amar?
Eu não perderia um minuto disso.” Juntos Erik e eu seguimos o grupo pela porta.
Todos estavam andando silenciosamente pelo muro atrás da sala de recreação, que
era muito perto de onde eu vi Elizabeth e Elliott para mim me sentir confortável. E então,
estranhamento, os garotos parecem desaparecer no muro.
“O que –?” eu sussurrei.
“É só um truque. Você vai ver.”
Eu vi. Na verdade era uma porta escondida. Como o tipo que você vê em velhos
filmes de assassinato, só que invés de uma porta que vai para a biblioteca fora da lareira
(como em um dos filmes de India Jones – sim, sou nerd), a porta era uma sessão do
grosso, e solido muro da escola. Parte dela abria para fora, deixando um espaço aberto
grande o suficiente para uma pessoa (ou calouro ou vampiro ou possivelmente até mesmo
um estranhamente solido fantasma ou dois) passar. Erik e eu fomos os últimos a
atravessar ela. Eu ouvi um suave whoosh, e olhei para trás em tempo de ver a porta se
fechando sem diferença.
“É automático, como a porta de um carro,” Erik sussurrou.
“Huh. Quem sabe sobre isso?”
“Qualquer um que tenha sido uma Filha ou Filho Negro.”
“Huh.” Eu suspeitava que isso fosse provavelmente a maior parte dos vampiros
adultos. Eu olhei ao redor. Eu não vi ninguém nos observando, ou nos seguindo.
Erik notou meu olhar. “Eles não se importam. É tradição da escola que a gente saia
de fininho para alguns dos rituais. Desde que não façamos nada estúpido, eles fingem que
não sabem o que estamos fazendo.” Ele riu. “Funciona bem, eu acho.”
“Desde que a gente não faça nada estúpido,” eu disse.
“Shush!” Alguém na nossa frente assoviou. Eu fechei a boca e decidi me concentrar
em onde estávamos indo. Era quase 4:30. Uh, ninguém estava acordado. Grande
surpresa. Era estranho estar andando por essa parte realmente legal de Tulsa – uma
vizinhança cheia de mansões construídas por antigo dinheiro do olho – e ninguém nos
notar. Estávamos andando por incríveis jardins e nenhum cachorro estava latindo para
nós. Era como se fossemos sombras... ou fantasmas... A idéia me deu um arrepio. A lua
que antes estava quase toda escondida por causa das nuvens agora estava brilhante um
prata-branco em um céu inesperadamente claro. Eu juro que mesmo antes de ser
Marcada eu poderia ler com essa luz. Era legal, mas isso não me incomodava como me
incomodaria a uma semana atrás. Eu tentei não pensar sobre o que isso significa sobre a
Mudança que estava acontecendo dentro do meu corpo.
Cruzamos a rua, e ainda não havia nenhum som nos jardins. Eu ouvi água corrente
antes de ver a pequena ponte para pedestres. A luz do luar iluminou o caminho como se
alguém tivesse derrubado mercúrio no topo dela. Eu me senti capturada pela beleza, e
automaticamente diminui a velocidade, me lembrando que a noite era o meu dia. Eu
esperava que nunca me acostumasse com a escura majestade disso.
“Anda, Z,” sussurrou Erik do outro lado da ponte.
Eu olhei para ele. A silhueta dele contra uma incrível mansão que se esticava até a
colina atrás dele era enorme, terraço, e um lago e um gazebo e fontes de água (essas
pessoas claramente tem dinheiro demais), e ele me lembrava aquelas heróis românticos
de histórias, como... como..., os únicos dois heróis que eu podia pensar eram Superman e
Zorro, e nenhum deles era verdadeiramente históricos. Mas ele parecia muito cavaleiro e
romântico. E então eu registrei em mim exatamente que mansão maravilhosa estávamos
invadindo, e atravessei a ponte correndo até ele.
“Erik,” eu sussurrei freneticamente, “esse é o Museu Philbrook! Vamos nos meter em
problemas se eles nos pegarem aqui.”
“Eles não vão nos pegar.”
Eu tive que lutar para acompanhar ele. Ele estava andando rápido, muito mais
ansioso do que eu para alcansar o silencioso grupo parecido com um fantasma.
“Ok, essa não é a casa de um cara rico. Isso é um museu. Tem guardas 24 horas por
dia aqui.”
“Afrodite drogou eles.”
“O que!”
“Sssssh. Não os machuca. Eles vão ficar grogues por um tempo e então vão pra casa
e não vão lembrar de nada. Nada demais.”
Eu não respondi, mas eu realmente não gostei por ele estar tão “tanto faz” sobre
drogar os seguranças. Simplesmente não parecia certo, embora eu pudesse entender a
necessidade disso. Estavamos invadindo. Não queríamos ser pegos. Então os guardas
precisavam ser drogados. Eu entendi. Eu apenas não gostei, e parecia como outra coisa
que estava começando a mudar sobre as Filhas Negras e sua atitude sagrada. Elas me
lembravam mais e mais das Pessoas da Fé, o que não é uma comparação elogiosa.
Afrodite não é Deus (ou deusa), apesar dela se auto proclamar assim.
Erik parou de andar. Nós nos apressamos para nos juntar ao grupo onde havia se
formado um circulo solto ao redor do gazebo situado no fundo do gentil declívio que
levava para o museu. Era perto do lago ornamental que acabava logo antes do terraço
que levava para o museu começar. Era realmente um lugar incrivelmente lindo. Eu estive
lá duas ou três vezes em viagens de campo, e uma vez, com minha turma de artes, eu fui
até inspirada a desenhar os jardins, embora eu definitivamente não consiga desenhar.
Agora a noite tinha mudado a forma do lugar com bonitos e bem cuidados jardins e fontes
de água de mármore para um mágico mundo de fadas banhado a luz da lua e protegido
por camadas de cinza e preta e azuis da meia noite.
O gazebo em si era incrível. Eu sentei no topo das enormes escadas redondas,
parecidas com um trono, e que você tem que subir por cima. Era feito com colunas
brancas, e o domo era acesso embaixo, para que parecesse algo que você pode encontrar
na Grécia antiga, e então restaurado a sua gloria original e acesso para a noite ver.
Afrodite subiu as escadas e tomou seu lugar no meio do gazebo, o que
imediatamente apagou parte da magia e beleza do lugar. Naturalmente, Pronta para
Guerra, Terrível e Vespa estavam lá também. Outra garota estava ali também, que eu não
reconheci. É claro eu poderia ter visto ela um zilhão de vezes e não lembraria – ela tinha
outro cabelo loiro (embora seu nome provavelmente significasse algo como Maldosa ou
Odiosa). Eles arrumaram uma pequena mesa no meio do gazebo e o enrolaram com uma
capa preta. Eu pude ver que tinha um bando de velas nele, e mais algumas outras coisas,
incluindo uma taça e uma faca. Algum pobre garoto estava caído com a cabeça na mesa.
Uma capa tinha sido colocada ao redor dele, para cobrir o corpo dele, e ele parecia muito
com Elliott na noite que ele foi um refrigerador.
Realmente deve ser preciso muito de um garoto para ter seu sangue drenado para os
rituais de Afrodite, e eu me perguntei se isso tinha algo a ver sobre trazer a morte de
Elliott. Eu bloqueei da minha mente o fato que minha boca estava salivando quando
pensei sobre o sangue do garoto sendo misturado com a taça de vinho. Estranho como
algumas coisas podem totalmente me enojar e me fazer querer demais ao mesmo tempo.
“Eu vou lançar o circulo e chamar o espírito de nossos ancestrais para dançar
conosco,” Afrodite disse. Ela falou suavemente, mas a voz dela viajou ao nosso redor
como uma nuvem de veneno. Era assustador pensar sobre fantasmas sendo atraídos pelo
circulo de Afrodite, especialmente depois da minha recente experiência com fantasmas,
mas eu tinha que admitir estar intrigada tanto quanto assustada. Talvez eu tivesse tanta
certeza que precisava estar aqui porque eu tivesse predestina a pegar algumas pistas
sobre Elizabeth e Elliott hoje a noite. Além do mais, esse ritual era obviamente algo que as
Filhas Negras tem feito a um tempo. Não poderia ser assustador ou perigoso. Afrodite
bancou a grande e legal, mas eu tinha o pressentimento que era fingimento. Por debaixo
ela era o que todos os valentões são – insegura e imatura. Também, valentões tendem a
evitar qualquer um mais forte que eles, então era lógico que se Afrodite iria chamar
espíritos no circulo significava que eles eram inocentes, provavelmente bonzinhos. Afrodite
definitivamente não iria trazer um grande, maldoso, e assustador monstro.
Ou nada tão apavorante quanto Elliott tinha se tornado.
Eu comecei a relaxar em dar boas vindas ao que já estava se tornando um familiar,
hum, poder enquanto as 4 Filhas Negras pegavam as velas que correspondiam aos
elementos que elas representavam, e então se moveram para o lugar correto no pequeno
circulo no gazebo. Afrodite invocou o vento, e meu cabelo levantou gentilmente com uma
brisa que só eu podia sentir. Na verdade, apesar de Afrodite e das puxa sacos Filhas
Negras, eu já estava aproveitando o inicio do ritual. E Erik estava parado do meu lado, o
que me ajudou a não me importar se mais ninguém ia falar comigo.
Eu relaxei mais, certa de repente que o futuro não seria ruim. Eu iria fazer as pazes
com meus amigos, iríamos descobrir juntos, o que diabos estava acontecendo com os
estranhos fantasmas, e talvez até conseguir um namorado totalmente gostoso. Tudo
ficaria bem. Eu abri meus olhos e observei Afrodite se mover ao redor do circulo. Cada
elemento passou por mim, e eu me perguntei como Erik podia ficar tão perto de mim e
não notar. Eu até dei uma espiada nele, meio que esperando que ele me encarasse
enquanto os elementos passavam na minha pele, mas, como todos os outros, ele estava
olhando para Afrodite. (O que na verdade era irritante – ele não deveria ficar dando
olhadinhas em mim, também?) Então Afrodite começou o ritual para invocar os espíritos
ancestrais, e até mesmo eu não consegui tirar minha atenção dela. Ela ficou parada na
mesa, segurando uma longa trança de grama seca por cima da chama púrpura, então ele
acendeu rapidamente. Ela deixou que ele queimasse um pouco, e então o assoprou. Ela
acenou gentilmente ao redor dela quando começou a falar, enchendo a área com fumaça
de rebento. Eu cheirei, reconhecendo o cheiro da grama, uma das mais sagradas ervas
cerimôniais porque atrai energia espiritual. Vovó usava frequentimente nas rezas. Então
em franzi e senti uma preocupação. Grama fresca deveria ser usada apenas depois da
salva ser queimada para limpar e purificar a área; se não, poderia atrair qualquer energia
– e “qualquer” nem sempre significa algo bom. Mas era tarde demais para dizer algo,
mesmo se eu pudesse ter impedido a cerimônia. Ela já tinha começado a chamar os
espíritos, e a voz dela tinha tomado um assustador tom de musica que era de alguma
forma intensificado pela fumaça que passava grossamente ao redor dela.
“Eu te saúdo, espíritos ancestrais, e peço que vocês aceitem nossa oferenda de vinho
e sangue para que possam lembrar qual o gosto da vida.” Ela levantou a taça, e as forças
de fumaça se prepararam e se irritaram com obvia excitação. “Eu te saúdo, espíritos
ancestrais, e com a proteção do meu circulo eu -”
“Zo! Eu sabia que eu iria te achar se eu tentasse o suficiente!”
A voz de Heath passou pela noite, cortando as palavras de Afrodite.
VINTE E OITO
“Heath! O que diabos você está fazendo aqui!”
“Bem, você não retornou minha ligação.” Inconciente de todo o resto do pessoal, ele
me abraçou. Eu não precisei da luz da lua para ver os olhos injetados de sangue dele. “Eu
senti sua falta, Zo!” ele disse, jogando seu bafo de cervaja em mim.
“Heath. Você precisa ir –“
‘Não. Deixe ele ficar,” Afrodite me interrompeu.
O olhar de Heath passou até ela, e eu imaginei como ela deveria parecer pelos olhos
dele. Ela estava parada na piscina de luz feito pelos pontos de luz do gazebo brilhando
através da doce fumaça da grama, que a iluminava quase como se ela estivesse debaixo
dágua. O vestido vermelho dela se grudou no corpo dela. O cabelo loiro dela era grosso e
pesado pelas costas dela. Os lábios dela estavam juntos em um sorriso maldoso, que eu
tenho certeza Heath entenderia errado acharia que ela estava apenas sendo gentil. Na
verdade, ele provavelmente nem notaria os fantasmas esfumaçados que tinham parado de
pairar ao redor da taça e tinham virado seus olhos negros em direção a ele. Ele também
não notaria que a voz de Afrodite tinha um estranho e vazio som, e que os olhos dela
eram gelados e o encaravam. Diabos, conhecendo Heath ele não notaria nada exceto os
seios dela.
“Legal, uma garota vampira,” Heath disse, me provando estar totalmente certa.
“Tire ele daqui.” A voz de Erik era apertada de preocupação.
Heath tirou os olhos dos peitos de Afrodite para olhar para Erik. “Quem é você?”
Ah, merda. Eu reconheço esse tom. É o que Heath usa quando está pronto para ter
um ataque de ciúmes. (Outra razão do porque ele é meu ex.)
“Heath, você precisa sair daqui,” eu disse.
“Não.” Ele deu um passo mais para perto de mim e colocou seus braços
possessivamente ao redor dos meus ombros, mas ele não olhou para mim. Ele continuou
encarando Erik. “Eu vim ver minha namorada, e eu vou ver minha namorada.”
Eu ignorei o fato que eu podia sentir o pulso de Heath onde os braços dele estavam
parados nos meus ombros. Ao invés de fazer algo completamente nojento e perturbador,
como morder o pulso dele, eu sai dos braços dele e o empurrei para que ele tivesse que
olhar para mim e não Erik.
“Eu não sou sua namorada.”
“Aw, Zo, você está dizendo isso só por dizer.”
Eu cerrei os dentes. Deus, ele era tão burro. (Outra razão para ele ser meu ex.)
“Você é idiota?” Erik disse.
“Olha, seu merdinha fudido, eu -” Heath começou a dizer, mas a voz estranha de
Afrodite ecoou até ele.
“Venha até aqui, humano.”
Como se nossos olhos fossem imas para a estranha atração dela, Heath, Erik, e eu
(e, para falar a verdade, todos as Filhas e Filhos Negros) olharam para ela. O corpo dela
parecia estranho. Estava pulsando? Como podia? Ela virou sua cabeça e pôs uma mão
pelo corpo dela como um stripper, passando a mãos nos seios e então se movendo para
baixo para esfregar entre as pernas dela. A outra mão dela estava erguia e ela curvou
seus dedos, chamando Heath.
“Venha até mim, humano. Vamos provar você.”
Isso era ruim; isso era errado. Algo terrível iria acontecer com Heath se ele fosse até
lá e entrasse no circulo.
Totalmente atraído por ela, Heath se inclinou para frente sem hesitar (ou senso). Eu
agarrei um dos braços dele, e fiquei feliz por ver que Erik agarrou o outro.
“Pare, Heath! Eu quero que você vá embora. Agora. Você não pertence a esse lugar.”
Com um esforço, Heath tirou os olhos de Afrodite. Ele puxou o braço do aperto de
Erik e praticamente rugiu para ele. Então ele virou para mim.
“Você está me traindo!”
“Você não consegue ouvir? É impossível eu trair você. Não estamos juntos! Agora sai
da -”
“Se ele recusa nossa convocação, então devemos ir até ele.”
Minha cabeça virou para ver o corpo de Afrodite convulsa enquanto a fumaça cinza
entrou nela. Ela fez um barulho que era uma mistura de choro e um grito. Os espíritos,
incluindo aqueles que obviamente estavam possuindo ela, se apressaram para a borda do
circulo, pressionando contra ele em um esforço para se libertar e pegar Heath.
“Pare eles, Afrodite. Se você não parar eles vão matar ele!” Damien gritou quando
ele saiu de trás de uma cerca que emoldurava o lago.
“Damien, o que-” Eu comecei, mas ele balançou a cabeça.
“Não há tempo para explicar,” ele me disse rapidamente antes de virar sua atenção
de volta para Afrodite. “Você sabe o que eles são,” ele disse a ela. “Você tem que conter
eles no circulo ou ele vai morrer.”
Afrodite estava tão pálida que ela mesma parecia um fantasma. Ela se afastou das
formas esfumaçadas que ainda estavam empurrando ela contra o invisível laço no circulo,
até estar pressionada contra a ponta da mesa.
“Eu não vou parar eles. Se eles querem ele, eles podem ter ele. Melhor ele do que eu
– ou qualquer um de nós,” Afrodite disse.
“Sim, não queremos nenhuma participação nesse tipo de merda!” disse Terrível antes
de derrubar a vela dela, o que emitiu faíscas e então apagou. Sem outra palavra, ela saiu
do circulo correndo e desceu as escadas do gazebo. As outra três garotas que estavam
personificando os elementos a seguiram, desaparecendo rapidamente na noite e deixando
as velas viradas e apagadas.
Horrizada, eu vi uma das formas cinza começar a passar pelo circulo. A fumaça que
era o corpo espectral dele começou a deslizar pelas escadas, me lembrando de uma cobra
enquanto escorregava na nossa direção. Eu senti as Filhas e Filhos Negros se endurecer e
olhar para mim. Eles estavam nervosamente se afastando, olhares de medo estavam em
seus rostos.
“Agora é com você, Zoey.”
“Stevie Rae!”
Ela estava parada nada firme no meio do circulo. Ela jogou longe a capa que a
cobria, e eu podia ver linhas brancas de curativos nos pulsos dela.
“Eu te disse que precisávamos ficar juntos.” Ela sorriu fracamente para mim.
“Melhor se apressar,” Shaunee disse.
“Esses fantasmas estão matando seu ex de susto,” Erin disse.
Eu olhei por cima do meu ombro e vi as Gêmeas paradas ao lado do rosto branco,
boca aberta do Heath, e eu senti um choque de pura felicidade. Eles não tinham me
abandonado! Eu não estava sozinha!
“Vamos fazer isso,” eu disse. “Mantenha ele aí,” eu disse Erik, que estava me
olhando com obvio choque.
Sem ter que olhar pra trás para me certificar que meus amigos estavam me
seguindo, eu me apressei a subir as escadas para o gazebo cheio de fantasmas. Quando
eu cheguei na fronteira do circulo eu hesitei por um segundo. Os espíritos estavam
devagar dissolvendo através dele, sua atenção completamente focada em Heath. Eu
respirei fundo e entrei dentro da barreira invisível, sentindo um horrível calafrio enquanto
os mortos passavam sem parar contra a minha pele.
“Você não tem direito de estar aqui. Esse é meu circulo,” Afrodite disse, se
endireitando o suficiente para dobrar seus lábios para mim e bloquear meu caminho até a
mesa e a vela do espírito, que era a única ainda acessa.
“Era seu circulo. Agora você precisa calar a boca e sair daí,” eu disse a ela.
Afrodite estreitou seus olhos para mim.
Ah, merda. Eu realmente não tinha tempo para isso.
“Cabeça de vento, você precisa fazer o que Zoey está dizendo. Eu estou morrendo
para chutar sua bunda a dois anos,” Shaunee disse, se movendo para ficar ao meu lado.
“Eu também, bruxa nojenta,” Erin disse, indo para o meu outro lado.
Antes das Gêmeas atacarem ela, o grito de Heath cortou a noite. Eu virei. Fumaça
estava subindo pela perna de Heath, deixando longos, e pequenos rasgos na jeans dele
que instantaneamente começaram a pingar sangue. Entrando em pânico, ele estava
chutando e gritando. Erik não tinha fugido, mas estava batendo na nevoa também,
embora sempre que uma parte grudasse nele rasgasse suas roupas e rasgasse sua pele.
“Rápido! Tomem seus lugares,” eu gritei antes do sedutor cheiro do sangue deles
pudesse mexer com a minha concentração.
Meus amigos correram para as velas desertas. Rapidamente eles as pegaram e
esperaram nas posições adequadas.
Eu contornei Afrodite, que estava encarando Heath e Erik, com as mãos pressionadas
contra a boca como se fosse para segurar os seus gritos. Eu peguei a vela púrpura e corri
até Damien.
“Vento! Te convoco para esse circulo,” eu gritei, tocando a vela púrpura na amarela.
Eu queria chorar de alivio quando o redemoinho familiar de repente passou por nós,
tocando o meu corpo e levantando meu cabelo.
Protegendo a vela púrpura eu corri até Shaunee.
“Fogo! Te convoco para esse circulo!” Calor se juntou ou redemoinho de ar quando
acendi a vela vermelha. Eu não parei, mas continuei me movendo pelo circulo. “Água! Te
convoco para esse circulo!” O mar estava ali, salgado e doce ao mesmo tempo. “Terra! Te
convoco para esse circulo!” Eu toquei as chamas na vela de Stevie Rae, tentando não
recuar devido as bandagens que cobriam os pulsos dela. Ela estava anormalmente pálida,
mas ela friu quando o ar se encheu com o cheiro de grama recém cortada.
Heath gritou de novo, e eu corri de volta para o centro do circulo e levantei a vela
púrpura. “Espirito! Te convoco para esse circulo!” Energia passou por mim. Eu olhei ao
redor pela fronteira do meu circulo e, certa o bastante, eu pude ver o a fita de poder
fazendo sua circunferência. Eu fechei meus olhos por um instante. “Oh, obrigado Nyx!”
Então pus a vela na mesa e agarrei a taça de vinho. Eu me virei para olhar Heath e
Erik e a orda fantasmagórica.
“Aqui está seu sacrifício!” eu gritei, espirrando o liquido da taça em um bagunçado
arco ao meu redor, para que fizesse um circulo cor de sangue no chão do gazebo. “Vocês
não foram chamados aqui para matar. Vocês foram chamados aqui porque é Samhain e
queríamos honrar vocês.” Eu derramei mais vinho, tentando com a força ignorar o sedutor
cheiro de sangue fresco misturado com o vinho.
Os fantasmas pararam seu ataque. Eu me foquei neles, sem querer me distrair com o
terror nos olhos de Heath e a dor nos de Erik.
“Preferimos esse quente sangue jovem, Sacerdotisa.” As arrepiantes vozes ecoaram
até mim, mandando calafrios na minha pele. Eu juro que eu podia sentir o cheiro da hálito
apodrecido.
Eu engoli com força. “Eu entendo isso, mas essas vidas não são suas para serem
tiradas. Hoje é uma noite de celebração, não para morte.”
“E ainda sim escolhemos a morte – ela é mais querida para nós.” Risadas
fantasmagóricas flutuaram pelo ar com a fina fumaça da grama, e os espíritos começaram
a atacar Heath de novo.
Eu joguei a taça e levantei minhas mãos. “Então não estou mais pedindo; estou
mandando. Vento, fogo, água, terra, e espírito! Eu comando em nome de Nyx que vocês
fechem esse circulo, colocando de volta aqui os mortos que escaparam. Agora!”
Calor passou pelo meu corpo e passou pelas minhas mãos estendidas. Em uma onda
de um vento salgado que estava quente, uma nevoa verde brilhante passou de mim para
as escadas e passou ao redor de Heath e Erik, fazendo a roupa deles e cabelos voar feito
loucos. O vento mágico pegou as formas esfumaçadas e as arrancou de suas vitimas, e
com um rugido definitivo, os sugou de volta para os limites do meu circulo. De repente eu
estava cercada por formas fantasmagóricas, em que cada um eu podia sentir perigo e
fome pulsando, tão claramente quando eu tinha sentido o sangue de Heath antes.
Afrodite estava empoleirada na cadeira, assustada por causa dos espectros. Um deles foi
contra ela e ela deu um grito agudo, que pareceu animar eles ainda mais, e eles passaram
violentamente ao meu redor.
“Zoey!” Stevie Rae chorou meu nome, a voz dela cheia de medo. Eu vi ela dar um
passo hesitante em minha direção.
“Não!” Damien surtou. “Não quebre o circulo. Eles não podem machucar Zoey – eles
não podem machucar nenhum de nós, o circulo é forte demais. Mas só se não o
quebrarmos.”
“Não vamos a lugar nenhum,” Shaunee disse.
“Não. Eu gosto daqui,” Erin disse, soando um pouco sem ar.
Eu senti a total confiança e lealdade e aceitação como um sexto elemento. Me
encheu de confiança. Eu arrumei minha coluna e olhei para os fantasmas irritados que
serpenteavam.
“Então – não vamos embora. O que significa que vocês tem que ir embora.”
Eu apontei para o sangue e vinho derramados. “Peguem seu sacrifício e saiam daqui.
É todo o sangue que vocês terão hoje a noite.”
A horda de fantasmas parou. Eu sabia que eu os tinha pego. Eu respirei fundo e
terminei.
“Com o poder dos elementos eu comando a vocês: Vão!”
De repente, como se um gigante invisível tivesse jogado eles no chão, eles
dissolveram no chão encharcado de vinho do gazebo, de alguma forma absorvendo o
liquido cheio de sangue e fazendo todo ele desaparecer.
Eu respirei fundo, aliviada. Automaticamente, me virei para Damien.
“Obrigado, vento. Você pode partir.” Ele começou a assoprar sua vela, mas não
precisou, uma pequena baforada de vendo, que foi surpreendentemente dolorida, fez isso
para ele. Damien riu para mim. E então os olhos dele ficaram enormes e redondos.
“Zoey! Sua Marca!”
“O que?” Eu levantei minhas mãos para a minha testa. Ela formigava, assim como
meus ombros e pescoço (o que não é de se admirar, eu sempre fico com problemas no
ombro/pescoço quando fico estressada demais), alem do mais meu corpo todo ainda
estava sentido os efeitos dos poderes dos elementos, então eu não tinha notado.
O olhar chocado dele mudou para um olhar de felicidade. “Termine de fechar o
circulo. Então você pode usar os muitos espelhos de Erin para ver o que aconteceu.”
Eu me virei para Shaunee e disse adeus para o fogo.
“Wow... incrível,” Shaunee disse, me olhando.
“Hey, como você sabia que eu tenho mais de um espelho na bolsa?” Erin estava
reclamando do outro lado do circulo para Damien quando eu me virei para ela e mandei a
água embora. Os olhos dela ficaram enormes quando ela me viu também.
“Puta Merda!” ela disse.
“Erin, você realmente não deveria xingar em um circulo sagrado. Todos sabemos que
não -” Stevie Rae estava dizendo para ela em seu doce sotaque Okie quando eu me virei
para dizer adeus para a terra, e as palavras dela de repente mudaram quando ela falou,
“Oh, minha deusa!”
Eu suspirei. Diabos, o que foi agora? Eu voltei para a mesa e levantei a vela do
espírito.
“Obrigada, espírito. Você pode partir,” eu disse.
“Por quê?” Afrodite levantou tão bruscamente que ela derrubou a cadeira. Como
todos os outros, ela estava me olhando com uma ridícula expressão chocada. “Porque
você? Porque não eu?”
“Afrodite, o que diabos você está falando?”
“Ela está falando sobre isso.” Erin me entregou um espelho que ela tirou da sua
chique bolsa de couro que ela sempre carregava nos ombros.
Eu abri e olhei. Primeiro eu não entendi o que estava olhando – era muito estranho,
muito surpreendente. Então, do meu lado, Stevie Rae sussurrou, “É lindo...”
E eu percebi que ela tinha razão. Era lindo. Minha Marca tinha sido incrementada.
Um delicado redemoinho de linhas safiras tatuadas emolduravam meus olhos. Não tão
intrincada e grande como a de um vampiro adulto, mas inédita para um calouro. Eu deixei
meus dedos traçarem o design curvado, pensando que parecia como algo que deveria
decorar o rosto de uma exótica princesa estrangeira... ou talvez a Alta Sacerdotisa de uma
deusa. E eu encarei a mim mesma que não era realmente eu – a estranha que tinha se
tornado mais e mais familiar.
“Isso não é tudo Zoey. Olhe para seus ombros,” Damien disse suavemente.
Eu olhei para a linha do pescoço-ombro do meu vestido legal e senti uma onda de
choque passar pelo meu corpo. Meus ombros também estavam tatuados. Passando do
meu pescoço, até os meus ombros e minhas costas, onde tatuagens safira faziam um
padrão serpenteado muito parecido com o do meu rosto, só que as marcas azuis do meu
corpo pareciam ainda mais antigas, ainda mais misteriosas, porque elas se intercalavam
com símbolos parecidos com letras.
Minha boca abriu, mas nenhuma palavra saiu dela.
“Z, ele precisa de ajuda.” Erik falou pelo meu choque e olhei por cima dos ombros
para ver ele tropeçando no gazebo, carregando o inconsciente Heath.
“Tanto faz. Deixe ele aí,” Afrodite disse. “Alguém vai encontrar ele pela manha.
Precisamos sair daqui antes que os guardas acordem.”
Eu virei para ela. “E você pergunta por que não foi você? Talvez porque Nyx esteja
cansada de você ser tão egoísta, mimada, indulgente, odiosa...” eu parei, tão irritada que
eu não conseguia pensar em mais nenhum adjetivo.
“Nojenta!” Erin e Shaunee acrescentaram juntas.
“Sim, uma valentona nojenta.” Eu dei um passo para mais perto dela e olhar todo o
rosto dela. “Essa Mudança toda é difícil o suficiente sem alguém como você. A não quer
você quer sejamos sua” – eu olhei para Damien e sorri – “sua bajuladora você nos faz
sentir como se não pertencêssemos aqui – como se fossemos nada. Isso acabou, Afrodite.
O que você fez hoje a noite foi totalmente, e completamente errado. Você quase causou a
morte de Heath. E talvez até a do Erik e quem sabe de quem mais, e foi tudo por causa
do seu egoísmo.”
“Não foi minha culpa seu namorado achar você aqui,” ela gritou.
“Não, Heath não foi sua culpa, mas essa é a única coisa que não foi sua culpa hoje a
noite. Foi sua culpa que seus chamados amigos não te ajudaram e fizeram o circulo
errado. E foi sua culpa que os espíritos negativos encontraram o circulo para começo de
conversa.” Ela parecia confusa, o que me irritou ainda mais. “Salva sua odiosa bruxa! Você
deve usar a salva para limpar energias negativas antes de usar a grama. E não é
surpreendente que você tenha atraído espíritos tão horríveis.”
“Sim, porque você é horrível,” Stevie Rae disse.
“Você não tem nenhuma merda para dizer, refrigeradora,” Afrodite zombou.
“Não!” Eu pus meu dedo no rosto dela. “Essa merda de refrigerador acabou.”
“Oh, então agora você não vai fingir que você não anseia pelo gosto de sangue e
ainda mais do que nós?”
Eu olhei para meus amigos. Eles encontraram meus olhos sem se encolher. Damien
sorriu encorajadamente. Stevie Rae acenou para mim. As Gêmeas piscaram. E então eu
percebi que estava sendo uma tola. Eles não iriam me evitar. Eles eram meus amigos; eu
deveria ter confiado neles mais, mesmo que não tenha aprendido a confiar em mim
mesma ainda.
“Bem eventualmente todos vamos ansiar por sangue,” eu disse simplesmente. “Ou
vamos morrer. Mas isso não faz de nós monstros, e está na hora das Filhas Negras
pararem de agir assim. Você está acabada, Afrodite. Você não é a mais a líder das Filhas
Negras.”
“E eu deveria pensar que agora você é a líder?”
Eu acenei. “Eu sou. Eu não vim para a House of Night pedindo por esses poderes.
Tudo o que eu queria era um lugar para me encaixar. Bem, eu acho que esse é o jeito de
Nyx de responder a minha reza.” Eu sorri para meus amigos e eles sorriram para mim.
“Claramente, a deusa tem senso de humor.”
“Sua vaca estúpida, você não pode assumir as Filhas Negras. Somente a Alta
Sacerdotisa pode mudar a liderança.”
“É conveniente, então, que eu esteja aqui, não é?” Neferet disse.
VINTE E NOVE
Neferet saiu das sombras para o gazebo, movendo-se rapidamente em direção a
Heath e Erik. Primeiro, ela tocou o rosto de Erik e checou as marcas ensangüentadas em
seus braços de onde ele lutou futilmente para tentar tirar os fantasmas de cima de Heath.
Enquanto ela passava suas mãos nos ferimentos dele eu pude ver o sangue secar. Erik
respirou aliviado, como se a dor dele tivesse desaparecido.
“Isso vai curar. Vá a enfermaria quando voltarmos para a escola e vou lhe dar uma
pomada que vai aliviar o dor de seus ferimentos.” Ela bateu na bochecha dele e ele ficou
vermelho. “Você mostrou a bravura de um vampiro guerreiro quando você ficou para
proteger o garoto. Estou orgulhosa de você, Erik Night, assim como a deusa.”
Eu senti uma onda de prazer na aprovação dela; eu também estava orgulhosa dele.
Então ouvi um murmúrio de concordância ao meu redor e percebi que as Filhas e Filhos
negros tinham retornado e estavam amontoados na escada do gazebo. A quanto tempo
eles estavam assistindo? Neferet virou sua atenção para Heath, e eu esqueci de todo o
resto. Ela levantou a perna rasgada e examinou as marcas ensangüentadas que haviam
nos braços dele. Então ela colocou o rosto pálido e rígido dele em suas mãos e fechou os
olhos. Eu vi o corpo dele endurecer ainda mais e ter uma compulsão, e então ele suspirou
e, como Erik, ele relaxou. Depois de um segundo, ele parecia estar dormindo
pacificamente ao invés de lutando silenciosamente contra a morte. Ainda de joelhos ao
lado dele, Neferet disse, “Ele vai se recuperar, e não vai lembrar de nada dessa noite
exceto que ele ficou bêbado e se perdeu tentando encontrar sua quase ex-namorada.” Ela
olhou para mim enquanto disse isso, e os olhos dela eram gentis e cheios de
entendimento.
“Obrigado,” eu sussurrei.
Neferet acenou brevemente para mim, antes de levantar e confrontar Afrodite.
“Eu sou responsável pelo o que aconteceu aqui hoje a noite tanto quanto você. Eu
sei do seu egoísmo a anos, mas eu escolhi ignorar, esperando que com o tempo e o toque
da deusa você ficasse mais madura. Eu estava errada.” A voz de Neferet tomou uma
qualidade clara e poderosa de uma líder. “Afrodite, eu oficialmente te libero da sua
posição como líder das Filhas e Filhos Negros. Você não é mais uma Alta Sacerdotisa em
treinamento. Você não é diferente que qualquer outro calouro.” Com um movimento duro,
Neferet ergueu sua mão, e arrancou o colocar de prata que estava pendurado entre os
peitos de Afrodite.
Afrodite não fez um som, mas o rosto dela estava branco e ela encarava Neferet sem
piscar.
A Alta Sacerdotisa virou de costas para Afrodite e se aproximou de mim. “Zoey
Redbird, eu soube que você era especial no dia que Nyx me deixou ver que você seria
Marcada.” Ela sorriu para mim e pos um dedo debaixo do meu queixo, levantando minha
mão para poder olhar melhor minhas novas adições a minha Marca. Então ela passou a
mão no meu cabelo para o lado, para que as tatuagens aparecessem no meu pescoço,
ombros, e costas. Eu ouvi as Filhas e Filhos Negros se afogar quando eles, também, viram
minhas estranhas Marcas. “Extraordinário, realmente extraordinário,” ela disse, deixando
suas mãos caírem dos seus lados quando continuou. “Hoje a noite você mostrou a
sabedoria da deusa em escolher te presentear com poderes especiais. Você mereceu sua
posição como Lider das Filhas e Filhos Negros e como Alta Sacerdotisa em treinamento,
através do seus próprios dons dados pela deusa assim como sua compaixão e sabedoria.”
Ela me entregou o colar de Afrodite. Pareceu quente e pesado na minha mão. “Use isso
mais sabiamente que a sua antecessora.” Então ela fez um gesto realmente incrível.
Neferet, Alta Sacerdotisa de Nyx, me saudou, seu punho por cima do coração, e fez uma
formal reverencia, como o sinal dos vampiros de respeito. Todos ao redor com exceção de
Afrodite a imitaram. Lágrimas borraram minha visão enquanto meus quatro amigos riam
para mim e se curvavam com os outras Filhas e Filhos Negros.
Mas mesmo no centro de uma perfeita felicidade eu senti a sombra da confusão.
Como eu pude ter duvidado que poderia contar qualquer coisa a Neferet?
“Volte para a escola. Eu vou cuidar do que precisa ser feito aqui.” Neferet me disse.
Ela me abraçou rapidamente e sussurrou no meu ouvido, “estou muito orgulhosa de você,
Zoeybird.” Então ela me deu um pequeno empurrão na direção de meus amigos. “Dêem
boas vindas a nova Líder das Filhas e Filhos Negros!” ela disse.
Damien, Stevie Rae, Shaunee e Erin lideraram a torcida. E então todos me rodearam
e pareceu que eu fui levada do gazebo em uma exuberante onda de risada e
congratulações. Eu acenei e sorri para meus novos “amigos”, mas eu não fui enganada.
Silenciosamente lembrei a mim mesma que apenas momentos antes eles estavam
concordando com tudo que Afrodite disse.
Definitivamente eu iria precisar de um tempo para mudar as coisas.
Chegamos na ponte e eu lembrei meus novos protegidos que tínhamos que ser
silenciosos enquanto voltávamos através da escuridão para a escola, e eu fiz um gesto
para que eles fossem na frente. Quando Stevie Rae, Damien, e as Gêmeas começaram a
cruzar a ponte eu sussurrei, “Não, vocês andam comigo.”
Rindo tanto que eles pareciam bobos, os quatro pararam perto de mim. Eu encontrei
o alegre olhar de Stevie Rae. “Você não deveria ter se voluntariado para ser um
refrigerador. Eu sei o quanto você estava assustada.” O sorriso de Stevie Rae sumiu com a
reprimenda em minha voz.
“Mas se eu não tivesse feito isso, não saberíamos onde o ritual seria, Zoey. Eu fiz
isso para poder avisar Damien, e as Gêmeas que eles deveriam nos encontrar aqui.
Sabíamos que você precisava de nós.”
Eu levantei a mão e ela parou de falar, mas ela parecia que iria chorar. Eu sorri
gentilmente para ela. “Você não me deixou terminar. Eu ia dizer que você não deveria ter
feito, mas fico tão feliz que tenha feito!” Eu a abracei, e sorri através das lagrimas para os
outros três. “Obrigado – ficou feliz que todos tenham estado lá.”
“Hey, Z, é o que amigos fazem,” Damien disse.
“Yep,” Shaunee disse.
“Exato,” disse Erin.
E eles se fecharam ao meu redor em um enorme e sufocante abraço grupal – que eu
totalmente amei.
“Hey, posso participar?”
Eu olhei para cima para ver Erik parado ali perto.
“Bem, sim, você absolutamente pode,” Damien disse alegremente.
Stevie Rae se dissolveu em risadinhas, e Shaunee suspirou e disse, “Desista, Damien.
Time errado, lembra?” Então Erin me tirou do centro do grupo e empurrou em direção a
Erik. “Dê um abraço no cara. Ele tentou salvar seu namorado hoje a noite,” ela disse.
“Meu ex-namorado,” eu disse rapidamente, pulando nos braços de Erik, mais que um
pouco sobrepujada pela mistura do cheiro que o sangue fresco que ainda estava nele e o
fato de que ele estava, bem, me abraçando. Então, para acrescentar em cima de tudo,
Erik me beijou com tanta força que eu juro que eu pensei que o topo da minha cabeça ia
sair voando.
“Por favor, apenas por favor,” eu ouvi Shaunee dizer.
“Arranjem um quarto!” Erin disse.
Damien riu e eu me afastei dos braços de Erik. “Estou faminta,” Stevie Rae disse.
“Esse negocio de refrigerador me deixou faminta.”
“Bem, vamos pegar algo para você comer então,” eu disse.
Meus amigos andaram por cima da ponte e eu ouvi Shaunee irritar Damien sobre se
eles deveriam comer pizza ou sanduíches.
“Se importa se eu andar com você?” Erik perguntou.
“Nah, estou me acostumando,” eu disse, sorrindo para ele.
Ele riu e andou na ponte. Então pela escuridão atrás de mim eu ouvi um muito
distinto e muito irritado, "me-eeh-uf-ow!”
“Vá em frente, eu já alcanço vocês,” eu disse a Erik e então voltei até as sombras no
gramado de Philbrook. “Nala? Gatinha, gatinha, gatinha...,” Eu chamei. E então, uma
distinta bola de pelo saiu dos arbustos, reclamando o tempo todo. Eu me abaixei e a
peguei e ela instantaneamente começou a ronronar. “Bem, garota boba, porque você me
seguiu até aqui, se você não gosta de andar tão longe? Como se você já não tivesse
passado por coisas o suficiente hoje,” eu murmurei, mas antes de voltar para a ponte,
Afrodite saiu das sombras e bloqueou meu caminho.
“Você pode ter ganhado hoje, mas isso não acabou,” ela me disse. Ela me fez sentir
muito cansada.
“Eu não estava tentando “ganhar” nada. Eu só estava tentando acertar as coisas.”
“E é isso que você acha que fez?” Os olhos dela passavam nervosamente para trás e
para frente do caminho que levava ao gazebo, como se alguém tivesse seguindo ela.
“Você realmente não sabe o que aconteceu aqui hoje a noite. Você apenas está sendo
usada – todos estamos. Somos bonecos, é o que todos somos.” Ela com raiva limpou o
rosto e eu percebi que ela estava chorando.
“Afrodite, não tem que ser assim entre nós,” eu disse suavemente.
“Sim precisa!” Ela surtou. “É o papel que deveríamos interpretar. Você verá... você
verá...” Afrodite começou a se afastar.
Uma idéia apareceu inesperadamente na minha memória. Era Afrodite durante sua
visão. Como se estivesse acontecendo de novo, eu podia ouvir ela dizer, “Eles estão
mortos! Não. Não. Isso não pode ser! Não é certo. Não. Não é natural! Eu não entendo...
eu não... você... você sabe.” O grito de terror dela ecoou na minha mente. Eu pensei em
Elizabeth... em Elliott... o fato de que eles tinham aparecido para mim. Muito do que ela
disse fazia sentido.
“Afrodite, espere!” Ela olhou por cima dos ombros para mim. “A visão que você teve
hoje no escritório de Neferet, sobre o que era?”
Devagar ela balançou a cabeça. “É apenas o começo. Vai ficar muito pior.” Ela virou
e de repente hesitou. O caminho dela estava bloqueado por cinco garotos – meus amigos.
“Está tudo bem,” eu disse a eles. “Deixem ela ir.”
Shaunee e Erin abriram espaço. Afrodite levantou a cabeça, virou o cabelo, e passou
por elas como se mandasse no mundo. Eu a observei se afastar, meu estomago se
apertando. Afrodite sabia algo sobre Elizabeth e Elliott, e eventualmente eu teria que
descobrir o que era.
“Hey,” Stevie Rae disse.
Eu olhei para minha colega de quarto e minha nova melhor amiga.
“Aconteça o que acontecer, estaremos juntas.”
Eu senti o nó no meu estomago se soltar. “Vamos,” eu disse. Cercada por meus
amigos, todos fomos para casa.
FIM

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