sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Filhos Do Édem - Apresentação


APRESENTAÇÃO
Uma mensagem aos leitores de A Batalha do Apocalipse
NA MADRUGADA DO DIA 9 DE JULHO, DESPERTEI AGITADO. NÃO
CONSEGUIA voltar a dormir, preocupado com o roteiro ainda
pendente da minha viagem de férias, marcada para dali a duas
semanas. Depois de um ano e meio de privações, e após ter
entregado à editora os manuscritos finais de Filhos do Éden -
Herdeiros de Atlântida, resolvi tirar um curto período de descanso
na França, onde pretendia iniciar as pesquisas para o segundo
volume desta série, Anjos da morte.
Vencido pela insônia, tomei o elevador e caminhei algumas
quadras até a praia de Copacabana, para apreciar um espetáculo
que há tempos não via - o nascer do sol. Sentado nas areias
brancas, divaguei sobre todas as coisas que aconteceram desde o
primeiro lançamento de A Batalha do Apocalipse.
O sucesso do livro, tão improvável quanto a perspectiva de uma esfera
incandescente vir a abrigar formas de vida, deve-se
inegavelmente aos anjos - não aos alados da fantasia, tampouco às
figuras mitológicas, mas às pessoas comuns que, sem esperar nada
em troca, divulgaram a obra entre os colegas de trabalho, os
amigos da faculdade, os companheiros de escola, os familiares. O
poder desses celestiais é magnífico, e, se A Batalha do Apocalipse
tem um herói, são os leitores, os verdadeiros responsáveis por fazer
os querubins alçarem vôos mais elevados.
A repercussão das caminhadas de Ablon lançou às minhas mãos
um dilema. Embora apaixonado pelos antigos personagens, algo me
dizia que era preciso renová-los, que o retorno de Orion, Shamira
ou Amael, neste momento, seria uma jogada incoerente e
oportunista - a trajetória deles se encerra em A Batalha, não seria
justo desgastá-los.
O cenário apresentado, no entanto, ainda poderia gerar permutações.
Por ser um renegado, Ablon esteve por séculos alheio à
política celeste, e esse era o ponto que eu queria explorar. Como se
relacionam as diferentes castas no céu? Quem são os agentes na
linha de frente? Qual é o reflexo da guerra civil na vida dos seres
humanos? Quais são os reinos que se escondem além do tecido da
realidade, aos quais o Primeiro General era incapaz de se
transportar?
No fim das contas, a decisão de principiar uma nova saga, em vez
de simplesmente reciclar os elementos do livro anterior, foi
espontânea, um traço, a meu ver, essencial para que qualquer
história dê certo. A ideia era expandir esse "universo", abrindo um
novo leque de possibilidades, de novas tramas e acontecimentos.
Portanto, ainda que Filhos do Éden guarde semelhanças com o
enredo pregresso, ele constitui uma obra única, que propõe
questões mais humanas e apresenta heróis mais vulgares, menos
infalíveis.
Herdeiros de Atlântida é o primeiro tomo de uma série, com cada
parte encerrando uma aventura, uma missão. Velhas perguntas
serão respondidas, à medida que outras surgirão, para então se
fecharem à conclusão do último ato.
Este livro é, sobretudo, uma homenagem aos antigos leitores, um
romance livre de oportunismos, que respeita a cronologia original,
ao passo que introduz novos conceitos. É, ainda, um tributo aos
personagens clássicos, uma forma de dar a eles o descanso devido e
ao mesmo tempo guardá-los para sempre em nossas memórias.
Olhei para o céu. Ao leste, o anil do crepúsculo havia assumido
tons carmesins, num incrível espetáculo de nuvens alaranjadas. O
sol havia nascido.
Era o início de um novo dia.
EDUARDO SPOHR, outono de 2011

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